MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Chegamos ao final de 2020 com muitas mágoas, com muita tristeza causada pela dor da perda de pessoas amigas, de familiares e, até mesmo, de outros que a gente conhecia através da arte como Aldir Blanc, Paulinho do conjunto Roupa Nova, Armando Mazareno, dentre tantos. Faltou uma ação associada ao “fique em casa” esperando os pulmões estourassem para depois procurar o hospital e ser matéria prima da imprensa noticiando mais uma morte em letras garrafais. Eu sou amante da Física e nela um tema que muito me atrai é a dinâmica que estuda as causas dos movimentos. Faltou isso: estudar as causas.

A ciência deixou muito a desejar. Não apenas porque não produziu respostas imediatas, mas também porque não se prontificou a explicar fenômenos fora do padrão e dentre estes eu cito o caso do número de óbitos na África bem menor do que muitos países desenvolvidos. O que tivemos lá de tão diferente? Muitos se referiram ao uso de remédios contra verminoses, notadamente o ivermectina. Eu não estou aqui dizendo que o uso do remédio evitaria a doença ou a morte. Ainda não tirei meu diploma de imbecil. O que estou dizendo é que onde foi usado houve menos mortes. É só comparar com as demais regiões. Eu não sou imbecil para acreditar numa correlação significativa entre número de óbitos e dosagem de ivermectina. Só um tolo pensa assim. Mas, caberia à ciência analisar se havia causalidade, no mínimo, uma relação de causalidade. Custava o quê? Não sei, mas talvez menos mortes! A ciência tem suas escolhas e raras estão dissociadas do poder econômico e do interesse político. A ciência sustentou a produção de gases para matar judeus nos campos de concentração.

Vamos entrar em 2021 sob os auspícios de uma vacina. É necessário? Lógico! Mas, onde está nosso Albert Sabin? Esse cara foi o maior exemplo de dignidade para quem faz ciência. Ele renunciou aos direitos de patente da vacina contra poliomielite pelo mundo, fato que permitiu uma difusão maior da vacina e que, graças a isso, eliminou, quase que totalmente, o vírus da poliomielite no mundo e o ele não ganhou um centavo com isso. Não há mais Sabin no mundo? Creio que não. Há uma indústria farmacêutica que visa lucros com o AZT que o SUS compra para dar, diariamente, aos soropositivos. Uma indústria que lucra com as aplicações de quimioterapia, a cada 21 dias, ao preço módico de R$ 5 mil (tomando como referência uma medicação dada a minha irmã em 2006) por aplicação. Precisa ser muito burro para ofertar um remédio que cure a AIDS, o câncer, a diabetes, etc. Precisa ser muito burro mesmo.

Infelizmente a memória de longo prazo não funciona para alguns, mas parece que as pessoas colocaram no esquecimento a campanha massiva da indústria farmacêutica contra os remédios genéricos, numa alucinada divulgação de que eles não serviriam. Usaram médicos cujas pesquisas eram financiadas por laboratórios para defender remédios de marca. Eu vejo tudo isso hoje exatamente como um flashback. Grandes autoridades médicas se posicionando contra isso ou aquilo atendendo preceitos da indústria farmacêutica. No Brasil, foi preciso uma lei (Nº 9.787, de 10/02/1999) para que médicos do SUS prescrevessem o princípio ativo do remédio e isso provocou uma mudança no comportamento da indústria farmacêutica que se adequou para ofertar o princípio ativo e com isso aumentou o preço de remédios genéricos. Em vários casos eles passaram a ter preços quase idênticos aos remédios de marcas e há casos que são mais caros!

Vamos adentrar 2021 com esperanças diversas das que tivemos para 2020. Nossa esperança é que a vida volte à normalidade, que a economia gere empregos, que as pessoas possam respirar aliviadas.

Para nós do JBF, o tempo não parou. Com a pandemia buscamos uma forma de nos conectar num ambiente remoto e jogar conversa fora bem no estilo do que diz Neto Feitosa: aqui só cabem inutilidades mesmo. Foram 16 quintas-feiras e duas terças que contamos com o bom humor de Luiz Berto, Rodrigo de Leon, Sancho Pança, Maurino Júnior, Jesus de Ritinha de Miúdo, Roque Nunes, Goiano, Renata Duarte, Marcos André, Rômulo Simões, Adônis Oliveira, Neto Feitosa, Marcos Mairton e Fernando Gonçalves (espero não ter esquecido ninguém, mas se aconteceu, de antemão, peço desculpa).

Esse “magote” de abestalhados falou de tudo: cornos, boiolas, doidos, dos costumes do povo mato-grossense, filosofia de bares e de para-choque de caminhão, da profissão mais antiga do mundo, de viagens à China e à cochina, da língua portuguesa, do Enem, do cearês, do pernambuquês, da cultura na lei, de Orlando Tejo, e a última do ano, apesar das intercorrências da tecnologia, um apanhado sobre as músicas de duplo sentido e cacofonias. Agradecemos a presença dos leitores e colunistas como Xico Bizerra, Cícero Tavares, Artur Tavares, Hélio Fontes, Ivon, Pablo, Aristeu Teixeira, Arael Costa, e tantos outros que se conectam para ouvir lorotas, mas quero agradecer particularmente, a Jesus de Ritinha de Miúdo pelo batismo do ambiente: Cabaré do Berto! Tem ainda a inserção (esperamos que longa) de Constância Uchôa que ontem emocionou com sua beleza potiguar e suas declamações.

Encantou-nos também a presença de Patrícia Luís, uma mineira de Viçosa que, esperamos, brevemente estará trazendo um trem de coisas de Minas para o Cabaré. Esperamos que outros colunistas como Marcelo Bertolucci, George Mascena, Francisco Iteraço, Altamir Pinheiro, José Paulo Cavalcanti, Xico Bizerra (Dominguinhos seria um bom tema), Carlito Lima, Carlos Eduardo, Narcélio, José Domingos, e todos os demais que ainda não participaram, nos brindem com sua experiência. Temos alguns como problemas de internet (Dalinha Catunda, José Ramos), outros com agenda (Jessier Quirino), que esperamos resolver. Teremos 52 quintas-feiras pela frente. Somos muitos colunistas, somos muitos leitores e não precisa participar de todas as reuniões, basta agendar uma data e falar “inutilidades”. Assim, deixo meu abraço a todos e que venha 2021. Uma coisa eu tenho certeza: toda quinta das 19h30 às 20h30 eu vou ter motivos para sorrir.

38 pensou em “UM AGRADECIMENTO

  1. A recíprocra é verdadeira!!! Um Ano Novo de Paz, alegria, esperança, saúde, realizações e muito, muito mais, Assuero!!!
    Que tal se nós fizéssemos um grupo no vát vát, com o nome CABARÉ DO BERTO??kkkkkkkkkkkkkkkk!!! Seria mais uma forma de manter esse bando de doido malassombrado conectado. Pense aí numa forma de viabilizar esse… mais um, desmantelo!!!
    Longa vida ao Cabaré do Berto e longa vida a esses maluvidos da bixiga lixa!!!

  2. Beleza, Caro Assuero ]

    Você tornou mais próximo a “cambada” de colunistas e leitores do JBF com seu “cabaré’ virtual. Muito bom para alegrar a rapaziada em tempos tão tenebrosos e obscuros que atravessamos. Assim que eu me inteirar de como funciona a brincadeira e consertar meu computador quero participar desta “assembleia” de malucos bem intencionados.

    Concordo em boa parte com suas críticas ao desempenho da nossa ciência, tão experiente em vacinação pública. Senti a falta de uma crítica ao governo que desconsiderou e vem desconsiderando a gravidade da pandemia e até agora não tomou as providências necessárias para aliviar o problema.

    Em vez disso, vem tratando do problema em cima de um palanque político.

    Mas isso a gente conversa depois. Tratemos agora de nos confraternizar e desejar à todos os leitores e colunistas do nosso JBF um ano novo mais próspero na
    recuperação das perdas econômicas que tivemos e oremos aos que perderam a vida.
    .
    Me consultei com uma cigana e ela me garantiu o que o ano que entra, como se diz no Nordeste, será melhor que este.

    Boa passagem de ano para todos nós

    Brito

    • Brito, não tem segredo. É clicar no link e aproveitar. Se precisar apresentar um powerpoint, a gente orienta, se não, é só deitar falação. Bom, sobre o não ter falado do governo foi proposital. No mundo inteiro, oposição e governo se uniram e trabalharam para enfrentar um mal comum. Aqui a gente viveu essa celeuma que começou com HCQ e está se estendendo para a vacina. Vamos sair dessa.

  3. Caro Maurício.

    Antes de tudo quero desejar lhe um excelente 2021, cheio de paz, alegria e saúde, extensivo a todos os fubânicos, especialmente ao mestre Berto.

    Tivemos um ano pródigo em imbecilidade, desinformação, estupidez e todo o tipo de viadagens. Neste cenário o JBF foi um oásis de liberdade, bom humor e inteligência.

    O cabaré do Berto, criação tua e batizado por Jesus de Ritinha, foi a cereja do bolo, aproximando leitores e curiosos, como eu, dos colunistas de quem sempre fui fã.

    Obrigado a você e ao Berto.

    Estaremos junto em 2021.

    Feliz ano novo a todos.

  4. Rapaz, você disse tudo.
    Seu texto seguia uma linha e, sem esperarmos, você puxou a alavanca e fez com que o trem mudasse a direção sobre os carris sem, no entanto, perder o rumo da prosa.
    Casou Bebé com Tomé.
    Quanto a mim, só tenho a agradecer.
    Primeiro a Deus por tudo. Até por este ano de vinte, tão louco, porém, me aproximando mais de vocês. Depois a vocês por me aceitarem de forma tão simpática. Ao Papa Berto por ser esse vetor de união.
    Por fim, que Deus nos abençoe com dias de paz e saúde, nesse vinte e um cujas dores de parto o tempo já sente.
    E viva o Cabaré de Berto.

  5. Para quem não leu os comentários alhures sobre a apresentação de ontem, 29 de dezembro de 2020, a cargo de Maurício Assuero, falando do uso de cacofonia na música, dentre outras molecagens, aviso que quem perdeu não acha mais, foi de matar de rir, porque os nossos músicos realmente são geniais na capacidade de criar junções de palavras para formar outras, cheias de picardia (eu disse picardia?) e o Assuero expôs o assunto com graça e leveza, sem deixar de lado a machideza que lhe é peculiar.
    Na apuração da multidão presente a PM se superou: apontou que a reunião já começou com 24 pessoas, mas quando surgiram problemas técnicos 26, segundo ela, deram o fora… pode?
    Por isso é que se deve confiar na minha contagem digital, feita a dedo de urologista, que registrou a presença de 619.000 pessoas que vieram e a ausência lacunosa de mais de quinhentas mil que deixaram de comparecer.
    E mais uma vez, embora a entrada seja gratuita, houve pedidos, por uma turma de safados, da devolução do dinheiro dos ingressos, alegando que Constância não veio declamar, e quase não declamou mesmo, porque uns caras lá deitaram falação um tempão, sem ligar o desconfiômetro, já ia quase a alta madrugada, mas afinal abriu-se o espaço necessário para momentos de puro deleite, quando a viola nordestina foi devidamente homenageada em belos versos.
    Assim foi a noitada, quem perdeu que fique chupando o dedo.
    Quinta-feira que vem tem mais, às 19h30 minutos, mas é segredo.

  6. Prezado Maurício,

    Comecei a rabiscar uma resposta para você, mas ela ficou tão grande que a transportei para um outro artigo que mandarei para o Berto. Se der ainda hoje.

    Como decidi não comentar a primeira parte do seu belo texto, sobre a pandemia, para não me aborrecer e não fugir da mensagem principal que queria mandar para todos, deixo apenas o seu parágrafo inicial:

    O JBF é o boteco que não frequento, aquele mesmo!, que dá vontade de largar tudo para encontrar os amigos e jogar conversa fora.

    Um feliz e abençoado ano novo para toda essa maravilhosa comunidade fubânica.

  7. O CABARÉ DO BERTO;

    Sem nenhum tostão, sem dinheiro no bolso, o professor de matemática Maurício Assuero teve uma ideia inovadora para o JBF, que fugiu do controle do dono, Luiz Berto, e criou dentro um playgraud de diversão para os doidos com juízo, mas cronometrando o espaço de cada um dos participantes para falação e conversa fora, senão avacalha tudo, porque a turma é fera e estão sedenta de fuleiragem.

    Depois veio o poeta Jesus Ritinha de Miúdo e abrasileirou o nome do playgraud: Cabaré do Berto, onde por lá já desfilou um carnaval de alegria, descontração e fuleiragem, todas as quintas-feiras, descontando duas exceções por motivos óbvios.

    Não satisfeita, a turma de gaiatos tão querendo mais: sala de chamego, conversa ao pé do ouvido no zap e quermesses…

    O JBF só não perde o juízo porque seu mentor não é doido, embora deixe ser levado pela sacanagem dos participantes.

    Interessante, 2020, ano de pandemia e terrorismo da imprensa funerária, abriu-se a porta da alegria no Cabaré do Berto para descontrair a todos que participamos e dar um basta a essa carnificina da imprensa bostel!

    Feliz 2021 a todos nós.

  8. Ô mundiça da gôta serena…
    Infelizmente perdi o final da sessão de ontem, dado ligeiro problema em meu link.
    Mas, é isto mesmo.
    Pobre num tem direito de gozar, não!
    Mas, Maurício. Essa sua menção sobre os procedimentos médicos e oferta de remédios e/ou tratamentos me leva a recordar uma estória que ouvi há muito tempo, envolvendo um velho farmacêutico do alto sertão, cujo filho, médico recém-formado, que fazia pós-graduação em Universidade de prestígio veio passar uns dias no sítio e fez seu velho aproveitar para ir visitar parentes que há muito não via, lá pros cafundós do judas.
    Fosse em paz, que o filho cuidaria, com amor filial dos clientes de seu “velho”.
    No regresso do velho, tomando um último café no alpendre da casa, o filho apresentou seu relatório, desfilando os atendimentos feitos e as providências tomadas, até que chegou a vez do Coronel Jacinto Rego, que tinha bela “quizila” na perna.
    Meu pai, sabe aquela ferida feia na perna do Coronel? Fiz umas aplicações de pomada Borborácica e num instante ela fechou. Tá, hoje, limpinha, limpinha…
    Ao que o velho farmacêutico, do alto de sua sapiência, retrucou: “menino inexperiente, danado. É aquela ferida é que lhe sustenta na faculdade, lá no sul maravilha!!!”
    Mas…
    Sigamos em frente, atendendo às ordens de nosso ótimo cabaretiê Berto…
    Saravá.

  9. Pois é Mauricio …… Um grande ano pois estamos aqui, ainda, firmes e fortes, com o JBF ……

    Como diz minha centenária mãe …… “…..Sejamos gratos pelo que temos e não tristes pelo que gostaríamos de ter……”

    Parece que este ano consolidamos a posição numero um desta Gazeta, no cenário jornalístico nacional, quiçá mundial e somente isto tornaria o ano sensacional

    Agradeço ao Berto pelo espaço e aos colunistas por este aprendizado fantástico durante todo o ano .
    Com estas idéias e estas inteligências com certeza iremos aos poucos melhorando o Brasil, excetuando-se o Goiano que não tem mais jeito ( KA KA Ka)

    Semear esperança, espelhar amor e carinho, concentrar na harmonia e na paz

    Feliz 2021 à todos ( inclusive ao Goiano ), renovando as esperanças e fortalecendo a fé …….

  10. Sr. Maurício,
    A respeito de seus comentários acerca da ivermectina, sugiro que abra no Google o “DiáriodoBrasil.org” e veja na listinha de tópicos o que fala sobre o médico que querem calar.
    Ele comenta sobre o citado medicamento em pleno senado americano.
    Feliz ano novo.

      • Meu nobre professor Assuero, feliz 2021.

        O JBFcresceu tanto que ficou fora de controle. Ao ponto de sofrer centenas de ataques ciberneticos, visando feri-lo de morte.

        Um blog que incomoda muita gente. Decerto,
        gente doente.
        Saímos da esfera puramente literária e saltamos para o mundo da imagem e do som, em tempo real. Incrível eu interagir com meus ídolos ali, ao vivo e à cores. Devemos esta salutar interação a você e o Berto. E agora somado ao WhatsApp.
        Mandarei meu número para seu e-mail.

        Nós da comunidade bestafubanense, é que agradecemos por tudo.”Nossas quintas feiras já mais serão a mesma “.

  11. Maurício.

    Apesar da imprensa agir como abutre, toda pescoçosa, achando que o brasileiro era carniça rezada e encomendada e melhor amortalhada, sobrevivemos, e no Cabaré do Berto encontramos força para seguir adiante e continuar abestalhando o mundo. Feliz Ano Novo e contas novas para todos os sócios do cabaré.

  12. Caro Assuero,
    Obrigado por ter lembrado do meu nome, apesar de ser apenas um espectador cativo das reuniões do Cabaré do Berto, este que se transformou numa espécie de sessão de terapia das nossas quintas-feiras.
    Que no ano que vem nós possamos usufruir da presença de todos os fubânicos e de dar boas gargalhadas juntos.
    Forte abraço e um Feliz Ano-Novo a todos.

  13. Pingback: RÔMULO SIMÕES ANGÉLICA – BELÉM, NÃO DE JUDÁ, MAS DO PARÁ | JORNAL DA BESTA FUBANA

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