Estive este último mês entocado na minha oca, como um bom caeté, terminando de escrever e formatar minha Tese. Graças a Tupã a defesa será no dia 21/06/2023 às 13 e 30, horário do glorioso Mato Grosso do Sul. Assim que tiver as informações, vou ponhá para os demais caetés. Nhambiquaras, potiguiaras, nhandevas, tupi e guaranis de Pindorama o convite, e aqueles que puderem e quiserem assistir, fico agradecido.
Mas, não é sobre isso que quero falar. Apesar de ficar em silêncio, não deixei de acompanhar as fofocas e intrigas de Pindorama e as putanhices da grande taba central, aquele crime a céu aberto, aquele monumento à inutilidade e à corrupção chamada BrasILHA. E apenas sobre três assuntos banais que está queimando a mufa de muita gente aparentemente centrada.
Sobre a guerra da Ucrânia com a Rússia é até divertido, apesar de ser desastrosa, a campanha do condenado corrupto, alçado à condição de presidente da república – assim mesmo em minúsculo, para homenagear a atual conjuntura -, e seu turismo pelo mundo, com nosso dinheiro, acompanhado da primeira gastadeira de cartão corporativo, em se fazer protagonista da atuação mundial. Nessas horas lembro-me da sentença de Henry Kissinger, ex-secretário de Estado de Richard Nixon, sobre a América do Sul: é uma adaga enterrada no centro da Antárctica. Não significa nada!.
Com certeza, memórias como o Barão do Rio Branco, Azeredo da Silveira, Paulo Sérgio Rouanet – esse mesmo da famigerada lei que dá nosso dinheiro para artistas ricos e que produzem espetáculos grotescos e de cultura suspeita -, devem estar doloridas, por ver o desastre e a falta de objetividade da diplomacia nacional, que tem no descondenado seu mentor. Soa uma piada de mau gosto ver o presidente do Brasil ir a fóruns mundiais falar em democracia, ao mesmo tempo em que defende regimes criminosos como o da Nicarágua, da Venezuela e Cuba. É acintoso escutar o presidente falar nesses fóruns, em entrevistas e ver que ele está, literalmente, bêbado. E não é metáfora. Basta ouvir. A voz está pastosa, claudicante, quase incompreensível, os olhos injetados, os gestos lentos. Qualquer cidadão minimamente capaz de somar um mais um, de cara, vai perceber que o presidente está em estado etílico permanente. O resultado é a indisposição com países democráticos e poderosos e que pode nos render, no médio prazo, um embargo internacional. Aí só nos restará voltar para a mata e plantar aipim e colher jenipapo.
Outro tema que aquece os debates em Pindorama é a dita “falta de base parlamentar do governo” para apoiar seus projetos. Isso é brincadeira, ou deboche com a população que tem consciência histórica? Lula e o PT nunca, em todos os seus mandatos tiveram uma base parlamentar. E não tentem culpar o tal de “Centrão”. Esses parlamentares são tão legítimos quanto os demais, independente do espectro político que ocupem.
Alguém que está lendo este amontoado de bobagem se lembra do Mensalão? Do Petrolão? Vamos por parte. O mensalão, além de ter sido uma tentativa de golpe à democracia brasileira, foi a forma que Lula e o PT encontraram para “montar” a sua base parlamentar. Foi na compra de votos e consciências que isso aconteceu, até que o escândalo foi implodido por Roberto Jefferson. O mensalão foi uma espécie de avant-premiere para se aperfeiçoar a “montagem” de uma base parlamentar forte e que estivesse alinhada com os interesses do PT e de Lula. A figura sinistra de José Dirceu foi o maestro dessa sinfonia bizarra e golpista que deu com os burros n’água.
Com o fracasso do mensalão, Lula e o PT negociaram ministérios e cargos públicos, “de porteira fechada” para que os partidos pudessem entregar votos ao governo. O resultado foi o maior escândalo de corrupção da história da humanidade, não somente do Brasil: o Petrolão. As cenas eram grotescas. Ex-ministros devolvendo dinheiro e entregando os seus comparsas, donos de empreiteiras entregando o “capo di tutti i capi”, devolvendo dinheiro do cidadão que foi roubado – eu não aceito o termo desviado, aquilo foi roubo mesmo -, e distribuído entre comparsas e chefes políticos.
O petrolão foi outra tentativa, ainda mais mambembe de se formar a tal “base parlamentar”, mas há um problema de origem que está no âmago do PT e de Lula. Em todas as tentativas que Lula e o PT fizeram para anular a democracia, não queriam cúmplices, apenas súditos que dissessem “amém” para todos os descalabros dele. E, isso está se repetindo neste exato momento. O PT e Lula não aprenderam com os próprios erros. Hoje eles estão tentando comprar, de novo, uma “base parlamentar” para passar seus projetos autoritários, via as chamadas emendas R-2. É! Aquela mesma rubrica que eles chamavam de orçamento secreto do governo Bolsonaro. Só que agora, inconstitucional, segundo o Supremo Traidor Federal.
Há, porém um “senão” nessa dança macabra. Com a popularização das redes sociais, da internet e de seus fóruns de discussão a coisa ficou mais difícil de ser feita porque o escrutínio é em tempo real. Agora dá para entender o discurso do ministro balofo da justiça em dizer que a liberdade de expressão absoluta acabou. A tentativa de calar a sociedade, censurar as redes sociais e perseguir o cidadão, utilizando como corneta o mais autoritário dos ministros do stf, atropelando a constituição que juraram defender, jogando no lixo o estado de DIREITO, é apenas um movimento, enquanto lançam polêmicas para tirar o foco do essencial.
Por outro lado, vemos no parlamento brasileiro diversos discursos, seja apoiando, ou rejeitando projetos autoritários do executivo. Isso não me preocupa. O que me assusta, de fato, é quando vejo deputado e senador ir, sem pudor algum, às redes sociais e aos veículos de imprensa dizer que “ainda não está convencido desse projeto, ou ação”. Isso é mal sinal. Toda vez que um político, alfabetizado, com “trocentos” assessores, desde jurídicos, até aquele puxa-saco que leva o cafezinho na mesa dele, diz isso, traduza da seguinte forma: O governo ainda não chegou no valor ($$$) que eu quero para apoiar essa estrovenga. Não é convencimento. É compra e venda de voto mesmo. Então, se o seu representante chegar com essa lorota, saiba, ele está querendo mais dinheiro para poder vender o seu voto.
E, essa ação se dá em várias frentes e com diversos cafetões do voto parlamentar que assediam as “vestais” do legislativo. É promessa de liberação de emenda, oferecimento de cargo público, ou indicação de mais um incompetente para a diretoria de um banco, de uma estatal. Uma dança que tinha tudo para dar certo, mas a sociedade, através das redes sociais está mais atenta, quase que responde de imediato a essas tentativas. Aí está a justificativa de se montar o ministério da verdade, a comissão da mentira e da fofoca – recuso-me a chamar de fake news, pois se é mentira, não é notícia, é só fofoca -, se não para censurar, para levar à autocensura e Lula e o PT poder implantar seu projeto acalentado desde quando a quadrilha foi legitimada, lá em 1980.
Quanto às capivaras…, elas estão muito bem, obrigado. Pelo menos aqui na gloriosa Campo Grande, são a grande atração dos parques e córregos da cidade!
Belíssimo texto, Roque!
Quem for da área do DIREITO vai lhe agradecer pela clareza político-jurídica.
Ora, meu caro… até da turma do Dereito eu ando desconfiado… como um bom caeté, prefiro confiar na minha borduna do que nesse pessoal que está saindo das faculdades de direito, e mesmo aqueles que já tem sua carteirinha do sindicato chamado OAB.
Roque, você é um ponto fora da curva da cultura tupiniquim (ou caeté, como queira). Suas análises são perfeitas. Nossos políticos são a representação mais pura da mediocridade e desonestidade do ser humano.
Tenho também certeza de que sua tese (deve ser um tesão, no bom sentido, é claro) será aprovada com louvor, abraços e beijos na língua. Imagino que somente bêbados desavisados podem querer questionar a sapiência desse meu conterrâneo!
Grande abraço, muita saúde e paz.
Magno.
Obrigado pelo beijo na língua…. Ela mais do que merece, pois está apanhando todos os dias de uma corja de safado que querem mandar na nossa voz. Quanto à tese, não chega a ser um tesão, mesmo porque meu orientador disse que arrancaria a minha pele e salgaria o meu couro se ela passasse de 160 laudas…
Saúde e paz aí nos Zistados Zunidos para você.
Parabéns Roque, cada texto seu se supera, vitórias sempre em sua luta diária.
Luiz….. vamos deixar a cidade e voltar para a mata… meu espírito caeté está doido para se fartar naquele chã de dentro do ministro Dino… você já viu o tamanho daquele granito? e o contra-filé então? deve ter uns quatro dedos de gordura. Até enche a boca de água do espírito caeté indomável em mim.
Obrigado pelos imerecidos elogios
Roque, fico contente por duas coisas: a primeira a data da defesa da tese. Vai ser um show e tudo indica que posso. Eu não sei se terei aula às quartas-feiras, mas dá pra espiar. Agora se o convite for pra assistir de forma presencial, manda a passagem que eu dou um jeito…..A segunda é o texto impecável, realista, que retrata a amnésia que esse país tem, bem como a falta de compromisso de alguns.
Meu caro Assuero, Tupinambá de primeira linha. Será on line… se fosse presencial mandaria um anhangá te buscar nas suas asas…obrigado pela condescendência por esse texticulo um tanto fora de tom.
Valeu, Roque.
Saio da leitura com menos ignorância sobre leis.
Jesus, meu caro… ser elogiado por um poeta de seu quilate revela que minha avença é tão profunda quanto uma poça de água que chega a molhar a sola do sapato.
Ainda bem que a aula terminou em capivaras. Foi como um longo e estressante voo em turbulência com uma aterrissagem tranquila em um lugar maravilhoso, tipo Campo Grande.
Fique convidado a conhecer a urbe. Walter Portela adorou. Ficou de voltar para uma cachacinha de fundo de pote. E capivara aqui não falta.
Parabéns pela perfeição do texto, prezado Roque!
A atual conjuntura política é desanimadora.
Só nos resta perguntar: Que País é este?
Faço questão de também assistir a sua defesa de Tese!
Grande abraço!
Obrigado pelas doces palavras, minha cara Violante. Sua presença na minha defesa será muito bem vinda