XICO COM X, BIZERRA COM I

Vi ontem um jogo na TV e amanheci saudoso. Sou do tempo de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Vi-os jogar. Assim como vi o brilhantismo de um Botafogo dos anos 60/70, com Garrincha e Didi, Paulo César e Jairzinho, além de Manga e Quarentinha. Vi os Santos Djalma e Nilton, o Santos Neves a quem chamavam de Gilmar. Quem viveu Rivelino, Gerson, Ademir da Guia, Dirceu Lopes e Zico tem justificada saudade. Por essas bandas de cá existiam os Chiquinhos, Juninhos, Ramons, Lucianos, Givanildos, Leonardos … Isso tudo sem falar em Nado, Bita, Nino, Ivan e Lala. Tudo tão diferente dos Camutangas, Brocadores e Piticos hoje idolatrados. Sou do tempo das chuteiras pretas, que emolduravam a arte dos virtuosos e das bolas sem cor, que não maquiavam os pernas de pau. Sou do tempo em que havia futebol e a bola se entregava, sôfrega e docemente, aos pés (e à mão) de Diego Maradona, o mais humano dos Deuses na visão de Eduardo Galeano. Acho o hoje muito estranho e sinto saudades. Talvez por que eu seja do tempo em que existia futebol.

Toda a obra de Xico Bizerra, Livros e Discos, pode ser adquirida através de seu site Forroboxote, link BODEGA. Entrega para todo o Brasil.

20 pensou em “UM DIA HOUVE FUTEBOL

  1. Também tenho saudades dos tempos em que jogadores jogavam e, não viviam nas redes sociais. Hoje qualquer perna de pau é alçado como ídolo – exemplo do Neymar – e, mas aparecem em escândalos que nos campos do futebol. Honravam a camisa que vestiam… enfim eram profissionais .
    inté!

  2. Eles nunca vuram Pelé, nao sabem de Maradona, só conhecem Richarlisson, Neymar e Gabigol, em cujos braços sobram tatuagens em quantidade proporcional à qualidade que lhes falta nos pés.

  3. Na foto do super time do BOTAFOGO dois craques Pernambucanos, ambos egressos do entao poderoso SPORT: O goleiro MANGA e o Lateral-Esquerdo RILDO, os terceiro e o sexto da foto, em pé, da esquerda para a direita. Bons tempos.

  4. Xico, fui parte desse futebol que hoje é saudade. Li um comentário aí de alguém que neste momento não identifico, dizendo que os jogadores do passado eram “profissionais”. Não. Eu acho que eles eram até amadores de mais. Amavam o clube e não pensavam apenas em dinheiro. E veja que eles não dispunham da tecnologia atual nem das condições que alguns clubes oferecem. Mas, me chamou a atenção uma coisa: sempre que alguém fala algo sobre o futebol pernambucano, esquece (ou faz questão de esquecer) alguns nomes geniais que por aí estiveram, como Jorge Mendonça, no Náutico; como Mauro Calixto, como Ivan Limeira e principalmente como Salomão, um dos maiores jogadores que vi nesta nossa terra. Outros mais antigos, como Vavá e Almir. Mas um nome me chama a atenção: poucos lembram de Canhoteiro, o Garrincha que jogava pelo lado esquerdo. Vi, também, dois excelentes zagueiros que jogavam na mesma posição: Damasceno, que vestiu a camisa timbu e Roberto Rebouças, por anos jogador do Bahia. Esses vestiriam a camisa da seleção brasileira, facilmente. Os olhos dos técnicos nunca viram. Como botafoguense que sou, achei estranho essa foto que você postou, com Didi ao lado de Gerson e sem Paulinho Valentim ou Quarentinha ou ainda Paulo Cézar Caju. Como sei que poucos lembram, Roberto Rebouças jogando no Bahia, era do mesmo tempo que Mário Sérgio no Vitória. E Mário Sérgio, entendo eu, tinha alguns repentes de Maradona.

    • E o que dizer de Odilon, Fernando Santana, Aloisio Linhares, Gena, só para citar alguns que pisavam gramas pernambucanas?

  5. Caro Francisco, cada tempo tem suas características nos esportes.

    Da década de 60 para cá, as coisas mudaram e muito.

    Na década de 60 os jogadores não eram considerados atletas. Era comum um jogador beber, fumar (isso foi até há pouco tempo).

    Quando Garrinha se queixava dos joelhos lhe aplicavam infiltrações. Isso hoje não tem cabimento.

    Há um tempo assisti um jogo inteiro da Copa de 70 (a final). A média que um jogador corria era de 4 km num jogo, hoje correm 12 km. Dá então para perceber que havia mais espaço para o jogador nos anos 60.

    Então não dá para comparar. Não tem esta história de que se Garrincha jogasse hoje seria melhor que Messi. Cada um foi o melhor no seu tempo.

    Em todos os esportes é assim. A coisa evolui, se é para melhor ou pior, depende de quem vê.

    • João Francisco boa a sua colocação. Eu gosto muito de Ariano Suassuna e aprendi com ele a dar o valor que a palavra tem. Na última linha do seu comentário você escreveu “evoluir”. Para pior, não é “evoluir”, creio. Se não estou enganado. no futebol não houve uma “evolução”. Será que, se diminuíssemos o tamanho das balizas onde joga o goleiro ficaria melhor? Parece que o tamanho é 7,32 x 2,44. Por que, no Futsal, num trave de tamanho menor os placares são sempre mais dilatados? 12 x 4, 9 a 5 e daí em diante. O surgimento das luvas para o goleiro, melhorou em que, se hoje, visivelmente ele tem mais dificuldades em “agarrar” as bolas? Que tal essa “evolução” do VAR? Ora, o futebol brasileiro é uma diversão/profissão brasileira e como muitas outras, cheias de falhas e desconfianças (sabemos que a desconfiança não é do futebol, mas de quem o pratica). Diz a regra do Impedimento, no Leopoldo Santana, que o impedimento de um jogador deve ser marcado na “hora do lançamento”. Hoje está sendo marcado depois que determinado jogador conclui o lance. Aí está a confusão. Na Europa, uma informação do VAR tem a resposta em 20 ou 30 segundos. Todos confiam. No Brasil, leva de 2 a 3 minutos e gera a desconfiança. Agora, eu, que vivi dentro de alguns campos por alguns anos, não tenho coragem de afirmar, como muitos, que Garrincha, Tostão, heleno de Freitas, Canhoteiro ou Gerson e outros tantos jogariam menos do que alguns atuais. Afinal, a preparação física atinge a todos. Como posso afirmar que Garrincha, com a atual preparação física não poderia ser até melhor que o que era? Agora, amigo, essa coisa do politicamente correto chegou também ao futebol. E chegou na medicina esportiva. Com qualquer médico alfabetizado pelo método Paulo Freire, o Tostão na Copa de 70 teria sido alijado definitivamente. Mas, existia um Lídio Toledo e sua equipe que o colocaram em condições de jogo e enxergando bem. O próprio Tostão, médico também, não teria aceito entrar em campo se não tivesse as reais condições. Ou será que alguém vai querer me convencer de que Marcelinho Carioca não cobraria faltas com a mesma competência?

      • José, desculpe pelo meu erro. Realmente evoluir é para melhor, o contrário é involuir, retroceder.

        Tostão na Copa de 70 ainda não era médico, profissão que ele estudou e adotou após sua parada do futebol salvo engano aos 27 anos.

        Todos estes craques do passado teriam igual desempenho no futebol de hoje? Difícil dizer. O que eu falo com certeza é que teriam que levar uma vida de atleta que não levavam à época.

        Hoje o futebol é completamente diferente de 50 anos atrás. De comum apenas 22 jofadores de cada lado e o fato de jogarem com os pés.

        Mudaram: a bola, as chuteiras, as traves, o campo (as dimensões agora são padronizadas, a grama, o uniforme, as regras (há 54 anos não tinha cartão amarelo). A principal mudança é a profissionalização. Hoje um Neymar ganha em um ano o que Pelé ganhou a vida inteira.

        É muito para o Neymar? Eu digo que é justo, pois o futebol é o esporte de maior popularidade no mundo e os jogadores sempre foram muito pouco reconhecidos e pouco profissionais.

        Nos 100 metros rasos o atual recorde é 9,58 s, há 50 anos era 9,9 s, que perdurou por mais de 30 anos.

        Uma coisa eu posso garantir, Kareen Abdul-Jabar e Wilt Chamberlaim ídolos do basquete dos anos 70 hoje não teriam muito sucesso.

        Eu digo tudo isso para concluir: não dá para comparar pessoas em períodos diferentes em qualquer esporte, pela evolução da ciência.

  6. Sou do tempo em que havia futebol. Conheci Djalma Santos em um encontro fortuito enquanto caminhava no centro de São Paulo acompanhado do meu pai.

    Naquela época os craques eram seres humanos comuns, caminhavam na rua, jogavam anos na mesma equipe e criavam empatia com o torcedor.

    Hoje querem ser tratados como semi-deuses inacessíveis, cheios de frases feitas e exigências de garotos mimados. Tornaram -se produtos a serem vendidos conforme a mercado.

    Felizes aqueles que viram os craques do passado jogando por aqui. Tempo bom que não volta mais.

  7. Essa viagens no tempo, onde os garotos que fomos viram craques maravihosos do naipe do Flamengo de Zico, do Vasco de Roberto Dinamite, da Máquina Tricolor do Francisco Horta e Rivelino que enfeitiçavam meus olhos de menino em Maracaná lotado para na segunda feira maravilhar-me ainda mais com as crônicas de Armando Nogueira.

    • Caro Sancho, já que falou no Fluminense de Rivelino e nas crônicas do saudoso Armando Nogueira, não posso deixar de lembrar o histórico episódio da invasão corinthiana de 1976 ( sim, sou corinthiano).

      Assisti aquele jogo e até hoje me emociono quando revejo as imagens.

      Recomendo que procure na internet um vídeo com o momento da entrada das equipes, com narração de Osmar Santos. É inesquecível.

      Como curiosidade, o repórter de campo da rádio onde Osmar trabalhava ( não me lembro qual) era Fausto Silva, o Faustão.

      • Eu estava no Maraca com meu cunhado Noyama, que é corintiano. Realmente memorável… Falando em memorável, Sancho também estava no estádio em 77 vendo Basílio matar a Fiel na loucura da paixão do Bando de Loucos.

        Me dê a mão, me abraça. Viaja comigo pro céu. Sou Gavião, levanto a taça. Com muito orgulho, pra delírio da Fiel…

        Isso sem falar no chiqueirinho do Pacaembu na semifinal Copa do Brasil Vasco vs Corinthians (se a memoria não me falha foi em 1995) quando o vascaíno Sancho com amigos palmeirenses quase morreram, pois o setor onde estava a torcida do Vasco foi liberada para ser ocupada por corintianos e meus amigos estavam com a camisa do Palmeiras. Levamos porrada para mais de metro.

  8. Meu Papa Berto, primeiro e único, ‘tô já me convencendo a ser cronista esportivo. Nunca minha coluna teve tantos acessos e comentários, o que me deixa feliz e lisonjeado. E viva o Futebol (ou a ausência dele). Abraço fraternal a todos.

    • Pois você nem imagina a felicidade que eu fiquei quando vi o sucesso desse seu texto.

      Ótimo!!!

      Uma participação intensa dos leitores.

      Faça agora um texto sobre o Ibis do Recife e outro sobre o Carrasco de Palmares!!!!!

Deixe um comentário para Sancho Pança Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *