Imagem do filme quando saiu em DVD
A cinebiografia de Margaret Thatcher da diretora britânica Phyllida Lloyd, com Meryl Streep numa interpretação memorável, impagável, inesquecível de A Dama de Ferro, se utiliza da velha forma de apresentar a protagonista já idosa e, a partir de suas lembranças, exibir seus feitos do passado, com flashbacks não sequenciais da personagem. Uma tática explorada à exaustão no cinema.
Antes de se posicionar e adquirir o status de verdadeira Dama de Ferro na mais alta esfera do poder britânico, Margaret Thatcher (Meryl Streep) teve que enfrentar vários preconceitos na função de primeira-dama do Reino Unido em um mundo até então dominado por homens. Durante a recessão econômica causada pela crise do petróleo no fim da década de setenta, a líder política tomou medidas impopulares, visando à recuperação do país. Seu grande teste, entretanto, foi quando o Reino Unido entrou em conflito com a Argentina na conhecida e polêmica Guerra das Malvinas. Eventos como os confrontos com os trades unions (os sindicatos britânicos), também foram relevantes para sua biografia, mas foram esquecidos no filme..
Lançado em 2012, A Dama de Ferro é a biografia cinematográfica desta figura magna, controversa, que foi chefe de estado de 1979 a 1990, e era conhecida por seus posicionamentos firmes e inflexíveis, não por ser uma megera horrível, mas porque precisava se impor dentro do universo masculino. O grande triunfo da produção foi ter escolhido Meryl Streep para interpretar a personagem principal, uma atuação que lhe valeu, por mérito, o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta de Melhor atriz em 2012.
No roteiro de Abi Morgan, a trama segue a estrutura tradicional de transitar entre o presente e o passado da vida da Baronesa Thatcher. Neste caso, há um interessante dado biográfico que justifica algumas transições de cena e tempo: Lady Thatcher estava senil, apresentando sinais de demência nos últimos anos. A primeira cena do longa-metragem apresenta uma idosa de lenço na cabeça comprando uma garrafa de leite, caminhando por uma Inglaterra que ela desconhece, em um misto de confusão mental e de uma país que não mais lhe pertence. A imagem pontua bem o distanciamento da primeira ministra nos últimos anos de vida.
É nas idas e vindas entre passado e presente que Meryl Streep e Jim Broadbent brilham. Mesmo em poucas cenas, o velhinho Denis conquista pelo carisma, demonstrando o companheirismo da relação com Thatcher e, em nenhum momento é eclipsado pelo talento de Steep, sem dúvida a grande estrela que brilha neste filme.
Parte do sucesso desta interpretação se deve à maquiagem esmerada da também vencedora do Bafta e Oscar, Marese Langan, que não só a transformou em uma Thatcher mais jovem como desenvolveu uma maquiagem realista para a velhice, dando total credibilidade física à personagem. Enquanto Streep compõe a personagem desde sua postura, na velhice curvada e com dificuldades de andar, para a forte senhora de passos firmes do parlamento.
Definitivamente não é uma obra prima. No entanto, para quem acompanhou um pouco da história no período em que Margaret Thatcher foi primeira ministra, o filme tem a virtude de manter a atenção do público. A excelente interpretação de Meryl Streep com certeza é o ponto alto.
Quanto a forma de apresentar a primeira ministra, não estou certo de que seja a melhor. Partindo de sua senilidade e intercalando trechos da história da premier, de alguma maneira, o filme deixa nublada a extensão de sua influência, ao deixar de fora a possibilidade de discutir os pontos de vista que a fizeram tão controversa.
a) “A DAMA DE FERRO” – Trailer Legendado Full HD
b) Crítica: A Dama de Ferro