Esses versos fazem parte de uma célebre peleja entre os poetas cantadores João Martins de Ataíde e Raimundo Pelado.
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João Martins de Ataíde
Entre o sétimo túnel da Russinha
O trem da Serra descia em disparada.
Com um tombo que eu dei na retaguarda,
Rebolei todo o trem fora da linha,
Atendendo aos amigos que ali vinham,
Porque alguns não podiam ter demora,
De um cabelo eu peguei fiz uma escora,
Fiz alavanca de dois cabões de milho,
Novamente eu botei o trem no trilho
E o maquinista apitou e foi embora.
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Raimundo Pelado
Eu fui um dia no porto de Alagoas
Encontrei tudo em belas condições,
Tinha cento e cinquenta embarcações
Entre navios, paquetes e canoas…
Na presença de mais de cem pessoas
Num paquete alemão eu me encostei,
Quando ele quis sair, eu segurei,
Desta vez o Pelado criou fama,
O Oceano ficou da cor de lama
E o navio só saiu quando eu soltei.
Em Banânia hoje existe um animal
Que se chama Alejandro Demorais
Essa praga faz inveja aos marginais
Quem o olha tem tontura e passa mal
O sujeito vai parar no hospital
Quem é fraco não se recupera mais
Como nunca tive medo dessa gente
Que habita aquele antro do Supremo
Convoquei a parceria com o Demo
Adentrando na Tribuna do demente
O ministro transformado em serpente
Sua toga parecia um vestido
Eu cheguei no pé da mesa do bandido
E benzi a alma dele com aguardente.
Esses versos da Peleja, com algumas modificações, eu aprendi com meu pai, cantando.