ALEXANDRE GARCIA

Celso Sabino ministro do Turismo

Ministro Celso Sabino é do União Brasil, partido que deixou a base do governo Lula

Acho que o ministro do Turismo, Celso Sabino, vem declamando aqueles versinhos: “Não sei se fico ou se vou. Não sei se vou ou se fico. Ficando, sei que não vou. Indo, sei que não fico”. Ele entregou o pedido de demissão no dia 26 de setembro. Agora, não sabe se vai pedir para Lula desconsiderar o pedido de demissão ou não. Nesta terça-feira, seu partido, o União Brasil, se reúne para decidir se ele será expulso se ficar no governo, ou o que mais pode lhe acontecer

Há uma carta – eu não sei quem tomou a iniciativa, certamente não foi em causa própria – de parte da bancada do União Brasil na Câmara, 46 de 59 deputados, pedindo que ele não seja expulso e que ele permaneça como ministro do Turismo. Então, é carta para lá, carta para cá, isso me lembra daquela outra carta, que Dilma havia mandado o “Bessias” entregar para Lula, nomeando-o ministro da Casa Civil para ele não ser preso. E aí ele termina o telefonema dizendo “Tchau, querida”, que acabou virando título de um livro de um ex-presidente da Câmara.

Isso ficou ridículo: a pessoa se apega a um cargo de simples auxiliar do presidente da República, quando o cargo muito maior, muito mais nobre, é aquele no qual está representando 142.326 eleitores que ele deixou na mão, traindo a procuração do voto ao aceitar um cargo no governo. Celso Sabino não foi escolhido por 142.326 paraenses para ser ministro; ele foi escolhido para ser o representante deles na Câmara Federal. Eu repito isso porque essa é uma questão de cultura política, do contrário nunca iremos resolver os problemas desse país. A representação é um deles: os representados são simplesmente traídos, deixados para trás. O próprio Eduardo Bolsonaro, quando queria ser embaixador em Washington, deixaria para trás 1,8 milhão de eleitores de São Paulo.

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STF está transformando piada em crime

A Primeira Turma do STF confirmou que Sergio Moro é réu de um crime de calúnia praticado em 2022 – ou seja, ele nem tinha sido eleito senador. Normalmente, o processo continuaria depois que ele voltasse a ser uma pessoa sem mandato, ou então ficaria na primeira instância. Mas a denúncia está no Supremo, e ninguém perguntou ao Senado se ele poderia ser réu ou não.

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Gilmar Mendes critica lei portuguesa e acha que pode enfrentar Magnitsky

Não sei o que houve com o ministro Gilmar Mendes, sempre é tão cuidadoso, mas que se descuidou feio lá em Portugal. Ele resolveu dar lição de moral para o governo português, dizendo que a legislação de imigração tem de ser mudada urgentemente porque é caótica, desorganizada. Será que ele está pedindo para se tornar persona non grata? O Chega!, que é a segunda força na Assembleia da República, já se pronunciou. Eu não entendi o descuido do ministro, que tem interesses em Portugal. Ele devia estar muito cansado na hora em que fez essa manifestação, em mais um evento em Lisboa.

Aqui, no Brasil, Gilmar falou em criar uma “lei anti-Magnitsky”. Eu não consigo entender. Essa lei valerá nos Estados Unidos? É ele quem vai criar a lei? Mas ele não é legislador; ele é juiz, decide sobre a aplicação ou não da Constituição, se as leis são constitucionais ou não. Fazer leis, quem faz é o Congresso. E não adianta fazer uma “lei anti-Magnitsky”, porque ela só vai vigorar aqui enquanto a Lei Magnitsky vigora nos Estados Unidos. Ela atinge os interesses nos Estados Unidos de instituições que tiverem ligação com os sancionados, como Alexandre de Moraes. Bancos que tiverem interesses nos EUA e que mantiverem contas de Moraes, por exemplo, serão afetados apenas lá nos Estados Unidos. Não poderão mais operar por dólar, fazer transferências etc. Mas a Magnitsky não vigora aqui.

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Enquanto Brasil alivia para a Odebrecht, outros países investigam

Outro dia contei que a Justiça argentina está atualizando as propinas da Odebrecht na obra ferroviária de Belgrano, para o governo Kirchner. Os norte-americanos também estão desenterrando provas. Primeiro foi o Peru, onde o governo brasileiro mandou um avião para resgatar uma ex-primeira-dama condenada por receber dinheiro da Odebrecht; agora, os Estados Unidos. Ficou vexatório para o Brasil ter anulado tudo isso.

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