Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em Riacho do Sangue, atual Solonópole, CE, em 29/8/1831. Médico, escritor, jornalista, militar, político, filantropo e expoente da Doutrina Espírita, conhecido como “o médico dos pobres” e “Kardec brasileiro”. Divide com Chico Xavier a condição de espírita mais conhecido e venerado do Brasil.
Descendente de uma antiga família cigana, posteriormente ligada à politica e ao exército, filho do tenente-coronel da Guarda Nacional Antônio Bezerra de Menezes e Fabiana de Jesus Maria Bezerra. Concluiu a educação elementar em 10 meses; aos 11 anos aprendeu latim; aos 13 substituía o professor no ensino dessa língua; aos 15 mudou-se para Fortaleza e concluiu o curso secundário no Liceu do Ceará. Aos 20 anos, com o falecimento do pai, mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou na Faculdade de Medicina. Para prover os estudos dava aulas particulares de filosofia e matemática. Aos 25 graduou-se médico com a tese “Diagnóstico do Cancro” e foi trabalhar como assistente de seu professor no Corpo de Saúde do Exército Brasileiro.
Aos 26 anos ingressou na Academia Imperial de Medicina e logo candidatou-se ao cargo de professor-assistente de cirurgia na Faculdade de Medicina. No mesmo ano foi empossado como Cirurgião-Tenente do Corpo de Saúde do Exército. Aos 27 anos, bem estabelecido, casou-se com Maria Cândida de Lacerda e tiveram 2 filhos. Aos 32 deu-se uma tragédia: sua esposa veio a falecer de mal súbito, deixando-lhe um filho de 3 anos e outro de 1. Por essa época exercia, além da medicina, o cargo de redator dos “Anais Brasilienses de Medicina” da Academia Imperial de Medicina. A irmã –Cândida Augusta de Lacerda- de sua falecida esposa ajudou a criar os filhos. Esta convivência resultou em casamento com a cunhada em 1865, com quem teve mais 7 filhos. No exercício profissional era um médico caridoso atendendo necessitados que não podiam pagar. Assim, passou a ficar conhecido como o “medico dos pobres”. Chegou a dar seu anel de formatura à uma pobre mulher para que comprasse remédios para o filho.
Com este perfil voltado às pessoas carentes adquiriu popularidade e foi indicado por amigos à Câmara Municipal. Com alguma insistência aceitou a indicação e foi eleito em 1861. Tem início a carreira politica, que se estende até 1885 acumulando mandatos de vereador e deputado provincial, exercendo a presidência da Câmara em algumas ocasiões. Como político teve iniciativas pioneiras, como regulamentação do trabalho doméstico, denuncia dos perigos da poluição e propostas de combate, um problema que já naquela época afetava a população do Rio. Batalhou pela extinção dos artigos nºs 157 e 158 do Código Pena de 1890, que proibiam “praticar o Espiritismo” e promover curas de moléstias curáveis ou incuráveis, que afetavam diretamente as atividades dos centros espíritas.
Um aspecto pouco conhecido é sua vida como empresário. Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé-Campos (1870) e empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antonio de Pádua (1872). Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel (1873) e presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristovão (1875), levando os trilhos até os bairros do Caju e da Tijuca. Vale destacar, também, sua atividade política, sem mandato, como intelectual. Participou da campanha abolicionista com a publicação do livreto A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação (1869), distribuído gratuitamente à população. Dizia-se um “liberal” e propunha imitar os ingleses com a abolição da escravidão. Na grande seca do Nordeste em 1877, publicou o ensaio Breves considerações sobre as secas do Norte. Como médico, lançou novo enfoque sobre as doenças mentais com o ensaio A loucura sob novo prisma: estudo psíquico-fisiológico. Como jornalista, foi redator dos jornais “A Reforma” e “Sentinela da Liberdade”. Como romancista publicou alguns livros de caráter espírita e traduziu as Obras Póstumas de Allan Kardec, em 1892.
Seu primeiro contato com o Espiritismo se deu por acaso. Em 1875 ganhou de presente um exemplar d’O Livro dos Espíritos de seu tradutor e amigo Dr. Joaquim Carlos Travassos. Na volta para casa na Tijuca, distante uma hora de viagem de bonde, foi se entretendo na leitura e deu-se conta que “já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava n’O Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença”. A partir daí seu envolvimento com a doutrina foi crescendo. Teve contato as “curas” espirituais pelo médium João Gonçalves do Nascimento, em 1882; passou a contribuir com artigos na revista “O Reformador”, em 1883 e pouco depois decidiu se “converter”, em grande estilo. Aos 55 anos, em 16/8/1886, deu uma palestra no salão da “Guarda Velha”, explicitando sua adesão ao Espiritismo para mais de mil pessoas.
No ano seguinte, a pedido do Centro da União Espírita do Brasil, iniciou a publicação de artigos na seção “Spiritismo – Estudos Philosóficos”, publicados aos domingos, em “O Paiz”, assinados sob o pseudônimo Max, no período 1887-1893. Por essa época, os adeptos da Doutrina Espirita estavam divididos entre os filósofos/cientistas e religiosos. Bezerra de Menezes encontrava-se entre estes últimos, mas transitava bem entre as duas correntes. Assim, foi convocado para superar a divisão e promover a união através da FEB-Federação Espírita Brasileira, em 1889. Iniciou o estudo sistemático de O Livro dos Espíritos em reuniões públicas semanais; passou a redigir o “Reformador”; doutrinar espíritos obsessores; realizou o Congresso Espírita Nacional, reunindo 34 delegações e assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil, em 1890. Nos anos seguintes, atuou como vice-presidente da FEB e enfrentou algumas divergências internas e ataques externos ao movimento. Tais divergências fizeram-no afastar-se da diretoria, por um período, sem deixar de frequentar as reuniões e sua coluna no jornal “O Paiz”.
As divergências no movimento espírita chegaram até a direção da FEB, em 1895, e ele foi convidado a reassumir a presidência para apaziguar os ânimos. Iniciou o estudo semanal d’O Evangelho segundo o Espiritismo em reuniões públicas semanais; criou a primeira livraria espírita no País e o departamento de “Assistência aos Necessitados”. Empenhou-se na institucionalização da FEB até 11/4/1900, quando sofreu um acidente vascular cerebral e veio a falecer. A primeira página do jornal “O Paíz”, dirigido por Quintino Bocaiuva, dedicou um longo necrológio ao “eminente brasileiro”. No plano espiritual continua trabalhando em obras e mensagens psicografadas através de diversos médiuns: Chico Xavier, Divaldo Franco. Francisco Assis Perioto, Yvone Pereira, Waldo Viera entre outros, contabilizando mais de 20 livros. É considerado o patrono de centenas de centros espíritas em todo o mundo.
São muitas as biografias retratando sua vida: Legado de Bezerra de Menezes (2008), de Aziz Cury; Bezerra de Menezes: o médico dos pobres (3a. ed. 1979) e o estudo realizado por Canuto Abreu, publicado pela FEESP-Federação Espírita de São Paulo: Bezerra de Menezes: subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895. Tais biografias foram úteis na transposição de sua vida para o cinema, no filme “Bezerra de Menezes: o diário de um espírito”, em 2008, dirigido por Glauber Santos Paiva Filho com Carlos Vereza no papel.
Mensagem de Bezerra de Menezes em 23/5/2020:
Belíssima escolha do homenageado para esse último domingo deste ano. Bom Ano Novo para Vc Brito.
Mestre Plínio
Boas entradas de ano novo para você e família.
Fico contente em ver que que alguém compreendeu bem a postagem deste Memorável Bezerra de Menezes, uma postagem de esperança para todos neste fim de ano
Bom dia JOSÉ DOMINGOS BRITO – gostei muito da reportagem e já publiquei no Face, eu sou cearense e conheço a cidade onde ele nasceu, eu acompanho Divaldo Pereira Franco e muitos outros espiritas e voce pode acompanha-los pela Radio Boa Nova de Guarulhos, um abraço e 2021 cheio de realizações.
Grato José Claudino
pela divulgação no seu Face e pela dica de divulgação de Bezerra de Menezes pela Radio Boa Nova.
Bom ano para você e família
O católico Sancho, que de espírita nada possui, respeita as religiões e admira os grandes brasileiros (Bezerra de Menezes – médico, escritor, jornalista, militar) que ganham “vida” nos textos de Brito e acabam imortalizados também na vasta biblioteca fubânica. Belíssima escolha do homenageado para esse último domingo deste perdido 2020.
Ótimo Ano Novo para o domingueiro Domingos. Abração, Zé Brito!!!!!!!
Grande e fiel escudeiro
Grato pelo estímulo, Abração pra você também e excelente ano novo pra todos nós.
Você pode não ter nada de espírita, mas tem muito de espírito e mais ainda de espirituoso
Excelente matéria José Domingos Brito.
Bezerra de Menezes é um brasileiro que merece todos os aplausos.
PS-Como será a REAÇÃO da GRANDE MASSA de existencialistas – materialistas da população brasileira e mundial,que repetem a exaustão a afirmação equivocada de que “a vida é uma só”,
mas por JUSTIÇA DIVINA NÃO É?
Belíssima história desse médico espírita que ajudou tanta gente.
Cabra bom!!
Queria ter um filho assim!!!
Importantíssimo texto. Uma aula de amor ao próximo e respeito
aos sentimentos religiosos de todos os cidadãos.
Nessas fulgurantes linhas acima expostas, o nosso grande biógrafo Domingos Brito nos dá uma aula de exemplo , modéstia, amor a Deus e de como
continuar a servir aos necessitados .
Aqui, o Amigo Brito dá a entender que o post vidae continua trabalhando
em ajuda aos necessitados. É verdade, o espirita kardequiano Bezerra de Menezes
continua arduamente trabalhando e dando consultas, onde haja necessitados, sem
fazer escolhas de salão ou terreiro de umbanda.
Conta-se nos meios espíritas que um dia, uma senhora precisando de auxilio médico foi consultar o médico espírita em um salão de origem kardequiano. Após
ouvir a consulente, ele receitou para ela alguns chás e mel etc..
Após receber as instruções ela disse para o médico Bezerra de Menezes :
Fico surpresa, caríssimo médico, pois no mês passado fui consultar uma
entidade num centro de terreiro de umbanda e um caboclo me receitou esse
mesmo chá e mel, eu não acreditei, porque o ambiente era um tanto modesto
demais e quis uma confirmação.
O médico Bezerra de Menezes olhou meigamente para ela e disse-lhe : Minha
cara senhora, a humildade também é uma prova de generosidade. Acredite, sei que falas a verdade, pois aquele caboclo humilde era eu. Para atender aos mais
necessitados, muitas vezes somos o brigados a vestir uma roupagem diferente e
falar um linguajar mais popular.
Não sei se os leitores do JBF já ouviram falar sobre este caso, mas
ele é muito representativo de como agem modestamente os espíritos de
muita Luz.
O amigo fechou com chave de ouro a sua coluna do ano 2020 e
já estamos com grande expectativa , ao que virá no ano de 2021.
Um grande abraço, MESTRE.
Mestre D. Matt, testemunha ocular da história, também, das religiões.
Não conhecia essa bela e comovente história sobre nosso Bezerra de Menezes.
Gratissimo pelo enriquecimento que fez na minha modesta biografia
Não podia ser melhor, Mestre. Parabéns. E bons anos.