Leandro Ruschel
Maduro, o carniceiro de Caracas — que censura, persegue, prende, tortura e mata opositores para se manter no poder — “tomou posse” para mais um mandato, depois de fraudar descaradamente as últimas eleições.
A trajetória da Venezuela é bastante instrutiva. Chávez chegou ao poder pelo voto, apresentando-se como um “social-democrata” moderado, e muitos “idiotas úteis” acreditaram. Assim que assumiu, tratou de aparelhar os Poderes e as Forças Armadas.
Quando a parte sadia da sociedade se revoltou e tentou retirá-lo do poder, o movimento foi tachado de “golpe”. Chávez acabou reconduzido ao cargo com o apoio decisivo do Brasil, então presidido por Fernando Henrique Cardoso.
Dali em diante, a ditadura avançou rapidamente. O preço alto do petróleo sustentou a distribuição de bolsas sociais, basicamente comprando votos. Em paralelo, as bases econômicas foram devastadas por meio de confisco de propriedades, estatizações e intervenções cada vez mais profundas, até destruir a iniciativa privada.
Como quase sempre acontece nas primeiras fases de revoluções socialistas, houve uma aparente melhora nas condições de vida da população mais pobre, graças à distribuição dos recursos tomados dos mais ricos. Quando o dinheiro dos outros acaba, não há quem produza riqueza, e a pobreza fica muito maior do que antes da revolução, enquanto apenas os membros do partido enriquecem.
Quando o povo se revoltou contra a crescente miséria, já não havia instituições democráticas funcionais. As eleições foram sistematicamente fraudadas, e o regime se fortaleceu com o apoio dos militares. Opositores foram brutalmente reprimidos. No processo, aparelhou-se completamente a Suprema Corte. O Congresso foi fechado, e suas funções passaram à própria Suprema Corte, até que se realizasse uma nova eleição, igualmente fraudulenta, garantindo ao regime o controle completo do Legislativo.
A República se tornou um simulacro. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário, além das Forças Armadas, são controlados com mão de ferro pelo grupo no poder. Não há mais liberdade de expressão, tampouco Estado de Direito. Quem ameaça o regime é tratado a tiros.
Nesse período, a destruição econômica se intensificou, resultando na maior crise humanitária da história da América Latina. A ONU estima que 8 milhões de venezuelanos deixaram o país, o que equivale a cerca de um quarto da população — como se 50 milhões de brasileiros emigrassem. Dos que ficaram, 95% passaram a viver abaixo da linha da pobreza, dependendo de quem fugiu para suprir necessidades básicas, como comida e remédios.
Ao mesmo tempo, membros do regime se envolveram em atividades criminosas, como tráfico de drogas e armas. A corrupção é endêmica. O braço direito de Maduro, Diosdado Cabello, lidera o principal cartel de drogas do país. Além disso, o governo venezuelano se aproximou das piores ditaduras do mundo, como a do Irã, que hoje utiliza a Venezuela como base avançada para suas operações contra inimigos, a exemplo dos EUA.
Nada disso foi mero acaso ou apenas mais uma “falha” do socialismo. O objetivo de qualquer regime socialista é destruir a sociedade para controlá-la; afinal, é mais fácil dominar um povo na miséria.
O próprio Chávez reconheceu a importância do Foro de São Paulo — fundado por Lula e Fidel Castro — para sua chegada ao poder e consolidação do regime. Lula e o PT sempre apoiaram o chavismo, mesmo depois de comprovado seu caráter totalitário, da mesma forma que apoiaram a ditadura cubana.
A aliança permanece até hoje. Uma alta dirigente do PT ocupa a secretaria-executiva do Foro de São Paulo, e a presidente do partido declarou apoio ao regime chavista mesmo após a última fraude eleitoral. Ontem, essa dirigente petista, que está em Caracas para a “posse” de Maduro, afirmou:
“Esse é um momento histórico em que o povo venezuelano toma em suas mãos a sua soberania e a sua libertação, com a posse do presidente Maduro.”
Enquanto ela proferia essas palavras, a líder da oposição era sequestrada pelo regime.
Vale lembrar que o primeiro ato de Lula como presidente foi estender o tapete vermelho para Maduro no Palácio do Planalto. Embora hoje ele simule certo distanciamento para evitar desgaste, não deixa de enviar diplomatas à “posse” de Maduro, legitimando a farsa da sua reeleição.
Fica claro qual “democracia” o PT e grande parte da esquerda brasileira almejam: uma brutal ditadura. Que a história recente da Venezuela sirva de alerta aos incautos que ainda enxergam no PT uma força “democrática”.