És orgulhoso e altivo, também eu…
Nem sei bem qual de nós o será mais…
As nossas duas forças são rivais:
Se é grande o teu poder, maior é o meu…
Tão alto anda esse orgulho!… Toca o céu.
Nem eu quebro, nem tu. Somos iguais.
Cremo-nos inimigos… Como tais,
Nenhum de nós ainda se rendeu…
Ontem, quando nos vimos, frente a frente,
Fingiste bem esse ar indiferente,
E eu, desdenhosa, ri sem descorar…
Mas, que lágrimas devo àquele riso,
E quanto, quanto esforço foi preciso,
Para, na tua frente, não chorar…
Virgínia Vitorino, Alcobaça, Portugal (1895-1967)
Virgínia foi contemporânea da Florbela (nasceu no mesmo ano e viveu uns 30 anos a mais).
Quanta diferença.
Nestes versos compara orgulhos com um ser amado e odiado (duas faces da mesma moeda).
Que orgulho é esse que dá recibo do sofrimento que sente diante do inimigo que ainda não teria se rendido?
Florbela era visceral, se expunha sem disfarces. Mostrava o que sentia e escrevia sobre isso magistralmente.
Por isso, até, talvez, Virgínia viveu mais. Se preservava. Batia de frente, mas com respeito e se preservava..
Foi o que aprendi hoje com Pedro e JF. Ou será PMJF?
De qualquer forma. Valeu!