Leandro Ruschel
Estadão denuncia regime autoritário que ajudou a colocar de pé
É preciso lembrar: o Estadão foi o primeiro grande veículo de circulação a criar uma lista negra de “bolsonaristas” que deveriam ser proscritos.
Foi com base nessa lista que a CPMI das “Fake News” iniciou a perseguição, passando o material para o Supremo, no inquérito em que ministros aparecem como vítimas, investigadores e julgadores.
Nesse inquérito, mais de 400 pessoas já foram alvo de procedimentos como quebra de sigilos, busca e apreensão, censura prévia de perfis na Internet, bloqueio de contas bancárias, cancelamento de passaportes e prisões, num processo típico de regimes totalitários. Na esmagadora maioria dos casos, o “crime” foi fazer críticas ao regime.
Também fica claro que apenas um lado do espectro político é alvejado. A esquerda está livre para cometer os mesmos “crimes” que levam conservadores à prisão. Ou seja, trata-se claramente de perseguição por conta de crenças pessoais, algo que o direito internacional trará corretamente como crime contra a humanidade.
A investigação, acusação, julgamento e condenação das pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, nos atos do dia 08 de janeiro segue o mesmo padrão: processos nas mãos de um ministro, desrespeitando o direito constitucional ao juízo natural, sem acesso às cortes revisores. O direito de defesa é quase nulo, em que mal os defensores têm acesso integral aos autos. As decisões e punições são duríssimas e apresentadas em prazo recorde, em que não há, na prática, a possibilidade de apelar. Resumindo, não há nem sombra do devido processo legal.
Tudo sobre aplausos da militância de redação, incluindo aí o Estadão, que ENVERGONHA a sua própria história de luta contra regimes autoritários, como o de Vargas, em que os donos do jornal chegaram a ser presos.
Agora, o jornal faz tênue crítica, para tentar manter a imagem de isenção. Não cola. O Estadão, junto com outros grandes veículos da “imprensa” serão para sempre lembrados como figuras chave na implementação de um regime totalitário no Brasil, sob governo do descondenado que eles ajudaram a colocar no poder.
O Estadão me faz lembrar
Bertolt Brecht (1898-1956)
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
O PT e as esquerdas não vão ter dó dos isentões que os puseram no poder
— Martin Niemöller, um pastor luterano também escreveu algo parecido
“Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado — porque não era socialista.
Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado — porque não era sindicalista.
Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado — porque não era judeu.
Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia mais ninguém para me defender.”