DEU NO JORNAL

Rodrigo Constantino

Chegando ao final do primeiro ano de governo já podemos fazer um balanço. A economia, incluindo a infraestrutura, é o grande carro-chefe do governo Bolsonaro. Paulo Guedes, o seu Posto Ipiranga, foi o grande acerto do presidente, que não só apostou nele como lhe concedeu autonomia.

Guedes montou uma equipe de primeira, com viés técnico e liberal, escalando craques como Salim Mattar, Paulo Uebel, Adolfo Sachsida e tantos outros, e juntos conseguiram aprovar importantes mudanças, como a MP da Liberdade Econômica, a venda de ativos estatais na casa de cem bilhões de reais, a liberação do FGTS etc.

Tarcísio Gomes de Freitas é outro incansável trabalhador e a pavimentação de inúmeras rodovias com atração de capital privado tem sido sua marca registrada. Menos burocracia, maior abertura comercial, privatizações, estancar a sangria fiscal, descentralizar os recursos por meio do federalismo, essa tem sido a tônica do governo na economia, levando a sério o slogan Menos Brasília Mais Brasil. Bolsonaro, como técnico do time, tem mérito e precisa ser reconhecido por isso.

A maior conquista, desnecessário dizer, foi a reforma previdenciária. Muitos achavam que era melhor aproveitar o projeto do governo Temer, que previa redução de gastos de meio trilhão em dez anos. O governo, com apoio amplo do Parlamento, entregou o dobro! E isso foi o principal fator para permitir a queda acentuada dos juros, em seu patamar mínimo histórico (enquanto a Bolsa vai fechando em seu nível recorde).

A segunda grande estrela, em pé de igualdade com Guedes, é Sergio Moro, claro. E entregou resultados. A queda de mais de 20% na taxa de homicídios tem ligação direta com medidas tomadas por seu ministério, em parceria com governos estaduais. O projeto anticrime está avançando no Congresso, ainda que desidratado. A imprensa achou que Moro cairia faz tempo, mas ele segue firme e forte, para desespero dos corruptos.

Mesmo em áreas mais polêmicas, como a Educação e o Meio Ambiente, não acho que Bolsonaro tenha errado tanto. O MEC peca por sua gestão, mas o Enem deu certo e o combate à doutrinação ideológica é desejável, ao contrário do que prega boa parte da imprensa. E Ricardo Salles tem sido alvo de muito ataque ideológico também, gente que gostaria de ver um governo histérico com o aquecimento global, sendo que Salles entende, corretamente ao meu ver, que as prioridades são outras, como o saneamento e problemas locais, e o desenvolvimento econômico não precisa conflitar com a preservação do meio ambiente. Damares Alves também tem méritos por comprar brigas ideológicas em sua pasta e tentar resgatar o bom senso e a ciência, como a biologia, em meio a tanta ideologia de gênero e lixo “progressista”.

Do lado negativo ficam mesmo as polêmicas desnecessárias produzidas pelo presidente e seus filhos, influenciados pela ala olavista, que servem apenas para afastar eventuais apoiadores e alimentar o clima de polarização radical no país.

Não obstante, eu daria uma nota entre 7 e 8 para esse primeiro ano. O próprio Bolsonaro, de forma humilde, deu-se uma nota 7, por reconhecer que está numa curva de aprendizado. Resta saber se o presidente vai se afastar do olavismo e colar em Guedes daqui para frente, ou se fará o contrário. Até porque as duas coisas parecem cada vez mais antagônicas…

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