Roberto Motta

Karl Marx: influência duradoura na academia
A degradação dos veículos de comunicação é um fenômeno que admite cada vez menos exceções. Doutrinação e incentivos econômicos transformaram muitos profissionais do jornalismo em robôs ideológicos, ocupados em moldar o pensamento alheio.
Qualquer ideia, opinião ou interesse que não se encaixe nos estreitos limites do politicamente correto é automaticamente classificada como “extrema-direita” – ou “ultradireita” – expressões simplórias e sem significado. O objetivo é desqualificar o pensamento dissidente, desumanizar os pensadores e eliminar a oposição.
Esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, claro. Basta recordar como a mídia estrangeira tratou as manifestações em Londres contra o descontrole na imigração – um protesto que não se encaixava na narrativa oficial. Ou observar a atitude da maioria dos jornais e TVs quando Trump negociou o acordo que libertou reféns israelenses das mãos de terroristas. Ou lembrar que o ativista Charlie Kirk, brutalmente assassinado, foi chamado de “extrema-direita”.
Há duas questões que se misturam e tornam quase impossível algum progresso no debate. A primeira é reconhecer a existência de uma hegemonia da esquerda na mídia. A segunda é explicar como isso ocorreu. Muitos se recusam a enxergar o óbvio simplesmente porque não conseguem explicá-lo. Mas a incapacidade de explicar a origem de um fenômeno não significa que ele não exista. Na verdade, há boas explicações para a divulgação, pela maioria da mídia, de forma quase sincronizada, das mesmas narrativas com sabor “progressista”. Elas vão desde o domínio do meio acadêmico pelo pensamento marxista – via Escola de Frankfurt, Antônio Gramsci e Paulo Freire – até os esforços de ONGs e agências supranacionais (como ONU, OMS e o Fórum Econômico Mundial) para estabelecer controle político sobre nações e empurrar diretrizes econômicas e sociais, sempre camufladas como agendas de proteção do “meio ambiente” e de “direitos humanos”. Isso é o que se chama de globalismo – e o sincronismo ideológico da mídia pode ser sua expressão mais visível (e, paradoxalmente, por sua própria natureza, a mais difícil de ser reconhecida).
Precisamos ser justos: desde a sua criação, mais do que informar, a mídia sempre teve a ambição de formar opinião. A diferença agora é que, em vez de oferecer uma variedade de ideias, os veículos de mídia formam um coro, cooperando na imposição de uma visão de mundo de caráter marxista. Enquanto elogia o modelo democrático, a mídia tenta convencer o cidadão a aceitar preferências políticas, econômicas, jurídicas, estéticas e até sexuais pré-selecionadas pela própria mídia, sempre com o auxílio de intelectuais progressistas. Isso significa a rejeição da escolha individual e da soberania popular, e o desejo de impor, em seu lugar, um sistema de governança e de valores ditado por uma elite não eleita. Tudo foi resumido de forma clara – e, a seu modo, brilhante – por uma magistrada, quando ela se referiu à população como “213 milhões de pequenos tiranos soberanos”.
Trata-se, efetivamente, de uma questão de soberania. A dificuldade que o cidadão tem de conectar ideologias coletivistas com abusos estatais facilitou a transformação do “Estado de bem-estar social” em distopia – e a mídia é parcialmente responsável por isso. A tática mais perversa talvez seja o uso do termo esquerda como sinônimo de normalidade e benevolência, ignorando uma bagagem histórica tão sinistra que, devidamente apresentada ao público, teria o potencial de mudar o cenário político mundial. Aliás, a palavra sinistra tem origem no latim sinister, que significa do lado esquerdo.
As consequências da postura da mídia são devastadoras. Alguns anos atrás, no auge das arruaças promovidas pelos “Black Blocs” – eventos que misturavam pautas confusamente socialistas com estética fascista e violência extrema – uma ex-colega de trabalho achou apropriado levar os dois filhos a uma dessas “manifestações”. Ela achava importante “protestar contra o fascismo”.
Essa senhora está no topo da pirâmide social e econômica brasileira.