Para os que estarão distanciados das folias momescas como nós, Sissa e eu,, apenas assistindo pela televisão os remelexos de bundas e seios, exibições de máscaras e estandartes, recomendaria deixar de lado seus azedumes e enfados, lendo aforismas elaborados por um gênio chamado Friedrich Nietsche (1844-1900), um enfezado bigodudo que foi por muitos amado e por milhares odiado. E que teve a coragem de dizer: “O aforisma, a sentença, nos quais pela primeira vez sou mestre entre os alemães, são formas de eternidade: a minha ambição é dizer em dez frases o que outro qualquer diz num livro, o que outro qualquer não diz nem num livro inteiro.”
Os aforismas de Nietzsche são de aplicação universal, para gregos e troianos pensantes, incluindo os carrancudos que de nada riem, merecendo dele um aforismo famoso, verdadeiro chute culhonístico ouro de lei: “O macaco é um animal demasiadamente simpático para que o homem descenda dele.”
Para os não foliões que se portam sempre rangendo os dentes, criticando todo mundo que brinca para valer, reservei alguns aforismos do notável alemão, procurando alertá-los para amanhãs mais existencialmente felizes, sem os azedumes que impedem intestinos e bexigas de se manifestarem com prazer e alegria, sem barulho e catinga. Eis os ditos escolhidos para os que são só aparentemente serenos:
“Não sejamos covardes para com nossas ações! Não as enjeitemos depois de cometidas! O remorso de consciência é indecoroso.”
“Um único homem sem alegria basta para criar numa casa inteira um mau humor contínuo e para a envolver numa nuvem escura; e é um milagre se este homem não está presente! É preciso muito para que a felicidade seja doença tão contagiosa.”
“A mais pérfida maneira de prejudicar uma causa é defendê-la intencionalmente com más intenções.”
“Falar muito sobre si mesmo pode ser um modo de se esconder.”
“O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo.”
Aos brincantes do Reinado de Momo, a percepção de que tudo passará na quarta-feira de cinza, exceto para os biscoitados que se imaginam foliões eternos, mal passando de penicos cheios, travestidos de ilusões e lero-leros.
Que os foliões pensantes levem sempre em conta que, durante o reinado da folia, grandes amores e novas conquistas envolvem riscos imensos, iludindo os que se imaginavam irresistíveis, mal passando de simples molambos mentais prenhes de ilusões, abrindo sempre os braços para quem nenhum valor possui, desconhecendo que uma atmosfera de amor verdadeiro é fundamental para a vida terrestre, com sonhos lúcidos e bravuras empreendedoras.
E que os brasileiros de todos os quadrantes, findas as euforias momescas, percebam a chegada de novos tempos, sem vitimismos, coitadismos, populismos e outros malandrismos que iludem e descidadanizam, favorecendo apenas espertos seguidores de ramagens nada éticas.
Até o domingo após a quarta-feira de cinza, quando estaremos por aqui de novo, sem rebolagens nem malícias, apenas com a sensação de gostar mais do JBF cada vez mais nordestinamente, um brasileiro metamorfose ambulante, sem BBB – Bordeis Boçais Banais, que engabelam ilusórios amanhãs para ingênuos e abestados.