Jair Bolsonaro condenado a mais de 27 anos de prisão, ou seja, por ter mais de 70 anos de idade, trata-se na prática de prisão perpétua para o ex-presidente. Tudo isso pelo “crime” de não ter se corrompido, não ter se lambuzado no sistema. À exceção do voto técnico de Luiz Fux, o que se viu foi um show trial, o espetáculo medonho, um circo de horrores.
Crime: o réu se reuniu com embaixadores! Evidência de culpa: não comparecer na troca de comando da Marinha! Tudo não passava de narrativa fajuta. O golpe sem empenho de arma, a menos que um extintor de incêndio usado para quebrar um relógio seja considerado uso de arma…
No dia anterior ao voto de Cármen Lúcia, escrevi no meu X: “Não é preciso ter bola de cristal para antecipar o voto de Cármen Lúcia: eivado de frases de efeito, de palavras de ordem e de retórica feminista, não vai rebater um só argumento jurídico do colega Fux, o juiz da turma. E será reverenciada pela velha imprensa por isso…” Acertei até a cartada feminista, mas não vou me gabar: era previsível demais!
A urna é sacrossanta, é do POVO, diz Cármen Lúcia; ironicamente, boa parcela do POVO desconfia da urna. Mas são 213 milhões de pequenos tiranos, irrelevantes para a democracia. Todo o truque supremo consiste em deliberadamente confundir crítica com ataque às instituições. Mas repare na contradição: não são as instituições sendo julgadas, mas as pessoas, diz Cármen Lúcia. Curiosamente, se você critica pessoas do STF, você esta “atacando a instituição”…
Após o voto técnico do juiz Fux, os quatro sofistas sentiram, e ficaram todos trocando figurinhas para excluir o colega, para rebatê-lo com indiretas; só não conseguem rebater seus argumentos técnicos. Isso ficou faltando. Mas teve até voto do advogado do Lula! Ninguém ali é suspeito, nem o ex-ministro lulista que comparou Bolsonaro ao demônio…
Barroso apareceu na Corte para gozar com os colegas: “Derrotamos o bolsonarismo!”. Alexandre de Moraes condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão pelo “crime” inventado de golpe de Estado. O país está todo invertido. É o faroeste à brasileira. É um exercício hercúleo manter a esperança no Brasil. Mas a esperança é a última que morre…
Temos a expectativa de que a cavalaria americana fará alguma coisa. O secretário Marco Rubio se manifestou com firmeza: “As perseguições políticas pelo abusador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, pois ele e outros na Suprema Corte do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”.
Enquanto condenavam homens decentes a quase 30 anos de prisão por crimes inventados, os ministros faziam piadinhas uns com os outros. A cara do Brasil podre! As pontuações de Fux na dosimetria serviram para escancarar que estão condenando homens inocentes. Mas não importa: o importante é a vingança do sistema!
“Nunca vi um juiz decretar punições em julgamentos criminais feliz”, disse Flávio Dino. Ora bolas! Estavam todos eles rindo, felizes da vida. Condenamos inocentes a quase 30 anos, mas vamos fazer piadinhas futebolísticas… Eis o resumo da ópera bufa: “Nós derrotamos o bolsonarismo”.
O editorial da Gazeta do Povo resumiu bem o dia triste desta quinta: “Trata-se da etapa final da institucionalização da violação do devido processo legal no Brasil. É o ápice da transformação de um tribunal, que deveria ser guardião das garantias fundamentais, em mero palco de justiçamento político”.