Não sei quem é o autor da frase: “A propaganda é a alma do negócio”. Mas, sei que escuto isso há muito tempo e é, como dizia minha Avó, “antes do cão ser menino”!
Moro no Maranhão há 38 anos. Conheço alguns municípios, por força do trabalho, mas não conheço a fundo.
Pois, sem que seja coisa consciente por parte do governo maranhense (os governantes só pensam e agem politicamente – aliás, a má política), no município de Barreirinhas tem sido divulgada e destacada a beleza que é, realmente, “Os lençóis maranhenses” – um presente da Natureza, que poderia render mais para o Estado, se fosse em outro lugar com visão melhor e mais profissional.
E aonde quero chegar?
Pois, no extremo norte do Estado existe um município com o nome de Porto Rico, com “lençóis” muito mais bonitos e privilegiados pela Natureza, que os “lençóis de Barreirinhas”. Quem quiser comprovar, visite os dois lugares e tire suas conclusões.
A diferença, é que, realmente, a propaganda é a alma do negócio.
O belo, a culinária e o atendimento
Lembro bem que, em atividade jornalística, me desloquei de São Luís para João Pessoa. Faz tempo. Fiquei hospedado num hotel que imagino não ter sido alcançado pela classificação das estrelas. Hotel simples, com tudo simples – inclusive o atendimento.
O evento que fui designado para cobrir, foi um Campeonato Brasileiro de Natação que aconteceu num clube social de nome Cabo Branco. O hotel onde fiquei hospedado (na realidade, era quase uma pousada, pois servia apenas dormida, banho e café da manhã) fica a alguns metros da praia de Tambaú – onde funciona há alguns anos, o conhecidíssimo Hotel Tambaú, esse alcançado pela classificação estelar, com quatro ou cinco estrelas.
Alcatra bovina feita carne de sol acompanhada de macaxeira cozida e queijo de coalho assado
A noite era uma criança. No pequeno hotel, os professores que acompanhavam a delegação não queriam sair e deixar os jovens atletas “largados”, pois a competição era importante para uma classificação futura. Assim, por três noites (antes de regressar) saí sozinho. Caminhava pelo calçadão da praia de Tambaú. Cansado, sentava e forrava o estômago.
Prato pedido: carne de sol feita de alcatra bovina, frita na banha suína, macaxeira cozida e generosos pedaços de queijo de coalho assado. Só comi coisa igual, quando visitei Luiz Berto no Apipucos, que nos serviu fava rajada com o pernil de um animal que não lembro mais. Até hoje lembro da fava, e fico agradecido a Dona Aline.
Pois, o turismo paraibano faz propaganda de Tambaú, mas não faz da culinária, tanto quanto o turismo baiano faz do acarajé. A comida, comi num boteco caindo os pedaços nas proximidades de Tambaú – atendimento de primeira e qualidade da comida idem.
Caranguejo Uçá cevado
No dia seguinte, um sábado, mais uma excelente surpresa: parte da delegação almoçou no Clube Cabo Branco, enquanto preferi comer algo diferente na orla marítima. Mesmo calçadão da praia, mas, agora, em quiosques mais estilizados.
Morando no Maranhão, aprendi com a cultura local, que, “caranguejo gordo”, só nos meses sem a letra “R” (maio, junho, julho e agosto). E aquele evento em João Pessoa não aconteceu em nenhum mês desses citados.
Antes de sentar para fazer o pedido do que comeria, achei estranho um tanque de cerâmica num quiosque de madeira, e fui conferir. Vi caranguejos, limpos e se alimentando. O atendente me disse que eram “caranguejos cevados”. Mandei preparar, enquanto me deliciava com a brisa do mar, sorvendo uma cerveja gelada e escutando Zé Ramalho.
Pois, só havia comido com tanta gula e prazer, quando comi a carne de sol na noite anterior e, repito, quando comi fava rajada em Apipucos, na casa do Berto. No Apipucos, em vez de Zé Ramalho, ouvi e assisti Jessier Quirino e Salvador. Diferentes, e ao mesmo tempo parecidos.
Foi a partir daí que me convenci: a propaganda é a alma do negócio.
Meu nobre José Ramos, o pirão de caranguejo quando ele está largando a pata é gostoso demais.
Luiz, confesso que, quando fiz o pedido num daqueles quiosques, não sabia o que acompanharia, pois estava ali pela primeira vez. Te confesso que veio pirão (acredito que com um pouco de dendê – pela cor do caldo). Largando a pata, não lembro. Aqui no Maranhão, a gente tem o hábito de tirar o caranguejo da panela, na primeira fervura – a carne das unhas largam com mais facilidade. Acompanha o tradicional (da terra) arroz de toucinho: pequenos pedaços de torresmos.
JR, o guaiamum frito no alho e óleo é uma iguaria que todo apreciador de caranguejo deveria provar.
Meio rara mas deliciosa.
Não posto foto porque não sei.
E essa carne de sol com queijo, que maravilha.
O Nordeste é um paraíso. Suas praias são as mais lindas do mundo. Sua comida é a mais saborosa do planeta e seu povo, o mais gentil e acolhedor do Brasil.
Viva a Paraíba!
Laudeir, eu já visitei a Paraíba em mais de uma oportunidade. Fui até Campina Grande umas cinco vezes. João Pessoa só fui nessa oportunidade, e assim mesmo a trabalho. Concordo contigo sobre a culinária nordestina. Sou cearense, mas gosto muito da culinária baiana e da paraense. A primeira (baiana) pela criatividade. A segunda pelos componentes da natureza. O atendimento é especial apenas em alguns lugares. No Maranhão é péssimo. Em Fortaleza é muito bom e bastante profissional – se você estiver sendo servido numa mesa com mais de duas pessoas, o Garçom não sai dali. Se você toma meio copo de cerveja, ele, o Garçom, por iniciativa própria, completa o copo. Se você quiser conversar intimidades com as pessoas da mesa, tem que pedir para o Garçom sair. No Maranhão, você chega, senta, e se não chamar o Garçom, ninguém te atende.
Eu já quero conhecer Porto Rico. O do Maranhão.
Outra vez eu tenho o privilégio de ler uma coluna tão bem escrita.
E agradecer por isso.
Obrigado, Zé!
Jesus, você realmente é filho de Deus! Porto Rico é uma beleza natural. Paradisíaca. Comida fata (caranguejo, siri, camarão, lagosta, sururu, sarnambi, tarioba) e muita diversidade de peixes do mar. Não existem hotéis. Pousadas simples e um povo (principalmente o que atende) muito hospitaleiro. O que torna um pouco difícil – talvez por isso seja esquecido – é o acesso. Mas, há como chegar e sair, sim!
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