JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Iara Iavelberg nasceu em 7/5/1944, em São Paulo. Psicóloga, professora e militante da Organização Revolucionária Marxista Política (POLOP) do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organizações de oposição armada em combate a ditadura militar instalada no governo do Brasil em 1964.

Filha de Eva e David Iavelberg, tradicional família judia paulistana, teve os primeiros estudos em São Paulo e ingressou na Faculdade de Psicologia da USP em 1964. Casou-se muito cedo, aos 16 anos, com um médico, mas logo separou-se e passou a participar da militância política. Neste ambiente manteve diversos relacionamentos amorosos, pois era bonita e virou musa da juventude estudantil paulista. O líder estudantil José Dirceu foi um de seus namorados. Vaidosa, era capaz de sair de um “aparelho”, enquanto vivia na clandestinidade, para cortar os cabelos nos melhores salões de Ipanema.

Em 1969, atuando no MR-8, conheceu Carlos Lamarca pouco depois que ele desertou do exército. Foi uma paixão fulminante e o casal era um dos mais procurados na época. Suas fotos, com a legenda “Procura-se”, logo foram fixadas em diversos locais do País. Foram viver juntos e passaram 10 meses escondidos em diversos “aparelhos”. Uma de suas amigas, que testemunhou este relacionamento, foi a guerrilheira “Vanda’, da VPR, codinome de Dilma Roussef, futura presidente do Brasil.

No ano seguinte, teve início o treinamento militar no Vale do Ribeira, onde ela deu aulas teóricas de marxismo aos guerrilheiros. No mesmo ano, em 7 de dezembro, Lamarca liderou o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, no Rio de Janeiro, em troca da libertação de 70 presos políticos. Em princípios de 1971, boa parte das organizações de esquerda já estava desarticulada e semidestruída, e o que restou da VPR juntou-se ao MR-8. Na nova organização, Iara, mais preparada intelectualmente, teve um cargo de cúpula, e Lamarca foi rebaixado a militante de base enviado para o interior da Bahia, enquanto ela deveria se estabelecer em Salvador.

A mudança do local de atuação se deu em junho de 1971 e ela passou a viver num apartamento junto do militante Félix Escobar Sobrinho, 20 anos mais velho que ela, para que se passassem por pai e filha. Por esta época houve uma troca de correspondência ente ambos, onde Lamarca demonstrava seu profundo amor e ela recomendava-lhe pulso firme com seus companheiros para que fosse mais respeitado. Foi a partir destas cartas. encontradas pelas forças de segurança do Estado, que ela foi localizada no bairro da Pituba, conforme citado no relatório da “Operação Pajuçara”, da polícia.

A operação montada em 19 de agosto, afim de “estourar” o apartamento foi comandada pelo DOI-CODI de Salvador e executada no dia seguinte. Segundo a versão oficial ela foi morta em 20/8/1971, conforme relato da operação: “no dia 19/08/1971 foi montada uma operação pelo CODI/06 para estourar este aparelho (…). Iara Iavelberg, a fim de evitar sua prisão e sofrendo a ação dos gases lacrimogêneos, suicidou-se”. A família não aceitou esta versão da história e travou uma longa batalha para esclarecer o que realmente aconteceu.

Além de diversos impedimentos colocados pelas autoridades para evitar a exumação do corpo, a Sociedade Chevra Kadisha, responsável pelo Cemitério Israelita do Butantã, dificultou ao máximo a exumação. Finalmente, em 2003, o corpo foi exumado sob a responsabilidade do Dr. Daniel Romero Muñoz, confirmando que Iara foi assassinada: “a descrição do laudo necroscópico oficial não é compatível com suicídio” Em 1992 foi publicado o livro Iara: reportagem biográfica, de Judith Lieblich Patarrra, pela Editora Rosa dos Tempos e em 2014 foi realizado o filme-documentário “Em busca de Iara”, produzido por sua sobrinha Mariana Pamplona e dirigido por Flavio Frederico, relatando toda a trajetória de Iara e os problemas encontrados por sua família para elucidar o caso.

Iara Iavelberg foi homenageada com seu nome dado a uma praça no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro e aos centros acadêmicos de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora e Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo-USP, onde ela estudou e tornou-se psicóloga.

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  1. Organização Revolucionária Marxista Política (POLOP) do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Só isso!

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