PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

A Passiflora, flor da Paixão de Jesus,
Conserva em si, piedosa, os divinos Tormentos:
Tem cores roxas, tons magoados e sangrentos
Das Chagas Santas, onde o sangue é como luz.

Quantas mãos a colhê-la, e quantos seios nus
Vêm, suaves, aninhá-la em queixas e lamentos!
Ao tristonho clarão dos poentes sonolentos,
Sangram dentro da flor os emblemas da Cruz…

Nas noites brancas, quando a lua é toda círios,
O seu cálice é como entristecido altar
Onde se adora a dor dos eternos Martírios…

Dizem que então Jesus, como em tempos de outrora,
Entre as pétalas pousa, inundado de luar…
Ah! Senhor, a minha alma é como a passiflora!

Afonso Henrique da Costa Guimarães, Ouro Preto-MG (1870-1921)

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