DEU NO JORNAL

Leandro Ruschel

É impossível entender a expressão “defesa da democracia” sem saber o que ela significa para quem tem utilizado o termo na justificativa de todo tipo de arbitrariedade.

Há poucos dias, assisti, pelo Youtube, a uma palestra ministrada na FFLCH, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, uma espécie de Meca da esquerda, por dica da Steh Papaiano.

O propósito do evento era avaliar os protestos de junho de 2013, e fazer uma defesa do movimento, acusado por parte da esquerda de ter despertado a marcha “fascista” que culminou com a eleição de Bolsonaro em 2018, e à “tentativa de golpe” em janeiro deste ano.

De início, chama a atenção o uso de uma bandeira do PSOL no evento, deixando claro como a esquerda aparelhou completamente as universidades públicas, bancadas pelo dinheiro do pagador de impostos, servindo agora ao propósito de produzir militância de extrema-esquerda, e não conhecimento.

Resumindo, os protestos de 2013 são tratados como eventos revolucionários, que tinham como objetivo a derrubada do sistema e a instalação de uma ditadura de esquerda. O fracasso do movimento foi atribuído principalmente ao PT, tratado pelos participantes do evento como um partido que traiu a causa, e virou um instrumento do próprio sistema para “manter a opressão do povo”.

Uma das ativistas resumiu a visão que essa gente tem da democracia:

“não há democracia enquanto houver divisão de classes e opressão”.

Em outras palavras: a verdadeira “democracia” só será alcançada com a revolução marxista. É por isso que a Venezuela e Cuba são tratados pela esquerda como a expressão máxima da “democracia” na América Latina, enquanto o Chile, o país mais desenvolvido do Continente, com os melhores indicadores sociais, é tratado como exemplo de sistema capitalista “opressor”.

Para essa esquerda, o PT seria uma espécie de “mal necessário” no momento, mas que não representa mais esse ideal revolucionário.

Por sua vez, petistas não se enxergam como representantes do estamento burocrático, mas sim revolucionários, em busca da almejada “democracia”.

Já os tucanos, seus irmãos siameses, acreditam na social-democracia como um caminho para a instalação de uma sociedade “sem classes”. Como disse FHC certa feita, em relação ao PT:

“não temos diferenças de objetivos, apenas de meios”.

De qualquer forma, tucanos, petistas e psolistas, e até mesmo isentões, tirando raras exceções, concordam hoje na necessidade de ACABAR com as liberdades individuais para CRIMINALIZAR a direita, deixando suas disputas internas de lado para combater um inimigo em comum.

Em outras palavras, neste momento, são TODOS revolucionários, aceitando a premissa da “democracia” possível apenas com a esquerda no poder, ou seja, na implementação de uma ditadura.

A única diferença entre eles está no campo econômico: enquanto psolistas apresentam uma visão marxista clássica de derrubada do capitalismo, petistas aceitam um capitalismo de estado, ao estio chinês, enquanto tucanos acreditam na possibilidade de alcançar a “igualdade de classes” através de políticas redistributivas, amparadas por uma economia mais livre.

É exatamente esse o momento que o país vive, e quando integrantes da esquerda falam em “defesa da democracia”, o que eles estão defendendo é a consolidação de uma ditadura de esquerda.

É por isso que a militância de redação trata com naturalidade um julgamento político para deixar inelegível o principal líder da direita, a continuidade de inquéritos ilegais, abertos há anos, para censurar e perseguir centenas de políticos, empresários, influenciadores e jornalistas não alinhados, e até mesmo o fechamento de veículos de imprensa que ousam questionar o regime.

Na sua cabeça, tudo faz parte da “defesa da democracia”, assim como Nícolas Maduro “defende a democracia” na Venezuela.

Mesmo os militantes de redação que são avessos ao modelo venezuelano acreditam que a atual onda de censura e perseguição é necessária para combater “a ameaça maior”.

Resumindo, o projeto de “democracia” da esquerda para o Brasil é a implementação de uma DITADURA, o que está ocorrendo bem diante dos nossos olhos.

Um comentário em “A “DEFESA DA DEMOCRACIA”

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