PEDRO MALTA - REPENTES, MOTES E GLOSAS

João Paraibano (1952-2014)

A noite parindo o dia
Não tem parto mais bonito
Parece que a mão de Deus
Sem provocar dor nem grito
Arranca o sol todo dia
Do ventre do infinito

Quando o sol aquece a terra
Pendura o seu agasalho
O pranto da noite seca
A última gota de orvalho
Parece um pingo de prata
Preso na ponta de um galho

A música maravilhosa
Se ouve da passarada
A lua tão meiga e pura
Se esconde encabulada
Com beijo ardente do sol
Ruborizando a alvorada

A noite negra recua
Sabendo que o dia veio
O pagão chora no berço
A mãe coloca no seio
Jesus pinta o céu de azul
Pra o sol passar pelo meio

A abelha traz mais flores
Néctar na ponta da asa
A cabôca acende o fogo
E bota a chaleira na brasa
E a fumaça espalha o cheiro
De café torrado em casa.

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