RODRIGO CONSTANTINO

Vice de Trump rebate rótulo dado por democratas: "Esquisito é abrir a fronteira para fentanil"

J.D. Vance durante comício no final de julho

A primeira coisa que chamou a atenção no debate entre os candidatos a vice-presidente dos Estados Unidos foi o alto nível. Sem ataques pessoais, sem baixaria, sem barraco, tanto J.D.Vance, vice de Trump, como Tim Walz, vice de Kamala Harris, buscaram apresentar suas ideias e defender seus candidatos por meio de argumentos.

A mediação da CBS falhou, como sempre, pelo seu viés democrata. Não era para ter “fact check” ao vivo, por exemplo, mas uma das apresentadoras não conseguiu se conter e tentou “corrigir” Vance em determinado momento, sobre haitianos vivendo legalmente no país. Vance, então, explicou como muitos conseguem um “visto” temporário pela política de asilo do governo Biden/Harris, e teve seu microfone cortado.

O vice de Trump teve de debater com três pessoas, basicamente, e mesmo assim se saiu muito bem. Foi a grande surpresa da noite, e certamente deixou os democratas preocupados. Nem tanto pela influência que um debate entre vices pode ter na eleição, mas pelo futuro republicano, com excelentes quadros. J.D. Vance é firme em suas convicções, extremamente preparado e capaz de colocar seu ponto de vista com clareza.

Tim Walz não tem a mesma qualidade. Em certos momentos parecia um senhor atordoado, perdido, e em outros concordava com a cabeça enquanto seu oponente falava. Muitos brincaram que ao término do debate Vance tinha mais um voto: o do próprio Walz! Seu estilo educado desarmou qualquer possibilidade de ataque pessoal mais chulo ou do tradicional monopólio das virtudes que a esquerda sempre usa.

Vance conseguiu com sucesso transformar a discussão numa espécie de plebiscito sobre os legados de Trump e Harris, lembrando que o atual governo Biden tem ela como vice. Ou seja, não é uma novata tentando chegar agora com promessas frescas, mas sim alguém que deve ser cobrada pelos últimos três anos e meio. E quando se compara históricos, Trump ganha de lavada!

O mundo era mais seguro com Trump e o custo de vida era mais palatável para a classe média. Eis o recado em essência de J.D. Vance. Ele não caiu em pegadinhas sobre aborto ou imigração, não deixou a turma democrata colar nele a pecha de insensível ou algo assim. Sua própria trajetória de vida gera comoção, pela infância pobre e a mãe viciada. Seu recado é um de superação, e isso atrai muitos americanos cansados de vitimização e falta de esperança.

Matt Walsh, autor de O que é uma mulher e Sou eu um racista? resumiu: “JD Vance pode estar apresentando o melhor desempenho em debate político que já vimos. É muito bom”. Ben Shapiro foi ainda mais direto: “Vance teve um desempenho estelar. Walz tropeçou e tropeçou. Os moderadores eram um lixo. Assim termina a revisão”.

O investidor Bill Ackman destacou o talento de Vance e o que isso significa para um líder: “Você pode julgar a qualidade de um líder pelo talento e inteligência de seus subordinados diretos. Líderes fortes contratam membros de equipe mais inteligentes do que eles. Líderes fracos contratam subordinados diretos fracos. Eles não querem ser ofuscados pelas pessoas que empregam. J.D. Vance vs. Tim Walz é uma verificação clara referente a Donald Trump vs. Kamala Harris e sua capacidade de identificar e recrutar talentos”.

O próprio Trump postou uma imagem com uma sequência interessante dos democratas: Obama escolheu um vice menos inteligente do que ele, Biden; este escolheu Kamala Harris como vice, uma espécie de Dilma americana; e ela optou por Tim Walz, um senhor simpático, radical em certas posturas e um tanto limitado.

Tentando se esquivar das próprias limitações, Tim Walz defendeu uma espécie de “governo dos especialistas”. “Confie nos especialistas”, disse Walz, alegando que não escolheria Trump para uma cirurgia, e sim um cirurgião renomado. J.D. Vance rebateu: “Os especialistas erraram nos últimos 40 anos. Tem muito economista com PhD sem bom senso”. E muito “especialista” recrutado pelo governo e pela mídia como a voz da ciência que, na verdade, luta pelos seus próprios interesses. Dr. Fauci que o diga!

Em suma, os americanos vão escolher em um mês qual modelo de nação desejam: um em que os “especialistas” mandam em tudo e o Estado “cuida” de cada cidadão (e imigrante ilegal) do berço ao túmulo; ou um que preserva as liberdades individuais, os valores tradicionais e o federalismo com sua descentralização de poder. Ou um modelo mais europeu e falido, ou o resgate da América!

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