JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

“Radiola antiga” era o principal móvel da sala

Faz tempo que defendo a tese proferida por muitos, que “o mundo mudou, ou está mudando” – eu continuo na mesmice, e vou defender que, o mundo não muda. As pessoas mudam, isso sim. Infelizmente, de algumas décadas para cá, começou a acontecer uma “involução”.

E, entendo eu, tudo a partir da concepção equivocada, que defende que a “escola educa”. Quem educa é a família. Eu, estudante noutro tipo de escola e educado por outro tipo de família e criação, vou continuar dizendo que, ainda que nunca tenha sido seu papel, “a escola atual deseduca”, por tentar apontar um caminho que não lhe compete.

Seria aceitável se afirmássemos que, no máximo, a escola informa e, nos dias atuais, mal e porcamente, haja vista que a genialidade paulofreiriana suscitou nas cabeças dos legisladores boquirrotos, “proibir reprovar os que não sabem nem aprenderam nada”. Leis reforçadas, diga-se de passagem, pela maioria dos que deveriam ensinar – pecadores por conveniência.

Dito isso, vamos aos exemplos factuais de que o mundo não muda, e as pessoas, sim. E que a educação não é papel da escola, mas, da família.

Brasil à fora, qualquer ser humano que jamais tenha frequentado uma escola, numa estrada ou num lugar qualquer, ao chegar ou passar por outro, “educadamente” cumprimenta-o, dizendo: “bom dia, ou boa tarde, ou, ainda, boa noite”.

Muitos que nasceram ou vivem dentro de uma escola, jamais entenderão isso. “Educação familiar”!

Fazendo amizades no cafezinho

Nasci em Pacajus, hoje parte da Região Metropolitana de Fortaleza. Ali, nos anos 50 e 60, as tardes dos sábados ou manhãs dos domingos eram animadas pelas boas músicas com letras que diziam alguma coisa.

Programas de auditórios animados por César de Alencar, ou televisivos conduzidos por J. Silvestre ou pelo casal Aerton Perlingeiro e Lolita Rodrigues, ou o simples “fazer rodar os discos de vinil” com músicas cantadas por Ângela Maria, Cauby Peixoto, Ivon Cury, Nelson Gonçalves, Dalva de Oliveira e tantos outros, acabavam por tornar nossos fins de semanas e tardes mais aprazíveis.

Era habitual aos que trabalhavam fora de casa, “arrumar um tempinho para o cafezinho”. Pessoas marcavam encontros para o café, e era quando se comentava sobre o jogo passado de futebol ou alguma notícia relevante divulgada pelos noticiosos radiofônicos.

Em Fortaleza, lembro bem, tínhamos o Café Walcan, o Cearazinho, ou, até mesmo o Café do Pedão da Bananada, no Abrigo da Praça do Ferreira.

Em Ribeirão Preto, o Café Palheta era o principal e mais frequentado “point” para o deguste dessa maravilha. Ali, famosos ou não que pretendessem, deixavam seus autógrafos numa coluna arredondada mantida estrategicamente pelos proprietários. Coisa que se repetia, também, na filial do Café Palheta de Curitiba.

Hoje, quase tudo é diferente. Não por que o “mundo mudou”. Mas, porque “as pessoas e gerações mudaram”.

Café Senadinho em Curitiba

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