XICO COM X, BIZERRA COM I

Sob um sol causticante de quase quarenta graus, ouvia-se, ao longe, o som de uma balada romântica bem diferente do que por ali costumeiramente se escutava, proveniente das sanfonas que habitavam aquele sertão, tocando xotes e baiões ensinados por Luiz Gonzaga. Guitarras, baixo e bateria ressoavam no lugar. Estávamos nos arredores do pé da serra do Araripe antes de aqueles meninos trelosos, que passavam o dia ensaiando, arrumarem os troços e partirem para Liverpool, em busca de dólar e sucesso. Eram conhecidos como Os Britos e moravam no Sitio Maçã Verde, de Vovô Zuza Brito – daí o nome do conjunto.

Formavam a banda o filho de Zé de Lemos, conhecido por João Lemos, Paulo Macário, sobrinho de Dr. Macário, engenheiro da RFESA, o neto de Hélrisson Relojoeiro, o Jorge de Hélrisson e o Ringo Está (assim chamado porque, em todo fim de tarde os amigos iam na casa dele convidá-lo para o ensaio da banda e gritavam: Ringo está? Como nunca estava, essa pergunta virou apelido). Naquele distante pé de serra poucos – ou quase ninguém, entendia a música que Os Britos tocavam: estranhas, esquisitas, cheias de requififes e por isso eles arribaram e foram morar na Inglaterra. Foi quando conheceram o mar e o sucesso mundial. O final da história todos conhecem. A fama e o sucesso dessa turma é de domínio público.

A prova do relato acima está nos raríssimos registros fotográficos da época em que aparecem meus 4 conterrâneos. Na primeira foto eles estão na Buchadinha de Zé Preá, Subida do Lameiro, no almoço de despedida pouco antes da viagem. Na segunda, num passeio vesperal, dia seguinte do regabofe acima referido. O jumentinho desocupado que aparece na foto é o de Praiano, filho de João da Praia – alguns o chamavam de Braiano, Empresário do grupo, que, na hora da foto, tinha ido num mato próximo se desapertar de uma dor de barriga, cantarolando música em homenagem a sua namorada Desnai, ARRASA, DESNAI, mais tarde transformada em A Hard Day’s Nigth.

3 pensou em “A SAGA DOS BRITO’S

  1. Somente a cabeça de um nordestino porreta como Xico “prá maginar um texto tão arretado quanto esse”. Obrigado Xico com X Bizerra!

  2. Quem sabe não tenha sido Xico o fotógrafo? Nesse tempo não tinham ainda inventado a ‘selfie’ e a inteligência não era artificial. Abraço ao dr Zé Paulo e ao Marcos Pontes (seria o astronauta?)

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