XICO COM X, BIZERRA COM I

Ela não foi. Ficou de ir e não foi. Sequer mandou alguém em seu lugar: melhor assim. Esse alguém talvez nem curtisse as cantigas do Chico, tampouco gostasse de sorver uma cerva bem geladinha. Só sei que a danada não foi. Ou seja: meu amigo estragou água morna e sabão, gastando-os em banho tão demorado. Se seus dentes resistiriam a mais um dia sem escovação, para que escová-los, gastando pasta e escova? Pia e pratos bem que poderiam ficar sem lavar: far-se-ia isto depois, com calma. Tudo em vão … Mas tudo bem. Vai ver o UBER ‘farrapou’ ou a babá que ficaria com seu filho adoeceu. Vai ver ela torceu o pé ao descer a escada ou engasgou-se com o cuscuz, borrou o batom e deu-lhe preguiça de se ‘rebatonzar’ …Terá tido uma dor de barriga? Ou o calo do mindinho voltou a doer? Talvez tenha ido a um chá de caridade e esqueceu a caridade que iria fazer. Não sei a razão. Sei que ela não foi. Apenas busco desculpas para desentristecer meu amigo. – Liga não, – disse-lhe – aproveita e deixa perdido o desodorante que se perdeu. Melhor assim. Quem sabe dona Solidão, que ‘tá já chegando ou já chegou, goste do cheiro dele do teu sovaco, se abanque por aí e dê fim ao teu já tão pouco sossego? A gente nunca sabe: a solidão é esquisita, tem uns gostos tão estranhos …

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2 pensou em “A MULHER QUE NÃO FOI

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