A saudade é como um prego
Fincado em madeira dura
Com a ponta virada atrás
Dificultando a soltura
Quanto mais enferrujado
Mais na madeira é colado
E com ela se mistura.
Pois, quando a saudade fura
O coração de um sujeito
Sentimento martelado
Com a ponta atrás do peito
É como um prego virado
Que enferrujou no passado…
Tirá-la não tem mais jeito.
Ponta virada
Torrente de pleonasmo: Novamente, vou repetir de novo, outra vez, chovendo no molhado.
O que se levaria horas pra se explicar oralmente ou páginas pra poder descrever, o poeta vem e, com um toque de mágica genialidade e sensibilidade, conta tudo em curtas linhas rimadas.
A danada da saudade é uma incógnita (não aos poetas). Tem até data comemorativa no calendário -30 de janeiro/dia da saudade – . Por conta deste sutil substantivo abstrato, criou-se até o mito de que tal expressão só existe na língua portuguesa.
Parabéns pelo divino dom.
Arretado é esse seu comendo, Marcos André.
Jesus, as saudades que tenho foram fincadas com aqueles pregos da cruz, entortada com a luz na refração.
Ige!