Putin e Trump se cumprimentam no Alasca, após reunião na sexta-feira (15)
Trump não gosta de guerras. É um empresário pragmático, e sabe que as guerras custam muito caro, não só em vidas como em recursos. Na reunião com Putin no Alaska, o presidente americano tentou fazer avançar um acordo de paz, e o ditador russo admitiu que não haveria guerra se Trump fosse o presidente antes. Para esse acordo de paz, a Ucrânia teria de ceder territórios, como já fez na época de Obama com a Crimeia.
Agora será a vez de os europeus se encontrarem com Trump. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, defenderam, durante uma coletiva de imprensa conjunta, que não se podem tomar decisões sobre o futuro da Ucrânia sem a participação de Kiev.
Ambos viajarão a Washington para se reunirem com Trump, na Casa Branca, acompanhados pelo chanceler alemão, Friedrich Merz; o presidente francês, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer; a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o presidente finlandês, Alexander Stubb, assim como o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte.
Olavo de Carvalho, que já pode começar a ser chamado de profeta, tinha previsto que o tabuleiro global seria ocupado por Estados Unidos e Rússia, numa crescente irrelevância europeia. Não é para menos: a Europa vive sua própria crise econômica, social e moral. Pegando carona nos gastos de defesa dos Estados Unidos, os países europeus, mergulhados na crise do welfare state e da imigração, gostam de sinalizar virtudes, mas não entregam bons resultados. O economista Marcelo Pessoa resumiu bem o conflito de interesses da Europa:
A maior ameaça militar à Europa é a Rússia. Com a guerra na Ucrânia, a Rússia se enfraquece economicamente e mantém suas forças armadas ocupadas. Se o conflito terminar, os Estados Unidos, que já declararam não financiar a defesa da Europa, deixarão os europeus desprotegidos. Isso forçaria a Europa a aumentar substancialmente seus gastos com defesa para conter a Rússia. De onde viriam esses recursos? Do welfare state. Isso resultaria numa queda na qualidade de vida dos cidadãos europeus, o que poderia levar à destituição dos líderes atuais. Além disso, o fim do welfare state poderia desencadear conflitos entre nativos e imigrantes, algo comum em cenários de escassez e crise econômica. Falo de convulsões sociais graves. Os líderes europeus estão cientes disso. Por isso, pragmaticamente, têm interesse em manter o moedor de carne humana ucraniano funcionando por tempo indeterminado.
Resta combinar com os russos, claro. E com Trump. Não sabemos ainda se as investidas de Trump vão funcionar, se ele será capaz de costurar um acordo entre Rússia e Ucrânia. Mas não restam dúvidas de que Trump é a maior esperança de paz na região, pois se depender da Europa, essa guerra se estenderá “para sempre”.
Constantino, ao comentar a invasão da Ucrânia pela Rússia, segue a linha de vários comentaristas de geopolítica do Brasil e do exterior: trata do assunto sem mencionar que a Ucrânia é um país invadido, que sofre diariamente bombardeios sobre áreas civis.
Assim, falam dos Estados Unidos, falam da Rússia, falam da Europa, mas silenciam completamente sobre o fato de que a Ucrânia se separou da União Soviética em 1991. Em 2014, a Rússia tomou a Crimeia e parte dos oblasts de Lugansk e Donetsk. A linha de frente da invasão foi congelada por meio do Protocolo de Minsk, em 2014, mas, em fevereiro de 2022, o exército Russo marchou sobre o território ucraniano novamente.
Hoje, cerca de 18% do território ucraniano é ocupado pela Rússia. A Ucrânia resiste, com as ajuda dos Estados Unidos e de países da Europa, e uma indústria de drones que vem mudando completamente os conceitos de uma guerra.
E o Constantino encerra seu texto dizendo que “se depender da Europa, essa guerra se estenderá ‘para sempre’”?
Ora, quem tem o poder de encerrar essa guerra imediatamente é Putin! Bastava retirar suas tropas do território ucraniano e a guerra terminaria. Mas meteu a Rússia nessa guerra insana, dizendo que seria uma “operação militar especial” que duraria três dias, e agora está ceifando milhares de vidas, a maior parte delas do próprio povo russo, além de destruir a economia dos dois países.
Para não esquecermos os números absurdos dessa guerra, lembremos que em dez anos de guerra contra o Afeganistão (1979-1989), morreram cerca de 15.000 soldados soviéticos. Em menos de quatro anos da guerra contra a Ucrânia, fala-se na morte de algo em torno de 250.000 russos e 100.000 ucranianos.
Essa guerra precisa realmente acabar. Mas sem premiar o ditador russo, cedendo-lhe territórios invadidos.
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