ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

O cérebro humano mede o tempo pela observação dos movimentos. A noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.

O nosso cérebro é otimizado, ou seja, ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Um adulto médio tem entre 40 a 60 mil pensamentos por dia. Qualquer um de nós ficaria perturbado se o cérebro tivesse que processar conscientemente tal quantidade. Por isso a maior parte desses pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia, portanto, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você sente que está mais vivo.

A rotina faz você sentir o tempo acelerar porque o cérebro age de forma automática. Se quiser utilizar melhor o seu tempo, mude a rotina. Muito das nossas ações diárias estão no piloto automático. É assim que o cérebro economiza energia. Fazer mudanças significativas e duradouras na vida depende de sua capacidade de formar e executar novas metas, realizando de forma consistente o suficiente para que se tornem habituais.

Finalizo o artigo utilizando o talento do repentista Antônio Marinho (1887-1940), que elaborou uma sextilha fazendo uma análise brilhante da relação entre o homem e o tempo:

Há entre o homem e o tempo
Contradições bem fatais:
O tempo traz e não leva
O homem leva e não traz
O tempo faz e não diz
O homem diz e não faz.

11 pensou em “REFLEXÃO SOBRE O TEMPO

  1. O artigo sobre o tempo está bem explicado, entretanto fica sempre uma dúvida sobre a melhor maneira de utililizá-lo. Parabéns pelos versos do do repentista Antônio Marinho (1887-1940), que é uma das sextilhas mais interessante que conheço.
    Envio uma frase de Dalai Lama muito sábia: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.”

  2. Vitorino,

    Agradeço ao seu ótimo comentário. A poesia do repente é rica de sabedoria, criatividade e beleza. Aproveito esse espaço democrático do Jornal da Besta Fubana para contar uma história do genial repentista de São São José do Egito.O pioneiro Antonio Marinho 1887 – 1940) não registrava seus versos. Ficaram na memória do povo. Um colega de viola conta que ele também era ligeiro nas respostas. Uma vez, de volta a São José depois de viajar, um amigo pergunta na cantoria como fora a andança. Antônio responde: “Eu só fui a Espinharas/ Porque a precisão obriga/ Mas fui com muita saudade/ Daquela nossa cantiga /Minha saudade era tanta…” Neste instante, Marinho foi obrigado a parar para tossir. Depois concluiu: “…Que a tosse não quer que eu diga.”

    Saudações fraternas,

    Aristeu

  3. A sua crônica lembrou-me o poema de Mário Quintana conhecido popularmente como “O Tempo”, entretanto tem como título original “Seiscentos e Sessenta e Seis”. Envio como uma homenagem ao grande poeta gaúcho.]

    SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

    A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

    Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
    Quando se vê, já é 6ª-feira…
    Quando se vê, passaram 60 anos!
    Agora, é tarde demais para ser reprovado…
    E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
    eu nem olhava o relógio
    seguia sempre em frente…

    E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

    • Neide,

      Grato po seu admirável comentário. Gostei demais da conta da sua homenagem ao grande poeta gaúcho Mário Quintana. Tenho uma admração pelo poder de síntese, pela objetividade e simplicidade do poeta, tradutor e jornalista Mário Quintana. Gentileza gera gentileza, então, compartilho um poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) com a prezada amgia;

      AUSÊNCIA

      Por muito tempo achei que a ausência é falta.
      E lastimava, ignorante, a falta.
      Hoje não a lastimo.
      Não há falta na ausência.
      A ausência é um estar em mim.
      E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
      que rio e danço e invento exclamações alegres,
      porque a ausência, essa ausência assimilada,
      ninguém a rouba mais de mim.

      Saudações fraternas,

      Aristeu

  4. Prezado Aristeu,
    Parabéns pela tua complexa cronica.
    Falar da atividade CEREBRAL daria uma belo e inteligente seminário.Assunto infindável.
    deixo minha simples contribuição nesta segunda-feira, onde parece que ate nosso cérebro está proibido de funcionar.

    MEMÓRIA: É um processo complexo que nos permite codificar, armazenar e recuperar informações. Se o sistema de atenção não funciona corretamente, não seremos tão eficientes na realização dessas ações. Se não prestamos atenção a alguma coisa, não podemos codificar, armazenar ou recuperar essas informações.
    A atenção é um processo mental complexo que não pode ser reduzido apenas a uma simples definição, uma estrutura anatômica concreta, e não pode ser avaliada com um único teste porque abrange vários processos. Para simplificar, podemos dizer que a atenção é a função cognitiva ou cerebral que usamos para selecionar os estímulos que chegam simultaneamente ao cérebro, tanto externos (cheiros, sons, imagens…) quanto internos (pensamentos, emoções…), úteis para realizar uma atividade mental ou motora. Na realidade, é um conjunto completo de processos que varia em dificuldade e nos permite realizar adequadamente o resto das funções cognitivas.
    Grata.Abraços Fraterno.
    Carmen.

    • Carmen,

      É sempre uma alegria receber seu cuidadoso comentário. Concordo que o assunto abordado é complexo. Tiver oportunidade de ler um poem de autoria desconhecida e para compensar a aridez do assunto compartilho com a prezada amiga:

      Compreendi que para ser feliz basta querer…
      Aprendi que o tempo cura,
      Que a mágoa passa,
      Que a decepção não mata,
      Que o hoje é reflexo de ontem…
      Compreendi que podemos chorar sem derramar lágrimas,
      Que os verdadeiros amigos permanecem,
      Que a dor fortalece,
      Que vencer engrandece…
      Aprendi que sonhar não é fantasiar,
      Que a beleza não está no que vemos e sim no que sentimos,
      Que o valor está na conquista…
      Compreendi que as palavras têm força,
      Que fazer é melhor do que falar,
      Que o olhar não mente,
      Que viver é aprender com os erros…
      Aprendi que tudo depende da vontade…
      Que o melhor é ser nós mesmos…
      Que o segredo da vida é VIVER!

      Saudações fraternas,

      Aristeu

        • Roberto Cardoso,

          Muito obrigado pelo gentil comentário. Procuro sempre pesquisar um assunto e finalizar e, quando possível, finalizo com um poema, uma sextilha, uma septilha ou um decasssílabo. Retribuo sua atenção compartilhando um poema de Vinícius de Moraes (1913-1980):

          Poética

          De manhã escureço
          De dia tardo
          De tarde anoiteço
          De noite ardo.

          A oeste a morte
          Contra quem vivo
          Do sul cativo
          O este é meu norte.

          Outros que contem
          Passo por passo:
          Eu morro ontem

          Nasço amanhã
          Ando onde há espaço:
          – Meu tempo é quando.

          Saudações fraternas,

          Aristeu

  5. Parabéns pelo excelente texto, prezado Aristeu!
    O tempo é inexorável e ninguém pode evitar que ele “corra”. Como diz Alceu Valença, na sua inteligente composição, “Embolada do Tempo”:

    “Você quer parar o tempo
    E o tempo não tem parada
    Você quer parar o tempo
    O tempo não tem parada

    Eu marco o tempo
    Na base da embolada
    Da rima bem ritmada
    Do pandeiro e do ganzá

    O tempo em si
    Não tem fim
    Não tem começo
    Mesmo pensado ao avesso
    Não se pode mensurar

    Buraco negro
    A existência do nada
    Noves fora, nada, nada
    Por isso nos causa medo

    Tempo é segredo
    Senhor de rugas e marcas
    E das horas abstratas
    Quando paro pra pensar

    Você quer parar o tempo
    E o tempo não tem parada
    Você quer parar o tempo
    O tempo não tem parada

    Os versos do repentista Antônio Marinho (1887-1940), fazendo uma análise da relação entre o homem e o tempo, são geniais. Vale a pena repeti-los;.

    “Há entre o homem e o tempo
    Contradições bem fatais:
    O tempo traz e não leva
    O homem leva e não traz
    O tempo faz e não diz
    O homem diz e não faz.”

    Uma ótima semana! Muita Saúde e Paz!

    Violante Pimentel Natal (RN)

  6. Violante,

    Parabéns pelo seu comentário que complementou com sabedoria, criatividade e poesia o meu artigo. Ofereço pela sua generosidade os belos versos do poema do teólogo Ricardo Gondim para preencer de harmonia a sua tarde:

    O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS

    Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

    Tenho muito mais passado do que futuro.

    Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
    As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
    Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

    Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

    Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
    Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
    Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

    Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

    As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
    Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…

    Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade…

    Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
    O essencial faz a vida valer a pena.
    E para mim, basta o essencial.

    Desejo uma semana plena de paz, saúde e alegria

    Aristeu

  7. Obrigada, poeta e pesquisador Aristeu Bezerra, pelo rico presente que me ofereceu, sob forma de um belo poema, da autoria do teólogo Ricardo Gondim , “O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS”!

    Fiquei maravilhada com a beleza e a verdade contidas nesse poema!!!

    Obrigada, e um grande abraço
    Violante

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