SANCHO PANZA - LAS BIENAVENTURANZAS

“Dios ha muerto. Parece que lo mataron los hombres.” Friedrich Wilhelm Nietzsche.

Cumprira a promessa e fora morar em um pequeno barco, viajando de porto em porto. Sem destino! Ouvindo Haydn e Mozart todo o tempo. Raramente Beethoven, como aconselhara seu amigo, um doidim chamado Sancho. Ancorara seu iate, nomeado Poderoso Fubânico em um dos quatro portos do Piauí, mais precisamente, no Porto de Luís Correia, recentemente “ampliado e modernizado” e retornou a sua mansão, em Teresina. Chegou cansado dos muitos meses no mar, de porto em porto, de mulher em mulher, muitos portos e maravilhosas mulheres. Dormir se fazia necessário.

A madrugada perde-se em febril jogo sensual com o sol, que a desnuda… Amanhece na sempre ensolarada “terra dos piagas”, terra de pajés. Teresina é quente, muito quente… Adônis (que nome estranho para um nordestino), lava a cara e senta para tomar café com bolo de goma e manauê. Dá um sorriso e uma talagada na cajuína; lembra da galinha d’angola que trouxe para o almoço. Ligou o computador e acessou o JBF em busca de receita para fazer a tal galinha, pois no meio da zorra fubânica sempre pescamos pérolas, dobrados españois, sapatos velhos, acaloradas discussões políticas, receitas culinárias, livros, lutas de faca, declarações de amor (a Lula, Moro e, quem diria, a Bolsonaro), poemas y otras cositas mas… Entra, lector, ponte cómodo y respira…”Viver é estranho”.

Hoje é seu aniversário, Adônis (70 anos – Feliz Cumpleaños, hijo de perra!). Você acordou todo faceiro, ligou e combinou um motel com a namorada, que completou 18 anos ontem e quer, a danada e deliciosa morena cor de jambo, perder a virgindade com o cara mais inteligente, experiente e o mais gostoso da vida dela (palavras da Thais, a tal delícia). Quem é o tal felizardo? O felizardo é VOCÊ (daqui dá para ver sua cara de satisfação, de garanhão e de muito apetite, pensando nas coxas da galinha e da morena), com tudo devidamente combinado para esta noite. Estoque de viagra conferido (tudo em ordem com a caixinha azul).

Olha em volta e esboça um sorriso. Sim, a vida está sendo maravilhosa. Recorda que está dando uma repaginada no sorriso com aquela dentista “gata”, que se derrete toda quando você entra no consultório, seu check-up médico anual está ok, dedada ok (Ops, maldito urologista), sua carteira de investimentos, como dizem os jovens, está “bombando”, você está na página 3 de um livro de 500, possui ótimos planos para semana que vem, descobriu que DuduSantos é um velho amigo de seu amado pai (beijão de Sancho para os três velhinhos), vendeu o carro e precisa autenticar o documento de compra e venda em cartório e terminar mais um explosivo texto da coluna dominical, senão o Berto enche o saco. Instintivamente consulta o relógio: 11:59. Caramba, como o tempo passa rápido. Desce as escadas e ao meio-dia você morre. Como assim!? ¿Qué voy a decir, querido lector? The End, Zéfini, fim de papo, apito final. “Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo, torcida brasileira! (grande Fiori Gigliotti).

Uma das vozes de dentro de minha cabeça se revolta com tal frieza, falta total de sensibilidade e explode:

– Como assim!? Seu “hijo de perra!”, você enganava o tiozinho dizendo-se seu amigo. Podia ao menos deixar que “comesse a garota, você está me entendendo!? Que morresse trepando, mas tinha que comer a fulana.

A voz, que é feia como o Joaquimfrancisco, ameaça:

– Ressuscita aquele velhote do caralho senão vou contar pra tua mulher que você toda quinta feira vai pro cabaré da Mirtes Beiço Mole.

Dou de ombros para as duas: – Phoddam-se, vocês e a Mirtes!!!

Outra tenta fazer chantagem sentimental:

– Não, não é possível!! E a trepada do velhinho? Porra, Sancho, aí é sacanagem! O velhote poderia morrer de forma mais interessante, como por exemplo, dando orgasmos alucinantes e ruidosos para a “gatinha” no motel, com a garota subindo pelas paredes e uivando de prazer. Overdose de viagra e sexo. O texto ficaria mais interessante, poderia até se transformar em uma história de detetive, com um ex-namorado ciumento da moça não aceitando que fosse o velhote a tirar o “cabaço” (ainda existe tal termo?) da danada. Brigas, tiros, rituais de bruxaria, sangue, investigação, briga de facas, um detetive ao estilo Hercule Poirot (Beijão, Ágatha!!!).

Quebra o galho da gente, querido Sancho, pois sempre quisemos um pouco de sacanagem em seus textos, disse outra – Tenho certeza de que você vai incendiar os velhinhos do JBF com uma história bem “picante”. Você leva o maior jeito para literatura erótica. Tem uns lá no JBF que há muito não sabem o que é uma ereção. Tenha dó, vai…

Sancho tenta argumentar: – Minhas queridas vozes, vocês são lindas, mas a história é assim e termina aqui. Qual parte do “termina aqui” vocês não entenderam!? O cara morreu e Sancho não sabe ressuscitar ninguém (falem na cabeça de Jesus de Ritinha. ele é quem entende dessas coisas). Se tivessem ponderado antes, até quebraria o galho de vocês, mas (infeliz mas), o velhote está morto. Punto e basta. E já conversei com Monsenhor Maurino,Cardeal da Igreja Católica Apostólica Sertaneja, da Congregação Fubânica, que encomendará a alma do “de cujus”. Sinto muitíssimo, mas (eclesiático mas), nem Papa Berto muda a história. Punto e basta.

Sorte de Sancho que tal episódio ocorreu em sua praia particular, a praia mais bonita do Planeta (a Baía do Sancho – Fernando de Noronha, Pernambuco) e as vozes não sabiam nadar. Como ameacei afogá-las, silenciaram. Aproveitei o dia ensolarado e belo, mergulhando para dar um susto nas danadinhas. Depois do mergulho, retornei à areia e abracei a garota – sabem a garota delicinha que o velhinho Adônis pensava que ia desvirginar? Bingo! Essa mesmo. Thais ganhou de Sancho “un montón de besos” (qué es la vida sin unas cuantas tentaciones…) Grandissímo traíra esse Sancho! Mas, que filho da puta!

Termino a história poupando meus leitores da cenas mais “calientes”, pois pode ter alguma criança lendo estas linhas e a “virgencita” não ficaria à vontade sendo observada em sua primeira conjunção carnal por menores de idade, enquanto Sancho termina com o estoque de viagra do “amigo piauiense” («El de¬seo es caprichoso y no siempre elige la belleza.».). “¡Eso sí que es buena vida!”. Morra de inveja, Cícero Tavares!!!!

Se avexe não / Amanhã pode acontecer tudo / Inclusive nada (conforme musicou Accioly Neto). Não muito distante dali, no mesmo dia, subindo do Inferno, Hell, o nosso Nikolai, entra esbaforido na Biblioteca Ritinha de Miúdo, a mais concorrida da terra potiguar do poeta maior das coisas fubânicas e grita:

Por todos os nove círculos do inferno, Jesus! Ressuscita o cara, poeta, pois o Altamir está igual viúva inconsolável, lembrando a todo instante que tinham combinado um duelo de facas, que seria transmitido pela tv Lula de Garanhuns. Que sabia que Adônis tinha medo dele, mas morrer de medo antes do duelo era sacanagem. Na verdade, o sujeito não consegue viver sem o Adônis, porra!

Jesus sorriu, cantarolou uma música (“É preciso amar “haahaa” as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há…” Renato Russo, como te amamos!!!!) e, como Thanos , estalou os dedos (Thanos é um supervilão das histórias em quadrinhos publicadas pela Marvel Comics, inspirado em Thanatos – Maiores detalhes sobre o “estalo” pode ser verificado nos filmes Vingadores: Guerra Infinita de 2018 e Vingadores: Ultimato de 2019)… Em um camarim, que dava para um ringue, na verdade uma rinha de galos improvisada, ressurgiu Adônis, erguendo os punhos, após vencer a luta. Ainda eufóricas por conta da luta, dez crianças brincavam do lado de fora da Arena Coliseo, na Cidade de Teresina. Entre pulos e gritos, imitavam alguns dos golpes mais famosos da Luta Livre Mexicana. Os heróis daquela sexta-feira 13 foram o milagre de Jesus e Adônis Oliveira, lutador mascarado de 70 anos, que vestia uma tanga de oncinha e fora coroado vencedor, após confronto com nove oponentes, levando o cinturão do “Consejo Mundial de Lucha Libre”, batendo na final o Arvoredo, um lutador-vilão lá das bandas de Paranatama (Serrinha do Catimbau), que vestia uma tanga com figuras natalinas (papai noel, duendes, renas e trenós).

PS1: A Baía do Sancho (sim, ela existe), considerada por muitos a praia mais bela do Brasil, fica no Mar de Dentro de Noronha, parte do mar voltada para a costa brasileira. A água, o paredão rochoso e a vegetação formam um dos visuais mais incríveis do lugar. Qualquer fubânico está convidado para passar horas aprazíveis em minha praia, para quem sabe, iniciar uma “donzela” na arte e manhas do amor. É só acertar os detalhes com o Berto. Os manauaras Tia do Zap e seu sobrinho Nocholai Hel passam férias por lá.

PS2: Boa nova: o Ministério da Economia fechou sua proposta de reforma tributária e deve enviá-la para a Casa Civil e votação no Congresso ainda em julho.

PS3: Este texto é uma homenagem de Sancho a todos que torceram pelo pronto restabelecimento do presidente, o que graças ao bom Deus, já ocorreu. Quanto a Adônis deixo aqui todo o meu carinho a tão singular e vivíssimo amigo (vida longa ao rei).

PS4: Netflix renueva ‘The Last Kingdom’ ( la Inglaterra medieval de los siglos IX y X), que volverá con la temporada 5 – The Last Kingdom continúa siendo la historia de Uhtred de Bebbanburg.

25 pensou em “Y PENSER TOUJOURS, N’EN PARLER JAMAIS! FAZER O QUE NÉ ?

    • Caro Fami,
      Talento mesmo possui nossos comentaristas, essa gente como você, que nunca deixa de dar sua opinião (de tudo um pouco).
      A Sancho cabe apenas colocar no texto a vibração positiva que vem desses nossos comentaristas fantásticos aos quais incluo você.
      Abraço grande…

    • Ser internado e… E encontrar esse grande amigo e mentor, Joaquimfrancisco me recebendo, sempre de braços abertos no Elizabeth Arkham Asylum for the Criminally Insane.

  1. Sancho, o impagável !!!
    Meu caro, você se superou.
    Como dizem aqui em Belém do Pará:
    Éeeeeeegua do cara !!!!!!!

    • Rômulo, caríssimo Rômulo
      Arre égua, diria meu amicíssimo Jose Ramos. Brigaaaaaduuuuu, diria o cantor Fábio Jr.
      Abraço forte e beijo imenso em vosso coração.

        • Tal texto fiz para apaziguar os ânimos entre dois gigantes fubânicos: Adônis e Altamir. São dois caras que amo, respeito e admiro. Êita turma maravilhosa que frequenta este jornal maravilhoso, meu Deus…

  2. Senhor Sancho,

    Mijei-me de rir com seu texto: “É como sempre Berto, seu chefe diz, “tudo de esquisito que existe neste mundo, vocês colunistas e comentaristas mandam pra cá. Vôte!!!”

    • Caro señor 13,
      Para tais casos, onde mijar-se de rir é a única solução, recorro a minhas sempre muito úteis fraudas geriátricas, às quais aconselho uso pelos demais colunistas fubânicos.

  3. Que não “catemos brigas”, em fogueiras, minha cara señora Catabliga . Prazer imenso ler o que escreves, que creio repartir com os citados pela señora. Mas (benedicto mas), se olhares mais atentamente as coisas fubânicas, verás muitos outros nomes, tão especiais como os que você cita. Beijo grande em vosso coração. Até sempre.

    Sancho aproveita o espaço para mandar forte abraço ao delegado DA CUNHA – Delegado Carlos Alberto da Cunha, titular da 8ª Seccional da Polícia Civil de São Paulo, um herói de Sampa e do Brasil. Abraço este extensivo a todos os integrantes das forças policiais, em todos os níveis, neste gigantesco Brasil (General Heleno, beijo fraterno em vosso menso coração, que lhe envia este seu amigo de sempre Sancho)

  4. Parece que a coluna do Bertoluci está bugada, pois não há como comentar (o mesmo estava acontecendo com a do Sancho). Alô,alô, Berto. Bota o Bartolomeu pra trabalhar…

    Amigo Marcelo estou tentando comentar sua coluna, mas (maledetto mas), não consigo.

    • Sancho, na minha juventude como técnico de informática repetíamos sempre:

      “Os computadores resolvem problemas; problemas estes que não existiam quando não tínhamos computadores”

      Os bugs da informática são como as moscas e os mosquitos: só nos resta suportá-los, pois livrar-se deles é impossível.

  5. Sancho chora… Tem gente que deveria ser proibida de morrer… Hoje toda a gente vai gostar do señor Andrade. Eu sempre idolatrei tal jornalista (ahhh, o bom, magistral e velho amigo do rádio em meu caminhão Quixote Véi di Guerra quando cruzava Sampa) As sete vida do gato… Maldito Covid-19… José Paulo de Andrade (São Paulo, 18 de maio de 1942 – São Paulo, 17 de julho de 2020). Considerado, por Sancho, o mais importante programa jornalistico, o programa “O Pulo do Gato” estreou em 1973 e foi apresentado ininterruptamente pelo radialista até 2020. O programa jornalístico é o recordista no rádio brasileiro, como tendo o mesmo apresentador e sendo apresentado no mesmo horário. Em 2009, o apresentador foi eleito pela revista Veja SP como uma das pessoas que são “a cara de São Paulo”, tendo completado naquele ano 36 anos de programa. En fin, el mundo es un poco más aburrido desde que José Paulo de Andrade no está en él. Sancho diz ADEUS a um jornalista que sempre admirou e seguiu. Fique com Deus, gigante José Paulo de Andrade.

    Adeus – Esta palavrinha pequenina nasceu como frase. Era proferida pelos padres para recomendar as almas aos cuidados do TODO PODEROSO. “Eu te recomendo a Deus”, diziam os curas no leito terminal. Foram abreviando, abreviando e ficou ADEUS.

  6. Aproveito pedaço do texto: Grandissímo traíra esse Sancho! Mas, que filho da puta!

    Sancho, o Adônis vai ficar “puto” com você. Não provoque onça (tanga de oncinha. Fiquei imaginando e rindo) com “vara curta”.

    • Caríssimo Hinacio. É sempre bom te ver por aqui. O frescor da juventude petista lendo Sancho é de dar muita satisfação a este velho escriba.

    • Aqui estamos na fila do diazepam e rivotril… Sempre é bom ver o amigo em minha área de comentários, pois recorrendo a Ana María Shua: “Cuando empezamos a escribir, creemos que podemos contar el universo”

  7. Besos para Mafalda
    Em tempo – Hoje é aniversário de Quino – Joaquín Salvador Lavado Tejón (Mendoza, 17 de julho de 1932) …Feliz Cumpleaños Felipe, Manolito, Susanita, Mafalda, Libertad, los padres de Mafalda, Guille, Miguelito.

    • Recorro a Mafalda, do fantástico Quino (Joaquín Salvador Lavado Tejón): ¿Y por qué habiendo mundos más evolucionados yo tenía que nacer en éste?

  8. Belo recado, Sancho.

    O melhor do JBF é o humor.
    Como eu já havia dito, creio que ao Mestre Assuero, nesse desafio entre Adonis e Altamir, eu torço para que role a “síndrome de Estocolmo”, ou cause congestão de risos com as iguarias misturadas do caldeirão do Pança.
    Tenho dito.

    • Belo comentário, señor Cavalcanti.

      A segunda melhor coisa do JBF é o humor; a primeira, são seus comentaristas.
      Como eu concordo, repito suas palavras: nesse desafio entre Adonis e Altamir, dois fubâncios geniais, eu, como tu, torço para que role a “síndrome de Estocolmo”, ou cause congestão de risos com as iguarias misturadas do caldeirão fubânico..
      Tens dito e assino logo abaixo.
      Abraço grande e beijo em vosso coração.

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