WELLINGTON VICENTE - GLOSAS AO VENTO

Este colunista à beira do Rio Madeira. Porto Velho, Rondônia

* * *

Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

Mote de Marconiza

Quando saí do Sertão
Há muito tempo passado
Mamãe me deu como agrado
Um saco de algodão
Cheio de recordação
Do meu velho Cabrobó
A bênção da minha vó
Desviou-me do buraco
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

Trouxe meu velho pandeiro,
Uma peixeira, um anel,
Um folheto de Cordel,
Patuá de benzedeira,
O meu pião, a ponteira,
A carrapeta, o bozó,
Cachaça no mororó
Pra quando tivesse fraco
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

Trouxe a pedra de amolar,
A foto de Padim Ciço,
Reza de quebrar feitiço
(No caso de precisar).
Ainda pude lembrar
Dum disco de Matricó *
Um bilhete do xodó
Tinha também no bisaco
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

*PAULO MATRICÓ, poeta, cantor e compositor nordestino.

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