Estou achando muito estranha essa notícia de que pode faltar diesel no Brasil. Porque a notícia tem um condicionante: se houver preço de mercado, aí não vai faltar diesel. Quer dizer, nós vamos ter que pagar mais para não faltar. Na realidade não está faltando e nem vai faltar. Não há escassez do diesel; ele está disponível. Agora só estará disponível se aumentar de preço. É estranho!
Parece ser um movimento contra o que o presidente Jair Bolsonaro, que vem reclamando que está muito caro o diesel, que a Petrobras está ganhando um lucro excessivo, acima das maiores petroleiras do mundo – só perde para a empresa da Arábia Saudita. Portanto, não é caso de escassez, é caso de preço.
Onde é que está essa história de que pode faltar diesel? Está num estudo feito dentro da Petrobras intitulado “Combustíveis: desafios e soluções”. Eu me pergunto: quem fez isso? Gostaria até de saber mais: qual é a cor política e ideológica de quem fez isso?
A Petrobras é uma empresa de economia mista, tem ações na bolsa. Tem que agir como empresa privada, mas o acionista majoritário é o governo federal, é o Tesouro Nacional, é a União, ou seja, o acionista majoritário é o povo brasileiro.
Essa história de que vai faltar diesel se não for praticado o preço de mercado, que sobe a cada dia, soa como uma ameaça contra o povo. Parece que é inimigo do povo. Porque se aumentar o preço do combustível, aumenta a inflação, o preço de tudo. E ainda ameaça o escoamento da safra, porque diz que será no segundo semestre, exatamente quando haverá eleição. É estranho!
Então parece que o motivo é outro. Querem provocar inflação e gerar insatisfação contra o governo, atingir o caminhoneiro – 90% dos caminhoneiros são eleitores de Bolsonaro; atingir o escoamento da safra – 90% dos eleitores do agro, no mínimo, são eleitores de Bolsonaro. Será que tem uma motivação política eleitoral nessa história?
Parece uma ingênua tentativa de impor sob ameaça um preço alto no combustível para causar inflação e insatisfação para o povo, em especial para os caminhoneiros e para o agro. Parece que está muito bem dirigido isso. É uma hipótese que deixo para vocês pensarem a respeito.
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Mudaram a biografia de Alckmin
Viram a última edição da nova biografia de Geraldo Alckmin formulada por Lula? Ele disse em entrevista na rádio Band do Rio Grande do Sul que Alckmin foi contra o impeachment de Dilma Rousseff. Mas todo mundo sabe que ele foi a favor e, inclusive, fez manifestações a respeito.
Eu fico pensando se haverá novas versões mais para frente. Dizendo, por exemplo, que, em 2006, quando disputou a presidência com Lula, Alckmin estava torcendo por Lula.
Os absurdos são tantos que a gente até admite que possa haver mais essa.
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Donos do próprio nariz
A taxa de desemprego de 10,5% no trimestre que vai de fevereiro a abril é a mais baixa desde 2015. E tem mais. No ano passado, na pandemia, surgiram 682,7 mil microempresas e 122 mil empresas de pequeno porte.
Sabem o que é isso? Gente que não quer mais saber de carteira assinada. Que aparece como desempregado, mas na verdade é dono do próprio nariz, embora correndo os riscos do mercado.
O segundo paragrafo do texto do Alexandre cassa o Lula ? Ou essa mentira vai virar verdade segundo as empresas de checagem ?
“O Brasil não tem capacidade de refino para atender nosso mercado de combustíveis, logo é necessário importar e se a Petrobras praticar preços inferiores aos de importação ninguém vai importá-los e haverá desabastecimento”
Segundo Coutinho, “a Petrobras não adotou o PPI desde sua criação, em 1953, até outubro de 2016 e não houve desabastecimento”. Assim, o engenheiro explica que se o PPI não houvesse sido adotado por Temer, os caminhos que a empresa teria seguido seriam diferentes, adequando seu parque de refino à quantidade de combustíveis, como sempre fez.
Para tanto, o engenheiro mostra dados sobre o refino dos dois principais combustíveis produzidos pela estatal. Cotinho afirma que em 2014 foi produzida gasolina equivalente a 248,8 milhões de barris e que em 2021 o mercado brasileiro de gasolina foi de 247,2 milhões de barris. A partir dos dados, o engenheiro conclui que já há capacidade instalada para o refino do combustível no Brasil.
O caso do diesel é parecido, mas não idêntico. O engenheiro apurou que em 2014 foram produzidos 312,4 milhões de barris de diesel no Brasil e em 2021 o mercado brasileiro de diesel de origem fóssil – descontada a fração de Biodiesel – foi de 343,4 milhões de barris.
Essa diferença contudo, pode ser superada pela entrada em funconamento de dois trens da RNEST (refinaria de Pernambuco), o primeiro que ocorreu em dezembro de 2014 e o segundo que pode ser concluído em curto prazo se a Petrobras assim determinar e que dobra a capacidade de refino do diesel.
A análise é de Felipe Coutinho, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET).
O Felipe Coutinho só não disse que quando a Petrobrás não seguia os preços internacionais acumulou uma dívida de 500 bilhões.
O Alexandre parece muito ingênuo em economia; diz “Na realidade não está faltando e nem vai faltar. Agora só estará disponível se aumentar de preço. É estranho!”
Não é nada estranho, Alexandre. Tudo no mundo está disponível para quem pagar, cada coisa com seu preço, desde que exista livre mercado. Agora, quando políticos acham que podem revogar a lei da oferta e demanda, aí pode faltar.
Existe uma guerra no mundo, então a oferta diminuiu e a demanda aumentou (todo mundo quer fazer estoque para se prevenir). Como não somos auto-suficientes em diesel, precisamos importar. Se quem importa pagar o preço do mercado, haverá diesel para comprar. Mas se quem importa quiser fazer populismo, aí pode ficar de mãos vazias.