Café pingado servido no copo com pão e manteiga
Deitar cedo para dormir – por volta das 21/22 horas – para acordar cedo, também. Andar alguns quilômetros de ônibus ou de bicicleta para, em seguida, pegar o trem com destino à Central do Brasil.
É essa a rotina do trabalhador que mora na periferia do Rio de Janeiro. Quase sempre tendo como destino final o “Centro”. As linhas do trem podem ser Central-Santa Cruz, Central-Nova Iguaçu ou Central-Belford Roxo.
Linhas urbanas servidas por ônibus podem levar a Caxias ou Campo Grande e Santa Cruz, ou ainda, Nova Iguaçu, e também a Belford Roxo. Num determinado trecho, a via única é a Avenida Brasil com aderências em Bangu, Guadalupe ou na bifurcação com a Rodovia Washington Luiz.
Mas há quem, por residir em Niterói e bairros periféricos a essa cidade, utilize a travessia por lancha no itinerário Niterói-Rio até a Praça XV, ou, simplesmente utilize a Ponte Rio-Niterói, o que obrigará, também, a usar a Avenida Brasil a partir do Caju.
Quem trabalha no Rio de Janeiro, quase sempre faz a primeira refeição na própria cidade, e preferencialmente, próximo do local de trabalho. Essa primeira alimentação (“breakfeast”) é uma tradição “carioca”. Uma verdadeira deturpação do que possa ser um “café da manhã”.
Uma “carioquice”, por assim dizer.
– Sai um “pingado” com pão e manteiga! Esquenta na chapa, faz favor!
É assim que alguém pede o simples café com pão e manteiga (margarina), sem esquecer de “comprar a ficha” antes, ou pagar antecipado.
Mas, há também quem disponha de mais tempo para “forrar o estômago” ou porque terá outro compromisso no horário do almoço. Assim, terá que “pegar algo” mais caprichado para garantir o tranco até o final do dia.
Aí a pedida será um sanduíche de pernil suíno, passado na chapa quente e caprichado com cebola e tomate. Para “ajudar”, uma cervejinha Caracu ou Malzbier preta. É “café da manhã” se aproximando de um almoço.
Carioca ou não, quem trabalha no Rio de Janeiro não vive somente no “tranco”, tampouco na “malandragem” como imaginam muitos que visitam a Cidade Maravilhosa apenas para férias ou lazer turístico.
Para esses, a sexta-feira está grafada na agenda de qualquer um, como o início do lazer do fim de semana. Chopp com bolinhos de bacalhau – que ninguém é de ferro! – cervejinha gelada com direito a atendimento de Menina Verão, ou até “outras paradas”.
Quem assumiu compromisso para algumas “horas extras” no trabalho, precisará se alimentar de forma mais leve, e, ao mesmo tempo, melhor.
A solução que muitos procuram, veio de Portugal, mas já ganhou tons e atrativos brasileiros ou alemães. É o famoso Caldo Verde! Não há quem prove e não vire escravo.
Mas, se em vez do Rio de Janeiro você estiver em São Luís (MA) ou em Belém (PA), ainda que não esteja se dirigindo ao trabalho, o “breakfeast” será outro. Mais regional, mais “pesado”, e que, com certeza, se adaptará mais ao consumidor local.
Falamos do açaí, para os paraenses que frequentam o Ver-o-Peso; ou da juçara, para os maranhenses, que frequentam a Feira da Praia Grande (Casa das Tulhas) ou o Mercado Central.
Em Belém (PA) ou em São Luís (MA), nem pense em se servir de açaí ou juçara sem o tradicional camarão seco salgado. Em Belém, usa-se a “tapioquinha”; em São Luís, usa-se a “farinha de puba”.
Juçara com farinha de puba e camarão salgado