RODRIGO CONSTANTINO

Quase escrevi esse texto ontem mesmo, no domingo de Páscoa. Mas achei melhor não fazê-lo. Primeiro, pois era meu último dia de umas férias curtinhas. Segundo, pois era uma data muito especial para nós, ocidentais, e preferi desfruta-la ao lado da família sem dividi-la com reflexões políticas.

Mas volto do breve descanso mental com esse tema na largada. Justamente nesse dia tão especial para a nossa cultura ocidental com base nos valores judaico-cristãos, o Google, uma das maiores Big Techs, que sempre faz homenagem a todo tipo de coisa, achou adequado deixar a Páscoa passar em branco. Nenhuma referência, nada, nadinha! Era essa a cara do site de busca mais famoso do planeta ontem:

Em outros anos, o Google ao menos chegou a colocar um coelho, as duas letras “o” viraram ovinhos de Páscoa, houve uma singela menção. O site faz fanfarra quando é o dia de algum feriado ligado às minorias, na festa sagrada islâmica, o Ramadam, o Google fez uma enorme homenagem, mas nada que pudesse sugerir algum elo com Cristo se viu nesse domingo. Por quê? Qual o motivo disso?

Vejo duas possíveis explicações, e o simbolismo é grave em ambas. Em primeiro lugar, a alta direção da empresa não vê necessidade de tecer homenagens aos cristãos, pois esses seriam associados à maioria, até mesmo ao “patriarcado dominante do homem branco cristão”. Sob forte influência do politicamente correto, a empresa acredita que só precisa prestar homenagens às ditas minorias, imbuída da mentalidade marxista de oprimidos e opressores. É medo de “ofender” aqueles que se sentem diminuídos perante a maioria.

É análogo ao que já li como justificativa para quem defende que piadas só podem ridicularizar a “maioria”, jamais as minorias. Piada de gay, mulher ou negro? Nem pensar! Piada de cristão sendo retratado como um pária? Isso tudo bem. Piada de judeu? Bem, essa pode, mesmo judeu sendo uma clara minoria, pois se trata de uma minoria que nunca merece proteção ou mesmo respeito. E assim caminha a insanidade, digo, a humanidade.

A segunda possibilidade é ainda mais grave: os responsáveis pelas decisões empresariais desprezam mesmo os valores cristãos, julgam-se “iluminados” e “ungidos” que precisam combater esse legado “nefasto” do cristianismo. Nesse cenário, a Páscoa, não sendo somente algo sobre ovos de chocolate e coelhinhos simpáticos para crianças, deve ser atacada pelo símbolo que representa, a ressurreição de Cristo, a renovação da esperança cristã, a promessa da vida eterna.

Tudo isso é tido como “deprimente”, “bobagem” ou “superstição” pelos “progressistas”. Na guerra cultural em curso, detonar tudo que remeta ao cristianismo é missão clara da esquerda secular, obcecada com seus valores anticristãos. Daí, então, o silêncio do Google na Páscoa, sendo que o site adora prestar homenagens ao Islã. Se depender de empresas assim, quanto tempo o Ocidente aguenta até que as mulheres sejam forçadas a usar a burca?

PS: Como fiz uma singela postagem sobre o assunto no meu Twitter, deixando o texto para hoje, recebi um tipo de ataque muito comum de “libertário” boboca, alegando que sou autoritário pois não respeito a decisão particular das empresas. Em primeiro lugar, é preciso estar bem alienado para tratar as Big Techs como quaisquer empresas privadas, ignorando que são plataformas supostamente neutras que se transformaram nas praças públicas da era moderna. No caso do Google, usado para pesquisas pela imensa maioria, o poder de influência e manipulação é assustador e pode desvirtuar democracias inteiras e maduras. Em segundo lugar, escapa-me a compreensão de por que seria antiliberal alguém usar o seu espaço privado para tecer críticas ao que faz uma empresa, expondo seu viés. Liberal precisa se abster de julgamentos desde quando?

Um comentário em “POR QUE O GOOGLE IGNOROU A PÁSCOA?

  1. Perfeito o Constantino. Se a empresa é particular e faz de sua página inicial o que quiser, nós, como consumidores desta empresa exercemos o direito de criticá-la por ignorar a principal data cristã, religião da maioria dos usuários da plataforma.

    Diriam uns liberais gramscianos:

    “- Aihn, mas v. também tem o direito de mudar de plataforma se não gosta.”

    Sim, gostamos de exercer o direito de mudar de plataforma e criticar a antiga.

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