O Brasil entrou em recessão técnica, quando há retração econômica por dois trimestres seguidos. O PIB, divulgado pelo IBGE, recuou 0,1% no terceiro trimestre. Com quebra de safra em várias culturas importantes devido a problemas hídricos, com a maior seca em um século, a produção agropecuária despencou 8% entre julho e setembro, na comparação com o segundo trimestre, e ajudou a deixar o PIB brasileiro no terreno negativo. Se esse importante setor tivesse ficado estagnado, o PIB teria crescido 0,1%.
O secretário de Política Econômica Adolfo Sachsida aponta para a melhor qualidade do PIB, a despeito da suave queda. Ele lembra que o crédito, que era metade direcionado no passado recente, já é quase 60% livre hoje. Ou seja, houve um ganho de sete pontos percentuais na alocação de investimentos pelo mercado, em contrapartida ao governo escolhendo os “campeões nacionais” como na era petista. E isso significa melhor alocação dos recursos, para áreas mais produtivas.
Além disso, o governo segue com o compromisso de tornar a economia brasileira mais competitiva e de mercado, apresentando reformas de marcos regulatórios, privatizações e redução de burocracia. Não há uma “bala de prata” que possa fazer algum milagre, mas sim um trabalho contínuo dedicado a essa importante missão de melhorar o ambiente institucional pensando em atrair mais investimentos privados, além da consolidação fiscal. O resultado é fraco, mas é preciso levar em conta as circunstâncias bastante atípicas e essa melhora na qualidade dos números.
Por outro lado, Sergio Moro concedeu uma entrevista para a Jovem Pan de Curitiba, sob o comando de Marc Souza. O ex-juiz se posicionou mais firmemente sobre temas importantes, e dos quais ele pouco falara até aqui. Reforçou que o projeto em construção é mesmo para disputar a Presidência, defendeu o livre mercado e considerou até a privatização da Petrobras, reclamou de ser chamado de “terceira via”, condenou o aborto, disse defender o direito de posse de arma com os quesitos de treinamento e psicológico atendidos, e insistiu na importância da prisão em segunda instância para combater a corrupção.
Moro voltou a acusar Bolsonaro de ter faltado com sua palavra no fortalecimento das instituições, e que passou a sabotar o que o então ministro fazia à frente do ministério. A denúncia é requentada e carece de comprovação, já que é prerrogativa do presidente indicar o diretor-geral da Polícia Federal, e que não pode se configurar ingerência indevida o simples ato de exercer esse direito. Bolsonaro pode muito bem ter achado que sua família era perseguida de forma injusta, com mecanismos como a “pescaria” – escolha do alvo e busca frenética de provas ou indícios – e que Moro fazia corpo mole quanto a isso. É a palavra de um contra a do outro, sem qualquer prova concreta de qualquer lado.
Mas o fato é que Moro deu uma guinada mais à direita em seu discurso político, talvez percebendo o estrago da associação de sua imagem a esquerdistas. Resta saber se será para valer esse discurso mais conservador em costumes, uma vez que Moro tem se aproximado de tucanos e “liberais” que claramente se mostram “progressistas” nessas áreas.
Por fim, André Mendonça será o próximo ministro do STF. A sabatina na CCJ do Senado foi politizada ao extremo, com direito a gafes bizarras, como a relatora que disse que a cada mulher morta, duas são negras, e o senador Contarato, que acha que “mea culpa” é uma culpa pela metade. Mas pior do que esses deslizes foi mesmo o conteúdo: poucos ali focaram no que realmente interessa a um indicado para o Supremo, além do notório saber jurídico e da reputação ilibada: o compromisso com a missão de guardião da Constituição.
O próprio senador Contarato fez um discurso temerário de que cabe ao ministro “empurrar a história” contra a maioria ou mesmo a Constituição, se for para trazer “progresso”, como na decisão que permitiu a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O perigo dessa mentalidade ativista é que cria uma “terra sem lei”, de puro arbítrio, em que uma minoria organizada e barulhenta consegue impor sua visão estreita de mundo aos demais. Para quem tanto fala em Estado de Direito e império das leis, esse tipo de mentalidade é o oposto.
Coube a alguns senadores, como Marcos Rogério e Eduardo Girão, condenar o ativismo supremo e lembrar que os poderes são independentes e harmônicos, com a grande função do STF sendo proteger a Constituição, não criar leis alegando vácuo legislativo. Já Omar Aziz, o presidente da CPI mais circense da história do Senado, afirmou que o STF está abaixo de Deus apenas, e acima dos demais poderes, inventando uma hierarquia inexistente em nosso modelo político. O pior é que alguns ministros supremos devem ter ficado ofendidos: como assim, abaixo de Deus?!
Mendonça foi sereno e objetivo nas respostas, soube navegar bem no terreno pantanoso da política para garantir sua aprovação. Agora espera-se que leve mais constitucionalismo ao Supremo, tomado por militantes “progressistas” que não titubeiam na hora de rasgar a Constituição para impor suas preferências ou proteger seus companheiros corruptos.
A grande realidade é que essa sabatina é uma grande farsa.
Na verdade, como mostram algumas das manifestações dos examinadores divulgadas, faltam-lhes condições educativo-culturais para participar de um evento dessa natureza, bem como lhes faltam as condições de honorabilidade que lhes permitam dizer se alguém tem conduta ilibada.
A verdade é que engoliram uma ameaça ao seus procedimentos e não causará espanto algum as muitas tentativas que, com o acumpliciamento dos “mau-caráter” que ainda pululam nesse dito supremo, buscarão caminhos e formas para se protegerem das consequências que podem advir das mudanças de visão do País, embora essas não se espere que essas ocorram com a presteza adequada, para nos livrar dessa récua de “maledetos”.
Temos de tomar consciência de que podemos apressar um pouco a lavagem, com o voto consciente a que temos direito.
Acho que Constantino está arregando. Alguma coisa na Bolsolândia já não encanta o mercenário como encantava antes. Parece que ele está querendo colocar um pé no barco de Moro. Colocar seus serviços a mando de outro patrão.
C. Eduardo, v. não entendeu o que Constantino escreveu. Melhor ler de novo e pedir para alguém que tenha uma melhor compreensão de texto para lhe explicar.
Mais uma vez você está correto, alguém não está entendendo nada.
Pô, Cadu, v. não fez o que lhe recomendei? A doença não deixa? Quer dizer que Moro dará uma recompensa em dinheiro ao Consta maior que JB?
Acho que v. subestima a capacidade do Moro. Seria porque todos os banqueiros estão a favor dele?
É dura a vida de jornalista com pauta pré-definida.
Primeiro, tem que explicar que o PIB negativo é “de melhor qualidade”. Lembra aquele médico que dava os boletins do Tancredo Neves – segundo ele, Tancredo estava com ótima saúde e recuperação perfeita, só que morreu.
Depois, tenta repetir pela n-ésima vez a estorinha do “é prerrogativa do presidente indicar o diretor-geral da Polícia Federal”. Sim, assim como é prerrogativa do ministro pedir demissão quando não concorda com isso. Como já opinei na época, o assunto estaria encerrado se Bolsonaro, na época, tivesse explicado porque era tão necessário substituir o diretor da PF, quebrando a promessa feita ao ministro. Como isso nunca foi explicado, fica a impressão de que havia algo a esconder.
Marcelo é outro que eu acho que está com dificuldade de compreensão de texto.
“O secretário de Política Econômica Adolfo Sachsida aponta para a melhor qualidade do PIB, a despeito da suave queda” Depois o secretário explicou o porque dessa interpretação.
Pode-se concordar ou não com a teoria do secretário, neste último caso com argumentos técnicos; porém comparar o que foi dito com a situação que Tancredo Neves viveu em seus últimos dias é vigarice intelectual e canalhice.