Em 1990 fui ao Teatro Guararapes assistir ao show de Taiguara. O teatro estava quase vazio, acho que no máximo umas 80 pessoas. Taiguara tinha vários sucessos (“hoje a minha pele já não ter cor, vivo a minha vida seja onde for, hoje entrei na dança e não vou sair…” ou “hoje, as minhas enfraquecidas e vazias, procuraram nuas pelas ruas pelas tuas”). Taiguara fez um resumo da sua vida, era uruguaio, mas se considerava “brasilguaio” e começo a falar sobre o regime militar no qual ele teve musicas proibidas. Na plateia um cidadão diz “Taiguara! Eu vim até aqui achando que valia a pena lhe ver cantar. Prefiro ir embora a ouvir tanta baboseira”. Enquanto ele saia, Taiguara falava que ele deveria ter se indignado com o regime, etc… e naquela época era filiado ao PT, mas acabei indo embora também porque o show estava uma merda.
Bom, eu faço esse preâmbulo dizendo que uma das musicas de Taiguara que eu gosto é “Que as crianças cantem livres”. Um trecho da letra:
Vê como o asfalto é teu jardim se você crer
Que há um sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem em sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou
O amanhã é seu, o amanhã é seu, o amanhã é seu.
“Que as crianças cantem livres sobre os muros”. Reparem como a dualidade é impressionante. No passado, o desejo pelo futuro das crianças era uma meta a ser atingida com a redemocratização e agora, num ambiente dito democrático, a presença das crianças acompanhando seus pais em atos públicos é objeto de denúncia junto ao Conselho Tutelar. Caetano Veloso gravou uma música que diz “é proibido proibir”, mas inúmeros artistas, jornalistas, etc. se calam diante dos atos de censura imposta pela justiça, nas mais altas cortes. A criança que veste verde-amarelo deve cantar livre? Ao que parece, não. Vestir verde-amarelo é ser integrante de uma horda perigosa de pessoas que praticam atos antidemocráticos. Assim entende nossos guardiões constitucionais.
O resultado das eleições de 2022 colocou o Brasil na descida da montanha russa e em direção a um abismo terrível. As declarações do candidato eleito sobre relaxamento no teto dos gastos já provocou reação pública de economistas (Armínio Fraga, Pedro Malan) que declararam apoio em Lula. O mercado já entendeu que comprou gato por lebre. A imprensa vai entender o que é controle das mídias sociais a partir de janeiro. Espaço para arrependimento? FODA-SE. Se chegar perto de mim com esse papo, mando pra puta que pariu.
Entre 2018 e 2022, com pandemia e tudo, o Brasil solidificou um crescimento econômico baseado em controle fiscal, combate a inflação e política cambial. Paulo Guedes, no dia 02/01/2018, mostrou como reduzir a dívida pública: privatizações, concessões e reformas (previdenciária, administrativa – duvido que esta reforma passe mais – tributária) e provavelmente deverá chegar aos 77% do PIB em 2022. Numa única declaração do presidente eleito já se estima que a dívida chegue a 97% do PIB. A PEC da transição tirará em quatro anos, dez anos de economia obtida com a reforma da previdência.
É lamentável que não tenhamos conseguido defender a economia que estava dando certo. Agora, o que tem que ser feito é reestruturar os ideais. Cuidar para que o capital humano dessas crianças que surgiram em tantas manifestações não se perca. Daqui a 10 anos alguns deles já serão eleitores e estarão se preparando para entrar nas universidades federais, aonde o veio que corre no leito é da doutrinação. Irão de deparar com professores do tipo de Monique Emer, de Caxias do Sul, que disse “Da direita, quantos mais morrerem de covid, melhor” e precisarão de apoio para escolher corretamente de que lado vai ficar.
Acho que a maneira que temos de desviar o Brasil do fundo do poço, é fortalecendo o conhecimento dessas crianças que devem cantar livres. Ou isso só vale se a criança tiver uma foice e um martelo na mão?
Estimado professor Maurício Assuero,
Fica difícil de acreditar que um magricela feito Caetano Veloso, nos anos setenta, tenha composto e cantado é Proibido Proibir, contra o Regime Militar.
Hoje, o dinheiro ganho fácil das tetas da Lei Rouanet o deixou arrogante e intragável. A criação do Procure Saber é a mais pura excrescência.
Caetano e seus satélites (Milton, Gil, Djavan, Bethania, Marisa Monte, Chico, dentre outros percevejos do dinheiro público), há muito deixou de criar e cantar e encantar, para mamarem na vaca do erário público. Daí seus apoios a uma figura asquerosa e psicopata como o filho de Caetés.
Lula ter nascido no Brasil é a maldição de Satanás sobre os homens de bem.
Quanto à Monique Emer, de Caxias do Sul, essa já carrega em si o recalque de uma figura detestável por si própria por ser feia e rejeitada por si própria.
Abraçaço e parabéns.
Pois é Cícero, mas atribuem a ele a autoria dessa música. Pode ser que seja igual a autoria de Berto na música Socorro me socorreu.