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Gostaria de estar presente à festa desse casamento. Já imaginei as empadinhas de mortadela e os cajuzinhos de xuxu. Não os provaria, não tenho estômago para tanto. Conversaria com os senhores da elite paulistana e com as madames da zona sul carioca, felizes e orgulhosos da união de duas famílias que um dia já tiveram diferenças, mas que se descobriram muito, muito próximas. Brigas fazem parte do passado. Guardar mágoas para quê? PT e PSDB são como coronéis da antiga literatura nordestina, aqueles que brigavam pela demarcação de terras mudando as cercas quando o outro não estava olhando. O que um roubava de dia, o outro tomava de volta à noite. Uma guerra tranquila, combinada até no licor de jenipapo. Ambos sabiam que se o empurra-empurra ficasse apenas entre os dois, se não entrassem terceiros, o terreno político brasileiro seria deles ad aeternum e o resto do povo que se lasque. Porém surgiram terceiros e isto foi intolerável. Chegaram a pagar aos jornais e juízes da comarca para destruírem o novo-rico do pedaço, mas não conseguiram. O bicho é chucro e burro feito uma porta, mas é tinhoso e tem muito povo ao seu lado. Então uma união se fez urgente e necessária. A união de Luladrão e Alckmin apazigua as duas famílias e conforta os mais preocupados. Conforta primeiro os petistas, que estão inseguros desde a queda de Dilmanta e precisam de votos dos conservadores para se elegerem. Mas conforta ainda mais os cabeças-brancas órfãos do PSDB, partido que perdeu o metrô da história. Falo daquele eleitor que sofre do que particularmente chamo de “Síndrome de Tucano sem Ninho”. Não à toa Alckmin está desde o o ano passado levando gravetinhos no bico para se acomodar do lado de Lularápio. Afinal, ratos também fazem ninhos e o do PT é grande, confortável, e fértil. Sabendo dividir bem o espaço – e as propinas – podem ter um casamento de sucesso e até, quem sabe, realmente ganharem a presidência embalada para presente. Chance sempre há. Mas ainda duvido que isto aconteça. Porque, ainda na festa do casório, eu concordaria com grande parte dos convidados, e do mercado financeiro, que cochichariam de lado: ai, ai, isso não vai durar. Não há como. Não por conta de diferenças, mas pelo quanto se assemelham. Mesmo que vençam, não dou dois anos para que role um litigioso divórcio que parará o país mais uma vez. Pois há de chegar o dia em que Luladrão baterá a carteira de Alckmin e descobrirá que já era a dele no bolso do tucano. Ou vice-versa. Tanto faz. De minha parte adoraria produzir uma comédia sobre o que o mercado comenta e espera: até que o impeachment os separe. Idéia anotada. Pode render uma grande sátira. Quem sabe? Porque só mesmo rindo é que dá para levar uma palhaçada dessas a sério.
Parabéns pelo seu texto, Maurino!
Nota mil!