CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

In memoriam

Com o título de “REMINISCÊNCIA DE UMA DAMA”, foi publicada na minha coluna do Jornal da Besta Fubana, no dia 20 de agosto de 2018, essa carinhosa síntese sobre o livro de memória da mãe de Dr. José Paulo Cavalcanti Filho, que ganhei dela semanas depois de ser lançado.

Segundo o filho querido em resposta a mim, sua mãe ficou tão radiante de felicidade com o modesto comentário, que saiu mostrando-o a todas as amigas com um sorriso tão largo no rosto que lhe era perceptível o tamanho da felícia.

Senti-me honrado pelo reconhecimento da modesta resenha que escrevi às reminiscências de Dona Maria Lia e, principalmente, por ela ter achado um barato e se divertido!

* * *

REMINISCÊNCIA DE UMA DAMA

Dona Maria Lia Faria Cavalcanti – Rio de Janeiro – 28-Fev-1944

Viktor Emil Frankl-(1905-1997), famoso neuropsiquiatra austríaco, que assistiu as mais terríveis barbáries humanas em campo de concentração, em meio ao caos perguntava: O que diante do desespero humano total, onde quase não existe mais esperança, após ter perdido tudo, inclusive todos os parentes queridos mais próximos, o impedia de suicidar-se? O prazer de viver, amar, sentir a vida na sua plenitude, amenizar o sofrimento alheio por meio de ações solidárias e depois transmitir às futuras gerações para que reflitam sobre o que é a barbárie!

Lembro essa indagação de um gênio da neuropsiquiatria que quase tirou a vida em duro golpe do destino para dar razão à vida e abrir espaço para louvar um dos livros de reminiscências mais femininos que li nesses tempos de empoderamento feminino. Não é um livro sobre a revolução feminista, evolução da cirurgia plástica para retardar e tentar enganar a maturidade, deixando a mulher andrógena, mas um livro que relembra fatos pitorescos da vida de uma Dama que vive para viver, amar, ser amada pelos filhos que para ela, acredito, são uns verdadeiros Colossos de Rodes, pela honestidade e decência com que levam e vivem os sagrados preceitos do caráter humano!

Mãe de seis gênios da modéstia, da bondade, da retidão e de tudo que é mais hierático que se encontram no caráter humano, Dona Maria Lia Faria Cavalcanti, essa matriarca quiteriana que ainda se encontra tão bonita quanto a jovem da capa do livro das memórias, apesar dos noventa e dois anos de vida bem vividos, dizer que “a velhice é uma merda”, ter orgulho dos filhos, Maria Lia le Flaguais, que mora e trabalha em Paris, mas vivi viajando; Hebe Cavalcanti, doutora em matemática; Patrícia Arruda que, mesmo elegante, vive querendo emagrecer; Isis Costa Pinto, que trocou Boa Viagem por um sítio, buscando melhor qualidade de vida; José Roberto Cavalcanti, o irreverente Zeca, bom advogado, bom pai, e um dos últimos homens felizes do planeta; e o maior jurista do Brasil, principalmente como ser humano: Dr.º José Paulo Cavalcanti Filho, o filho da cara redonda mais parecido com a mãe.

Lendo Recordar é Viver, o leitor vai se deparar com a história fascinante de Dona Zulmira, filha do seu Guimarães e de Dona Cândida, mãe de Dona Maria Lia Faria Cavalcanti. Suas reminiscências e recordações da Bahia, menina-flor-de-lis, admirando o mar e a arquitetura dos prédios soteropolitanos. A deliciosa história das Casas da Banha. As ideias geniais de Dona Zulmira na sua mania obsessiva por asseio para deixar todos os móveis do lar limpos, nos trinques. Essas e outras deliciosas recordações estão no livro de memória de Dona Maria Lia, que o leitor vai se deliciar lendo-as, histórias por histórias, todas datilografadas numa OLIVETTI!!

5 pensou em “RECORDAR É VIVER

  1. Caro Cícero,

    Considero maravilho o seu texto comentando a pessoa e a obra da genitora do nosso colega, Dr. José Paulo.

    O volume de emoções boas que senti ao ler os textos são de dificílima tradução em palavras. Pelo menos para mim. A minha praia é mais a de comentar as ações do “Gabinete do Ódio” que nos avassala ultimamente.

    Assim, fiquei imensamente feliz quando você fez justiça ao tecer esses comentários. Considere-os como sendo feitos em seu nome, e de todos os que leram aquele livro e tiveram a sensibilidade para sentir o profundo valor humano nele contido, Eu inclusive!

    Grande abraço.

    • Obrigado professor Adônis Oliveira pelas palavras cativantes, respeitosamente dedicada à Grande Dama Dona Mari Lia Faria Cavalcanti.

      Seu inteligente comentário à memória dela se estende não só a mim, mas a todos os colunistas, comentaristas, poetas, chargistas, cronistas do JBF.

      Quanto aos seus textos ácidos, pertinentes, críticos ao denominado “Gabinete do Ódio”, “Centrão”, instalados exclusivamente com o fito de destruir e impedir que o governo do presidente Jair Bolsonaro trabalhe, são um alento às nossas boas intenções de sonhar um Brasil melhor, extirpando a corrupção com a matança em praça pública de todos os corruptos.

    • Dr.º José Paulo,

      Quando tomei conhecimento do encantamento de Dona Maria Lia pela página online da Folha de PE, fiquei tonto, desacreditando completamente.

      A “ficha” só caiu quando Berto noticiou no nosso JBF, foto esse lamentado pelo amigo de todos, nosso irmã, Vossa Senhoria, advogado do Recife.

      Segui os conselhos de Dona Maria Alves da Silva, minha saudosa mãe, encantada aos 84 anos conservando com os filhos deitada no sofá da sala da casa grande em Carpina-PE: “Só choram os que em vida não amaram porque sentem remorso pela perda.” Façam uma homenagem. O espírito agradece.” “O choro é deprimente.”

      Pensei nisso e me lembrei das histórias lindas que Dona Maria Lia Faria narra em “Recordar é Viver” sobre a mãe dela Dona Zulmira, que “tinha uma solução para qualquer situação familiar por mais embaraçosas que fossem.”

      Grande Dama, que gostava de RIR e VIVER!

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