JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Veridiana Valéria da Silva Prado nasceu em 11/2/1825, em São Paulo, SP. Proprietária de terras e administradora das fazendas da Família Prado, membros da aristocracia paulista da época. Em sua residência, o palacete na Av. Higienópolis, mantinha grandes reuniões (saraus) de intelectuais, políticos, artistas, cientistas, incluindo a família real Dom Pedro II e a princesa Isabel.
Filha de Maria Cândida de Moura Vaz e Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. O pai não queria criar uma filha submissa ao marido e desejava que seguisse os passos da mãe e da avó, que eram mulheres poderosas, empreendedoras e carismáticas. Na infância, ela podia ouvir as conversas das personalidades que visitavam o Barão no casarão da Rua Direita e acompanhava o pai nas viagens ao Rio de Janeiro e Europa.

Veridiana casou-se aos 13 anos, por imposição do pai, com seu meio-tio Martinho da Silva Prado, como forma de proteção ao patrimônio da família, mas depois separou-se e ela obteve o comando da família. Aos 15 anos teve o primeiro filho e aos 22 já era mãe de 5 filhos. Teve 6 filhos, 36 netos e 96 bisnetos. Os filhos exerceram papéis de destaque na política, nos negócios, na vida social e cultural do país, entre eles, Antônio da Silva Prado, o primogênito, que foi Conselheiro do Império, Ministro de Estado, senador, deputado e o primeiro prefeito de São Paulo do período republicano (1899 a 1911) e Eduardo Prado, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Em 1839, com a venda de suas joias, adquiriu a Fazenda de Campo Alto, em Mogi Mirim, passando a ser sócia do marido nos negócios. A fazenda tornou-se rentável e um modelo de produtividade. Além da comercialização de café, teve profunda influência na vida econômica no fim do Império e início da República. Era uma criança com muita graça, vivacidade e curiosidade. Durante o período regencial, estudou, leu muito, viajou com os pais e aprendeu inglês, francês e alemão com suas governantas. Ficou conhecida como uma mulher empreendedora com fazendas, comércio de café e dona do Jornal O Comércio de São Paulo.

Defendeu a abolição como presidente da Sociedade Redentora para libertação dos escravos, formada por senhoras da sociedade. Em 1878 separou-se do marido e manteve uma vida paralela ao ex-marido. Em 1882 foi visitar a filha em Paris e ficou encantada com a vida social, intelectual e os palacetes residenciais. No mesmo ano iniciou a construção do seu palacete no então bairro de Santa Cecília, próximo da rua que leva seu nome Dona Veridiana. Um dos mais elegantes da cidade e ponto de encontro dos intelectuais, políticos e artistas. Lá recebeu Dom Pedro II e a princesa Isabel, Luiz Pereira Barreto, Cesário Motta Jr. Diogo de Faria, Teodoro Sampaio, Joaquim Nabuco entre outros e também os negros abolicionistas Luís Gama e José do Patrocínio.

Os empregados da casa eram de origens diversas, entre eles, um índio e dois afrodescendentes, e tinha como dama de companhia uma jovem negra, que era pianista e só falava com ela em francês. O mordomo era um índio botocudo e tinha como cocheiro um homem suíço, que a levava a passear de coche durante os fins de tarde pela atual Avenida Higienópolis. Os jardineiros eram todos europeus e ela abria o jardim às crianças do bairro. A área do palacete conta com 3.500 metros quadrados de área construída e 5.000 metros de jardins, com lagos de carpas e fontes. O tombamento também contemplou as obras de arte incorporadas ao imóvel, como a pintura “Aurora” de autoria de Almeida Júnior e a escultura em mármore “Diana”, de Victor Brecheret.

O imóvel foi tombado em 2001 pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo e pelo CONDEPHAAT, em 2006, incluindo as árvores e as obras de arte, entre elas, a pintura em formato de mural “Aurora”, de Almeida Junior e a escultura em mármore de Victor Brecheret, “Diana”. Dona Veridiana faleceu em 11/6/1910, aos 85 anos. Em seu testamento, deixou diversos legados para instituições de caridade, principalmente à Santa Casa de Misericórdia. Deixou também alguns valores em títulos inalienáveis para as mulheres que cuidavam da casa e parentes sob a condição de que não poderiam dividir com seus maridos e o rendimento dos bens herdados lhes garantiria uma vida independente.

Junto ao seu testamento deixou uma carta: “A todas as pessoas a quem eu possa ter ofendido ou escandalizado, peço humildemente perdão, assim como perdoo de todo coração aos que me tenham ofendido ou caluniado”.

Um comentário em “AS BRASILEIRAS: Dona Veridiana Prado

  1. Dona Veridiana é uma típica representande do estado de SP, feito por gente que põe mãos à obra.

    Dividiu bens e conhecimento, fator fundamental para libertar pessoas,

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