PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

O áureo malho do sol bate na incude
Da rocha estriada de malacachetas,
E mil faíscas, nesse embate rude,
Se desprendem das rútilas facetas.

Sem uma sombra amiga que as escude
Contra a soalheira, que abre o chão em gretas,
Buscam sedentas o longínquo açude
Vacas ossudas de engelhadas tetas,

É de ouro fulvo a grama ressequida;
A estrada poenta, em sinal de viga
Para os sertões intérminos se alonga…

E na mudez da abóbada infinita
Ouvi: parece que é a luz que grita
No tinido estridente da araponga.

Colaboração de Pedro Malta

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