XICO COM X, BIZERRA COM I

Conheci Belchior pessoalmente em 1977, em Fortaleza, no Bar do Anísio, na Praia de Iracema, onde se encontravam os músicos e poetas de Fortaleza. Belchior, admirador de Dante e de sua teológica DIVINA COMÉDIA HUMANA, era presença constante naquele ambiente onde, meio por enxerimento, meio por não ter o que fazer, eu frequentava com regular habitualidade. No dia em que o cantor foi ‘visitar outro plano’ eu escrevi em sua homenagem a letra a seguir, que, com seu costumeiro talento, minha parceira Maria Dapaz melodiou e virou canção na bela voz de Tonfil. Está no meu disco CHAMA INFINITA:

PROFANA COMÉDIA DESUMANA

Houve um tempo em que havia lua
e as estrelas ouviam serenatas.
Era quando a minha boca doida e nua
passeava por todas as calçadas,
quando vez em quando se escutava,
além de tiros, uma ou outra canção
e a pureza ria e se deleitava
bem distante do inferno da solidão.

Hoje desacordei com a noite escura,
o canto alucinado não existe mais.
É só uma foto num caderno de cultura,
purgatório numa banca de jornais.
Mas a vida segue e a canção insiste
feito avião brabo lá no céu sem rédea,
fazendo um paraíso cada vez mais triste,
a mais profana e desumana comédia.
Medo, medo, medo …

* * *

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