ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Essa é uma palavra das antigas, já pouco usada, e menos compreendida ainda. Para aqueles que não são “cringe”, tacanho significa antiquado, ultrapassado, cheirando a bolor, a mofo, cringe. Isso porque a onda do momento é não ser cringe. Já me perguntaram o que isso significa e eu disse que cringe é aquela pessoa que trabalha de segunda a sábado para pagar conta de água, luz, celular, internet, cinema, gasolina e mesada das pessoas que não são cringe. Mas, deixa isso pra lá. O que me levou a escrever este texto foi outro fato que aconteceu agora a pouco com este caeté e uma charge – recuso-me a chamar de “meme -, que enviei em alguns grupos. Por causa disso fui censurado pelo “politicamente incorreto”.

Lembrei ao meu censor que politicamente incorreto é apenas vagabundagem intelectual, de candidatos a tiranete, e fiz ele ver que a função do humor é essa mesma: ser incorreto, pois, segundo Gil Vicente, é rindo que se castigam os maus costumes. Houvesse o Brasil mais satírico e com mais humor, provavelmente, muitos daqueles que nos infelicitam a vida, e conspiram cotidianamente contra o país, estariam em suas insignificâncias como algum amanuense – taí outra palavra em desuso -, em algum grotão deste imenso país.

Fiz meu interlocutor ver que os únicos que gostam de seriedade, de cenho (de novo um arcaísmo) cerrado são os tiranetes deste mundo: dos tarados assassinos de esquerda aos tarados assassinos de direita, passando pelos tarados que agem em nome de Deus. Pergunte-se se na Nicarágua, do estuprador de enteada, Daniel Ortega há algum humorista, ou na Cuba dos decrépitos Castro, ou no Irã dos aiatolás atômicos, ou na Faixa de Gaza dos loucos do Hamas? Alguém já viu o gordinho tarado da Coreia do Norte conviver com humoristas? Só quando ele manda matar as pessoas com míssil terra-ar, aí ele ri, descaradamente.

Mas, como disse no título desse texto, sou tacanho, e por ser tacanho uso expressões que são ultrapassadas, que já caíram em desuso, bolorentas mesmo. Mas, há situações e expressões que vejo todos os dias e que me levam a pensar que a modernidade está nos levando a um abismo, que quer amordaçar quem pensa diferente, quer calar quem discorda do seu pensamento “politicamente correto” e eliminar o dissenso como se fosse algo criminoso. Vejamos algumas situações em que a minha intrujice (olha o tacanho de novo) incomoda, e muitas vezes isso provoca discussões acerbas (putz!!!) sobre o que falo.

Veja o caso do chamado “campo progressista”. A palavra progresso é formada por duas palavras: pro – que significa para frente, e gressus – ou seja, passo. Literalmente progresso seria dar um passo à frente. Todavia, eu não entendo como alguém que se diz progressista invista na divisão da sociedade: homens contra mulheres, homossexuais contra heterossexuais, negros contra brancos, pobres contra ricos, nordestinos contra sulistas. Investe-se na cisão (de novo) do tecido social com uma sanha (mais uma vez) que parece que há uma intenção em se fazer terra arrasada da sociedade.

O dito campo progressista possui regras que, os temas que a eles são caros, são intocáveis, mas os temas do outro lado, isso pode ser alvo e objeto de debate. Veja-se o caso da doença do presidente da república. O campo progressista está alvoroçado, fazendo novenas, comprando fogos, torcendo para a morte do presidente. Para eles isso é legítimo, é válido. Quando Lula e Dilma Rousseff ficaram doentes, eu, mesmo não concordando com uma vírgula com eles, orei pela saúde deles. Isto porque para mim, uma morte, qualquer morte de um ser humano, nos diminui como seres humanos, nos rebaixa e nos nivela a seres bestiais.

O segundo grupo que me deixa basbaque (hoje estou impossível), é o feminista. Chegou-se a um paroxismo (mais uma vez) de se criar um grupo que tem ódio ao sexo masculino e que prega a sua destruição, colocando em risco a sobrevivência da espécie. A menos que as feministas tenham descoberto um modo de reprodução assexuada, ou por partenogênese (essa foi de lascar), a destruição do masculino causa a destruição do feminino como espécie também. Será que isso é tão obtuso ( mais uma vez) de se ver? Alia-se a essa obtusidade a falta de visão histórica, o rancor, a arrogância e a pusilanimidade (essa doeu) nos discursos feministas. São rasos, baseados em chavões e em ferrolhos. Basta você dizer algo que não agrade a esse discurso e logo pregam na sua testa: fascista. Pronto, acabou-se o debate aí.

Eu, sinceramente, sou conservador nos seus aspectos mais tacanhos. Mas o meu conservadorismo não vai na linha da teoria. A Teoria é boa? Com certeza. Porém, ela esteriliza um debate mais aberto, mais franco e mais amplo, principalmente com aquelas pessoas que não conhecem e não tiveram oportunidade de ler a teoria. Aí, quando se faz um encontro com conservadores, e se convida pessoas de fora desse círculo, elas ficam caladas, pois o discurso, o diálogo e a troca de ideias ficam herméticas (mais uma vez), vira convescote (arrupiou os cuelhos essa) de comadres. O conservadorismo que eu busco, é esse conservadorismo tacanho, tipicamente caeté, ou tabaréu, semelhante ao capiau que corta fumo de corda e enrola na “paia de mio” prumode fazê um cigarrinho e pitá adispois do café.

Eu rejeito, como conservador, esse progressismo que investe na divisão da sociedade, nesse feminismo que prega o ódio e a extinção do macho da espécie, porque ele é irracional e atenta contra a sobrevivência da própria espécie. Abomino a militância gay que investe contra o modelo de família heterossexual, monogâmica e monossomática (essa foi de lascar), investe contra a religiosidade dos outros e contra o respeito. Sei de vários casais gays, homens e mulheres que são até mais conservadores do que eu. Só querem viver a vida deles em paz, trabalhar, construir um patrimônio, não interferir e não ter as suas vidas interferidas, por quem quer que seja.

Eu rejeito a tal da “ideologia de gênero”, tanto em sua forma, quanto em seu conteúdo. Aliás, nem ciência é. A ideologia de gênero é apenas um movimento de tarados morais que negam a ciência, investem na confusão e na desorganização social. Neste período de pandemia eu vi e ouvi diversas pessoas falando que “isso não tem comprovação científica” quando o caso era o uso da hidroxicoloroquina. Ora, eu tomei hidroxicloroquina no coquetel preventivo. A Covid-19 ficou apenas três dias em mim. Fui hospitalizado sim, mas por causa da pneumonia, não da COVID-19. Eu sou uma prova de que funciona sim.

Mas o movimento de ideologia do gênero, que diz ter apreço à ciência, não resiste a cinco segundos de argumentação lógica. O argumento de base dele é “ninguém nasce homem, ou mulher”. Argumento capcioso (tacanhice pura). Alegam isso, e afirmam que se nasce homossexual. Ora, um homossexual, bissexual, pansexual, assexual, seja o que for, fisiologicamente e geneticamente, ou é homem, ou mulher. Se o indivíduo possui o cromossomo XX é do sexo feminino, pois a fisiologia vai refletir esse cromossomo. Se for XY é masculino. Ocorrem defeitos cromossômicos? Evidente. Mas quando estes ocorrem nesse par que define o sexo, o produto é um indivíduo estéril.

Quero viver em uma sociedade conservadora em que o Estado cobre de mim apenas o justo para se manter e oferecer os serviços essenciais (Segurança, Diplomacia e Moeda), em que, o que as pessoas fazem, com quem fazem só será do interesse delas. Uma sociedade em que eu possa professar a minha fé, sem ser constrangido, onde eu possa erguer a bandeira do meu país, sem ser ameaçado, onde eu possa satirizar quem eu bem entender, dentro dos limites da lei, sem ser censurado por isso. É essa discussão que precisamos massificar, de forma simples, direta, sem empolação (tacanhez) e sem arrogância. Precisamos trazer a sociedade de volta à racionalidade (essa é mais tacanha de todas, porque hoje todos estão investindo no seu ápodo – doeu -) se quisermos ser uma nação viável e justa.

12 pensou em “TACANHO

  1. Caro Prof. Roque,

    Não tenho adjetivos para lhe aplaudir pela aula que acabo de receber lendo sua matéria.

    Sou seu leitor assíduo mas desta vez, confesso, li duas vezes seu artigo, porque, além de atual quanto ao tempo, é dosado de elementos muito úteis para que se compreenda algumas maneiras de se dominar o vernáculo em nossos atribulados dias, quanse fala e se escreve mal.

    Acima de tudo, os enfoques estão naa mesma linha do meu pensamento.

    Aprendo a cada dia mais, com o que você escreve.

    Meu abraço e Bom Domingo,

    Carlos Eduardo

  2. Pois é……

    É um texto brilhante mas, infelizmente, entendido no seu âmago (Uau…. to aprendendo) por poucas pessoas, sejam conservadores sejam “progressistas”……

    Para resumir, vou ficar com o final pois é a essência de tudo……

    “… Sem justiça nunca haverá uma nação….”

    Parabéns pelo texto, com este final espetacular

  3. Ah, os conservadores… São tantos e tão especiais neste bertiano JBF….

    Eu (neste EU incluo 99,9% dessa gente fubância) rejeito, como conservador, esse regressismo denominado por eles de progressismo, que investe na divisão da sociedade; nesse feminismo suvaco cabeludo que prega o ódio e a extinção do macho da espécie, porque ele é irracional e atenta contra a sobrevivência da própria espécie. Abomino a militância gay que investe contra o modelo de família heterossexual, monogâmica e monossomática (essa realmente foi de lascar), investe contra a religiosidade dos outros e contra o respeito. Sei de vários casais gays, homens e mulheres que são até mais conservadores do que eu. Só querem viver a vida deles em paz, trabalhar, construir um patrimônio, não interferir e não ter as suas vidas interferidas, por quem quer que seja.

    Roque, o texto é seu, mas cai como luva para muitos de nós.

    Neste JBF estarei enquanto existirem HOMENS de sua envergadura a dar o recado através de textos que não deixam a menor dúvida aos que aqui entram: é o JBF um espaço conservador, algo tão difícil de encontrar nos dias de hoje.

  4. Adorei seu texto, prezado Roque! Parabéns! Fiquei com a alma “lavada e enxaguada” rsrs….

    Em Nova-Cruz (RN), pequena cidade do Rio Grande do Norte, onde nasci e me criei, se usava muito a expressão “mentalidade tacanha”, para descrever alguém ranzinza, teimoso, opinioso, birrento ou burro.

    Gosto muito das palavras arcaicas, apesar de serem ridicularizadas, no modernismo atual.
    Abomino certos modismos, inclusive a ideologia de gênero. Para mim, Deus criou o homem e a mulher, sem meio termo, e com a finalidade do “crescei e multiplicai-vos.” Sou arcaica…rsrs.

    Um abraço, e bom final de semana!

  5. Roque, cabra tacanho da peste.
    Eu já caí numa dessas: mandei uma mensagem em tom de brincadeira e levei um esculacho da gota serena. Mas, nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio….o cabra que me esculachou soltou uma pior e fui lá gentilmente alertar como aquela ideia ia de encontro aos conceitos sociais vigentes. Faça o que eu digo, não o que eu faço. É isso Caeté.

    • Patacotaco…. ser caeté é isso mesmo meu caro Maurício. E assim vamos devorando o Sardinha com uma cupidez (rsrsrs) que deixa os olhos brilhantes de alegria.

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