Máquina Remington
Corriam céleres os anos das décadas de 40, 50 e 60. Aos trombolhões, o País marchava na direção de um crescimento. Crescimento trôpego, repito, com conhecimento.
Alguns setores cresciam mais que os outros, e a demanda de bons e capacitados profissionais era enorme. Era a necessidade daquela época – repito, de crescimento trôpego. Mas, crescimento.
Que seja do meu conhecimento, apenas duas entidades despontavam na formação dos jovens e dos profissionais como um todo: SESI e SENAI. Formação qualificada. Tão qualificada que, antes mesmo que muitos alunos concluíssem os cursos profissionalizantes, já recebiam convites para assumir os empregos – quase sempre na indústria.
Os professores dessas instituições não tinham mestrado nem doutorado. Mas tinham aprendizado, porque continuavam aprendendo na medida que ensinavam e praticavam. Diferente dos mestres e doutores dos dias de hoje – com prática zero.
Mas o tempo não ficou parado. Aquele frenesi dos anos acima citados arrefeceu. As coisas mudaram e com o passar do tempo a tecnologia começou a chegar aos poucos – SESI e SENAI já não tinham tanta importância. Foi quando apareceram as chamadas “Escolas Técnicas” e muitos dos antigos professores sem mestrado ou doutorado começaram a pegar o caminho de casa por aposentadoria.
Os anos da década de 50 chegaram “chutando a porta” com a maior força possível.
A partir de então, o jovem que não tivesse cursado o SESI ou o SENAI, só conseguiria alcançar o mercado de trabalho, se soubesse e tivesse aptidão em DATILOGRAFIA. Era a senha necessária para conquistar um emprego.
Eu, jovem saindo da adolescência, corri para a escola mais próxima, e, lá encontrei o famoso teclado, onde a primeira lição exigia a prática e o costume (sem ter o direito de olhar para o teclado – algumas escolas mais rigorosas punham uma espécie de banqueta para impedir a visão do teclado): A S D F G, as maiúsculas… ou, a s d f g, as minúsculas.
A primeira máquina de “Dactilografia” que vi e usei estudando, era a famosa (por quem ainda hoje sou apaixonado) REMINGTON. Firme sobre a mesa e em qualquer lugar onde fosse posta.
Mas, claro, existiam outras marcas de máquinas de datilografia, mas com as quais nunca me acostumei. Os apressadinhos inventaram as máquinas portáteis – das quais nunca gostei.
Máquina Olivetti
A marcha continou célere. O SESI praticamente fechou, e com o SENAI não foi diferente, pois saíram da mentalidade formadora de bons profissionais e entraram nas teóricas e desavergonhadas mentalidades políticas.
A então desconhecida datilografia chegou aos escritórios de contabilidade. Apareceram aquelas máquinas com “carros” de quase um metro – mas deixavam de lado os cálculos.
Precisavam, sempre, das informações que eram calculadas à parte.
Apareceram as “copiadoras” para substituir o tão útil “mimeógrafo” – alguns até utilizando a impressão a álcool. Mas, que precisavam passar pela datilografia.
A máquina IBM Composer
A chegada dos anos da década de 70, de tão gloriosa mentalidade esportiva do tricampeonato mundial de futebol, quando ainda éramos menos de 200 milhões de coniventes, preocupados carnavalescos, e adoradores de não sei o que, que jamais aprendemos a votar, trouxe junto a máquina elétrica por conta da IBM. O teclado permaneceu, mas a impressão passou a ser através de bolinhas removíveis de acordo com o tipo de letra desejado.
No Rio de Janeiro, anos depois de ter aprendido o ASDFG e o asdfg com prática sem precisar olhar para o teclado, aprendi, também, a usar a IBM Composer.
Hoje, querendo ou não, precisamos da automatização do PC que muitos chamam de Computador. Inventaram até um tal Notebook.
Mas, em respeito à minha memória afetiva, mantenho guardada e sempre limpa a minha Remington.