Mote desta colunista:
A rédea da liberdade
Virou pipa em minha mão.
Para dar o meu recado
Não rezo só Ladainha
Pois o canto de Dalinha
Não é canto comportado
É profano é sagrado
Dentro da minha oração
Para dar satisfação
Eu não tenho mais idade
A rédea da liberdade
Virou pipa em minha mão.
Impossível não te amar através de seus textos, de seu canto à liberdade e de seu amor a seu chão nordestino. Pergunto-me sempre o que faz em terra tão perigosa (o Hell de Janeiro de Sancho) a cearense moça de Ipueiras. Ah, esses loucos caminhos que nossas pernas percorrem no caminhar de nossas vidas…
Beijim procê, imensa dama do Cordel Encantado.
*
Sancho, eu poderia responder com desculpas, mas tanto você, como os leitores dessa gazeta, merecem a resposta real. Nesse poema o motivo de minha partida.
MÃE SOLTEIRA
Jamais foi descaramento,
Nela não tinha maldade.
Só impulsos e arroubos,
Sintomas da pouca idade.
Ovelha negra era agora
Na boca da sociedade
Sua barriga crescia,
E o seu vestido encurtava,
Sua cintura antes fina,
Dia a dia engrossava,
E seu filho feito a dois
Sozinha ela carregava.
Seguiu firme sua sina
Levando barriga e dor.
Lembrava a mãe de cristo
E assim segui sem temor
Entregava seu destino
Nas mãos de Nosso Senhor.
Sei que em momento algum
Seu ato a envergonhou.
Com o nariz empinado,
Com garra continuou.
Segurou firme nos braços,
O que o ventre lhe ofertou.
Boa mãe é com certeza,
E a outro filho deu luz.
Continua mãe solteira,
Sem achar que era uma cruz.
Sem dizer amém as regras
Que a sociedade produz.
Apontada como exemplo,
O de mãe bem sucedida,
Pelos que antigamente
A chamavam de perdida.
Ela ri com ironia
Das voltas que dá a vida
*
Versos de Dalinha Catunda.
Se possível fosse, diria que a admiro mais por superar as agruras da menina-moça que partiu de seu chão para ser mulher madura, mãe, empresária, enfim, sucesso. Mas (benedicto mas), a admiração de Sancho por sua trajetória já havia atingido o ápice antes de suas explicações (talvez desnecessárias, talvez desabafo extremamente necessário para quietar sua alma ou nem uma coisa ou outra). Beijo grande em vosso coração, menina do Rio…
Finalizo recorrendo ao “poetinha”: ♫ ♬ ♩ Ela é carioca / Ela é carioca / Basta o jeitinho dela andar / Nem ninguém tem carinho assim para dar…
E pra mim ela é linda demais
E além do mais
Ela é carioca
Ela é carioca… ♫ ♬ ♩