E tudo está na mesma, tudo igual.
Tudo fala de ti a cada passo.
– Caminhos que eu andei pelo teu braço,
andorinhas a rir sobre o beiral…
O que eu gostei de ti? Era um cristal
a minh´alma. Depois um embaraço.
Amargura mudada num cansaço,
e o nosso amor findou, triste e banal.
Faz-me saudades tudo o que dissemos.
É sempre bom aquilo em que nós cremos.
Eu cri numa mentira. Sou mulher…
Ai o que nós dissemos! Que ansiedades!
Mas sobretudo, amor, tantas saudades
do que nunca chegamos a dizer!
Virgínia Vitorino, Alcobaça, Portugal (1895-1967)
Eu cri numa mentira. Sou mulher…
Isso resume o que era Virgínia Vitorino, uma poetiza que vivia do sofrimento do que não vivera.
Afinal era um palácio de cristal.
Tudo uma frágil ilusão.