PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim! …
Milagre … fantasia … ou, talvez, sina …

Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?! …

Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minha’alma
E nunca, nunca mais eu me entendi…

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

Um comentário em “A FLOR DO SONHO – Florbela Espanca

  1. O que seria a Flor do Sonho da Poetisa?

    Seria o amor, que amor?

    Mas surgiria a florir em um muro todo em ruína, como Florbela se definia?

    Flor do sonho, onde tudo é permitido; não entendemos onde ela pode nos levar.

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