DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

Meu cordel lançado na FLIP – Feira Literária Internacional de Paraty

Lá na ilha da Gigóia
Uma figura marcante,
Certo dia apareceu.
A roupa era extravagante,
Mas o sorriso no olhar,
Chegava para encantar,
Era doce seu semblante.

Era o Velho da Lagoa!
Não assustava criança,
Era um contador de história,
Que difundia esperança.
Quando o velho aparecia
A criançada sorria
Imaginando a festança.

Sua missão nessa terra
Era com toda certeza
Repassar para os mais novos
O valor da natureza
Vivia a perambular
Sempre disposto a falar
Da nossa maior riqueza.

Ele queria plantar
A semente da mudança
Alinhavava seu sonho
Direcionado a criança
E rogava inspiração
Para entrar logo em ação
Com fé e muita esperança.

A lagoa era sua vida
Gostava de navegar
Mas hoje tão poluída
Custoso era trafegar
Com tanta poluição
Não tinha mais condição
De se dispor a pescar.

Muitas vezes matutava
Lembrando de antigamente
Pois entre o mar e a floresta
A lagoa era um presente
Era a Barra da Tijuca
Uma praia sem muvuca
Deserta, naturalmente.

Os primeiros moradores
Tinham frutas à vontade
Bastava apenas colher
E não era novidade
Caranguejos não tem mais
Foram-se os animais
A lembrança o faz sofrer

Com os olhos marejados
Conta para a meninada
Da areia branca da ilha
E da floresta habitada
Das árvores tão frondosas
Hoje lembranças saudosas
A Ilha foi transformada.

Esse contador de histórias
Recorda seus habitantes
Macaquinhos capivara
Que já não tem como antes
Tucanos, garças biguás
Jacarés e até gambás
Daqueles tempos distantes.

E comove a criançada
Quando começa a falar
Das águas que eram límpidas
Próprias para se banhar
Onde menino e menina
Sem temer a sua sina
Lá aprendiam nadar.

Velha ilha da Gigóia
Ocupa seu pensamento
Ilha que já não é mais
O que fora antigamente
Na sua lembrança aflora
A fauna e a flora d`outrora
Mexendo com sua mente.

Pois a cidade chegou
Mudando a situação
E o griô viu progredir
Somente a destruição
Já não canta sua loa
Falando bem da lagoa
Lá da sua embarcação.

Lamenta esse crescimento
Que chegou desordenado
Cada esgoto dessa ilha
Lá na lagoa é jogado
E nada será como antes
Mas com cuidados constantes
O caos será evitado.

A lagoa está doente
Com tanta poluição
Vejo o velho da lagoa
Tentando uma solução.
De maneira singular
Trabalha para engajar
As crianças nessa ação.

Entre uma conversa e outra
Com sua fala macia
Repassa para as crianças
Com muita diplomacia
A responsabilidade
De escutar sua verdade
Cheia de sabedoria.

Apesar de falar sério
Tem um sorriso no olhar
E cada palavra dita
Carrega o dom de encantar
Pois tudo que o velho diz
Deixa a galera feliz
Com vontade de escutar.

Meus meninos e meninas
Prestem bastante atenção
O mundo está se acabando
Com tanta poluição
Entretanto a esperança
Paira na mão da criança
Que tem determinação.

Não jogue lixo na rua
Mostre sua educação
Não maltrate os animais
Deles tenha compaixão
Aposte num novo plano
E respeite o ser humano
Cuide do seu ancião.

Preserve nossas florestas
Cuide do meio ambiente
Não brinque nunca com fogo
Para evitar acidente
Cuide bem da natureza
Da nossa maior riqueza
Pra que seja permanente

Saiba respeitar as águas
Para o bem de toda gente
Cuide de grota e açude
Cuide de cada vertente
De riacho e ribeirão
De tudo que molha o chão
Nada de ser negligente.

Da cachoeira a cacimba,
do olho d`água, também
Do rio, lago e lagoa
De tudo que a gente tem
Dos imensos oceanos
Para não ter desenganos
Que com o descaso vem.

Dessa lição benfazeja
Fui criança a escutar
Ouvi dos meus ancestrais
E hoje estou a repassar
Geração a geração
Desejo a repetição
Para o mundo melhorar.

Segue o Velho da Lagoa
Firme em sua embarcação
Seguindo sempre seu Norte
Cumprindo a sua missão
Na bonita trajetória
Vai tirando da memória
Histórias pra contação…

Essa história que contei
Mano Melo me contou
É a sinopse de um filme
Que de fato me encantou
Adentrei nesse universo
Contando com rima e verso
O que a mente captou.

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