CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Azulejo de majólica italiana. (Stock)

Durante breves instantes com uma cidadã de nome Alimonda, lembrei-me que fiquei devendo complementos “alimondícios” ao meu amigo Philippe Gusmão, leitor pernambucano radicado no Rio de Janeiro, que desejava informações sobre um filme caseiro onde apareciam seu pai com um grupo de jovens – os Alimonda – na década de 1950. Mas não consegui.

Há poucos dias, em prosa informal e quase instantânea com moça bela e jovial, num balcão de loja, cujo nome próprio é Alimonda Teresina de Melo Morais, indaguei a origem de nome tão diferente,

Ela me disse que seu nome tinha sido uma “invenção” de seu pai, que trabalhara muitos anos em fábrica afogadense, uma indústria de sabões e óleos vegetais, a Alimonda e Irmãos S.A., no Recife.

E completou informando que ele fez uma espécie de promessa consigo mesmo, para elogiar a primeira filha com o nome da família dos seus patrões, amigo que fora do Dr. José Paulo Alimonda, descendente de italianos.

Mas, para completar a ânsia de sua mãe – continuou a moça – desde os tempos de solteira, quando desejou que constasse, também, na Certidão de batismo, o nome de Teresina, sua terra natal, capital do Piauí.

Conclusão: acabou por ser a moça, de certo modo, incomodada durante seus 28 anos de vida, com uma chatice, aquelas bem cabulosas mesmo, de se ver obrigada a dar explicações às indagações, que eram frequentes, face à originalidade do seu nome.

Todas as vezes que teve de anunciar seu nome para algum cadastramento verbal, havia uma complicação, porque alguém escrevia: Terezinha, tendo ela o dissabor de retocar, informando que, além de ser Teresina, seu nome deveria se escrever com “s” e não com “z”.

A mesma jovem, coitada, em casos especiais, completava a dúvida citando que seu nome de batismo havia sido uma “invenção” de seu pai, por isso foi batizada como Alimonda.

Havia, ainda, quem perguntasse se estava ligada à família Alimonda, dona da fábrica de sabões e óleos vegetais, que existira no bairro dos Afogados.

Mas, como se diz no vulgo, “no fundo, o buraco era ainda mais embaixo”… Seu Morais, pai da moça, desejava batizar a filha com um nome incomum e para atender à esposa, a “pobrecita” saiu da pia batismal com uma Certidão capaz de chateá-la durante todos os anos de vida: Alimonda Teresina.

E para recordar a emblemática amizade de seu pai com os Alimonda, a moça, ao construir sua casa, afixou no alto da fachada uma peça de azulejo de majólica, faiança italiana do Renascimento, inspirada na tradição hispano-mourisca.

Mas continuo tendo que responder aos visitantes, não apenas o que significava aquele emblema em azulejo. Aí lá vinha toda a história novamente.

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