PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Ontem, Cigarra, quando veio a aurora,
acordei a vibrar com a tua vinda.
A tua voz tinha, de espaço fora,
notas tão claras que eu a escuto ainda.

Glorificando a luz consoladora,
cantaste, e enfim tua cantiga é finda.
Tenho nas minhas mãos, inerte agora,
teu corpo cor de mel. Cigarra linda.

Foste feliz, porque te deram esta
garganta de ouro. Assim, de palma em palma,
passou, num sonho, a tua Vida honesta…

Vendo-te, os meus sentidos se levantam,
esperando a cantiga de tua alma,
que as almas das Cigarras também cantam…

Olegário Mariano Carneiro da Cunha, Recife-PE, (1889-1958)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *