MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

Todo mundo fala do preço dos combustíveis. Muitos têm prontinhos os culpados e as soluções. Mas para não correr o risco de confundir soluções simples com soluções simplistas, vamos ver ítem por ítem os fatores que influenciam os preços da gasolina e do diesel.

O petróleo

Sim, eu sei que estou me repetindo, e que já falei disso meia dúzia de vezes. Mas é um fato: não é o petróleo que está caro, é nosso dinheiro que não vale nada. Em reais, o preço do barril de petróleo nunca esteve tão alto. Mas em francos suíços, o petróleo hoje custa o mesmo que custava vinte anos atrás. A conclusão é simples: se tivéssemos uma moeda forte, não estaríamos preocupados com o preço do petróleo (e nem com muitas outras coisas).

A Petrobrás

Se houvesse concorrência na produção e principalmente no refino, haveria mais eficiência e o preço poderia ser um pouco menor, mas sabemos que isso não vai acontecer. Enquanto isso a troca do presidente da Petrobrás virou mais uma “polêmica da semana”. A questão é que não importa quem é o presidente ou se ele usa terno ou farda, só podem acontecer duas coisas com a Petrobrás: se a receita for maior que a despesa, ela tem lucro. Se for menor, ela tem prejuízo. Achar que dá para inventar outra coisa, ou que a contabilidade aceita mágicas, só acontece na cabeça de quem acredita em “vontade política”.

O melhor caminho para que a despesa não fique maior que o lucro, claro, seria tirar o poder do governo e dos políticos sobre a Petrobrás. Sem isso, não teriam sido jogados fora quatro bilhões de reais em refinarias que nunca existiram no Maranhão e no Ceará, a refinaria Abreu e Lima não teria custado dez vezes mais que o previsto, o COMPERJ não seria o buraco sem fundo que vem sendo, etc, etc, etc.

Os impostos

A metáfora do cobertor curto é perfeita para o caso dos combustíveis. Os governos querem cobrar o máximo possível de imposto sobre os combustíveis, porque é um dinheiro fácil e garantido; por outro lado, têm medo de “passar do limite” e animar os caminhoneiros para outra greve. Resultado: ficam puxando o cobertor para lá e para cá, fingindo que não sabem que se cobrir os braços vai descobrir os pés, e vice-versa. A solução, aí, não depende do petróleo: depende do governo reduzir suas despesas, o que é algo que nunca aconteceu no Brasil. A experiência mostra que países com governos menores cobram menos imposto, impostos menores aumentam a competitividade das empresas, a economia cresce e o ciclo se realimenta. O Brasil faz o contrário: cobra imposto demais, as empresas encolhem ao invés de crescer, e o governo reage tentando tirar cada vez mais dinheiro de uma economia cada vez mais fraca.

Cabe também falar de outra questão: no Brasil, a gasolina sempre subsidiou o diesel. Ou seja, dada uma certa quantia de impostos de que o governo necessita, a divisão nunca foi meio-a-meio; a gasolina sempre pagou a maior parte enquanto o diesel tinha impostos bem menores, às vezes até zerados. Sob essa alegação, o Brasil é o único país do mundo civilizado onde o cidadão comum não pode comprar um automóvel movido a diesel (que é mais eficiente, mais econômico e até mais ecológico). Esse privilégio é dado apenas ao “andar de cima”, que anda de Hilux e Range Rover à custa dos pobres que andam de Celta e de Uno. O rico, que pode usar combustível melhor, paga mais barato porque o governo tem medo dos caminhoneiros. O pobre é obrigado a usar gasolina exatamente para pagar a conta.

O Brasil já fabrica automóveis diesel, mas só para exportação. São quase 50% mais econômicos que os similares a gasolina. Se os brasileiros pudessem comprá-los, a Petrobrás iria importar mais diesel e menos gasolina, mas no balanço final importaria menos. Seria bom até para a balança comercial. Mas o tal do cobertor curto não deixa.

Os postos

Os postos de combustível são responsáveis por aproximadamente 10% do preço final dos combustíveis (variando de estado para estado e de cidade para cidade). É uma área onde volta e meia acontecem denúncias de cartel e combinação de preços. Isso acontece porque o mercado é bastante fechado: se uma pessoa comum quiser abrir um posto de gasolina, ela terá que enfrentar uma burocracia absurda de um monte de órgãos municipais, estaduais e federais. Isso tende a deixar o mercado nas mãos de pequenos grupos que têm “boas relações” com o governo, e se sentem confiantes para fazer o que querem, sem medo de concorrência.

Os biocombustíveis

O ponto menos falado talvez seja o mais importante. Gasolina e diesel fornecem duas reservas de mercado para setores privilegiados de nossa economia: o etanol e o óleo vegetal/biodiesel. A Petrobrás é obrigada a comprar estes produtos mais caros e usá-los para piorar a gasolina e o diesel, respectivamente. Por incrível que possa parecer, se um posto no Brasil vender gasolina ou diesel puros, de melhor qualidade do que aquilo que normalmente os postos vendem, o posto será fechado e o proprietário será preso por “crime contra o consumidor”. Provavelmente somos o único país no mundo onde vender produto ruim é obrigatório e vender produto bom é proibido.

Gasolina e diesel são commodities cujo preço é único no mundo todo, e o preço que a Petrobrás cobra segue esse padrão. Hoje, este preço é de aproximadamente 2,60 o litro tanto para um como para outro. Mas a Petrobrás compra biodiesel por seis reais o litro para misturar no diesel, e quanto mais biodiesel, pior o produto fica. No caso da gasolina, é exatamente a mesma coisa, só que com etanol ao invés de biodiesel, e, da mesma forma, quanto mais etanol, pior fica o resultado, porque o poder calorífico dos combustíveis vegetais é menor do que o dos destilados de petróleo.

Como sempre acontece quando se criam privilégios, as intenções anunciadas eram nobres: no caso do biodiesel, era para ajudar os pobres do nordeste que iriam plantar mamona no quintal. Claro que na prática as coisas são diferentes, e hoje mais de 90% do biodiesel vêm de grandes produtores de soja, e o preço nunca diminui, só aumenta. No caso do etanol, os beneficiados foram os usineiros de cana, que vivem de arrancar privilégios do governo desde os tempos do Brasil-colônia. Não é por acaso que em nosso congresso existe a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, que reúne nada menos que 212 deputados.

Na minha modesta opinião, a questão dos biocombustíveis seria a mais importante para tentar desatar o nó. Parando de comprar biodiesel dos produtores de soja, o diesel ficaria mais barato e renderia mais no tanque. Parando de comprar etanol dos usineiros, a gasolina ficaria mais barata e também renderia mais. Como já conhecemos o país em que vivemos, sabemos bem quais as chances de um privilégio de alguns ser eliminado em benefício de todos: zero.

20 pensou em “O PREÇO DA GASOLINA

  1. Marcelo, se há alguma coisa que concordamos sobre o assunto combustíveis é que não há soluções simples nem simplistas. Também concordamos que os impostos são muito altos. Acho que acabaram as concordâncias.

    V. coloca muitos números e comparativos, porém não indica as fontes. Será que são verdadeiros os dados, nestes tempos de fake news e de narrativas?

    Só vou dizer uma coisa, o nosso programa de biocombustíveis ou de energia renovável é referência mundial nestes tempos de sustentabilidade. Os EUA gostaram do sistema e hoje produzem mais que o BR. Nossa biomassa hoje é responsável por 10% da energia elétrica produzida.

    V. não levou em consideração o crime com postos de combustíveis, que é lucrativo. Os ganhos ilícitos nas bombas do país chegam a R$ 23 bilhões por ano, de acordo com uma estimativa feita em novembro pelo Instituto Combustível Legal (ICL), grupo fundado no ano passado para combater fraudes.

    O imposto estadual sobre o etanol, por exemplo, é de 32% no Rio de Janeiro, ante 13% (o Dória acabou de aumentar 1%) aqui São Paulo. Isso cria um incentivo para que os criminosos comprem combustíveis de unidades com impostos baixos para revendê-los em Estados com impostos mais altos para donos de postos desonestos. Se for falar em adulteração de combustíveis e bombas então

    Biodíesel e diesel têm as mesmas propriedades energéticas e até uma mistura de 13% não há prejuízos ao motor. Os preços do biodíesel e do Etanol vão diminuir muito a partir deste mês devido a safra que está começando no centro sul.

    A cadeia produtiva dos biocombustíveis gera 500 mil empregos diretos e movimenta a economia de mais de 100 cidades, todas no interior, onde o agro tem sustentado a nossa economia. Ah, não há intromissão do Estado nestas empresas. Se não misturar Etanol na gasolina teríamos que voltar a colocar chumbo na gasolina, pois esta precisa de um antidetonante na sua composição.

    Dá para ir longe no demonstrativo das vantagens da energia renovável sobre a fóssil, o que não dá é para colocar soluções simples ou simplistas baseadas em conceitos ideológicos

  2. E o aumento do ICMS que os canalhas dos governadores estão fazendo – após isenção total de impostos federais!!! – é, por motivos óbvios, esquecido e/ou escondido.

    https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/03/13/aps-iseno-de-impostos-federais-18-estados-e-df-aumentam-icms-sobre-o-diesel.ghtml

    POR QUÊ / POR QUAL MOTIVO / POR QUAL RAZÃO???

    Simples: A campanha canalha (e sem quaisquer limites!!!) de – se não puder culpá-lo – então, desacreditar os inegáveis esforços e resultados positivos do governo Bolsonaro.

    Tudo porque as GALINHAS LULOPETISTAS (E AFINS!!!) que – como toda a GALINHA – têm um micro cérebro e adoram tomar no cu, para, masoquistamente felizes, saírem, em altos brados, a cacarejar falsos elogios aos seus estupradores costumazes, capitaneados pelo fedorento cachaceiro, o LULADRÃO.

    E, como as GALINHAS LULOPETISTAS (E AFINS!!!) estão numa abstinência sexo-anal forçada, daí o histérico agir das mesmas.

    Ainda mais, porque quanto mais atacam o governo Bolsonaro, mais ele, inegavelmente, ganha aprovação e prestígio entre a população brasileira, que – graças às redes sociais – está saindo da sua letárgica ignorância e indiferença.

  3. O título deveria ser “COMO VC TEM UMA PIROCA GIGANTE DO RABO E VC ACHA QUE NEM EXISTE PQ ESTÁ INVISÍVEL”.

    Esse país… Puta que o pariu, viu…?!

    • Invisível é a palavra-chave, Nikolai.

      Um vez li um sujeito reclamando que nos EUA os preços anunciados geralmente não incluem o imposto, que é adicionado na hora da venda. Ele disse:

      “não me interessa quanto é o imposto, eu quero saber é quanto eu vou pagar. O imposto não é problema meu.”

      Na hora de comprar um carro, o brasileiro acredita que o ar-condicionado e o abs não estão embutidos no preço, eles são “de graça”. Se o vendedor cobrar o mesmo preço total, mas mostrar o preço dos opcionais separado, ele se recusa a pagar.

      E, claro, tem aquele famoso meme:
      “O governo me dá as coisas de graça”
      “Mas você paga um monte de imposto”
      “Justamente, eu pago imposto para ter as coisas de graça”

    • Existe também o problema da borra do biodiesel, um tipo de sabão fluido que entope mangueiras,filtros e bombas injetoras. Como essas ultimas são cada vez mais eletrônicas e de manutenção mais onerosa, o reflexo nos custos é considerável.

  4. João, à parte a alegria de ter um leitor fiel, eu confesso que sempre fico espantado com sua capacidade de discordar daquilo que eu não escrevi.

    Meu pitaco tem, de proposito, poucos números, porque a intenção era mostrar os fatores, não analisá-los em profundidade. Muitos números e citações cabem em artigos acadêmicos, não em uma coluna de jornal, ainda que seja um dos melhores jornais do país.

    Vou apelar, portanto, ao conceito jurídico que imputa ao acusador o ônus da prova. Seria de grande proveito tanto para mim como para os demais leitores se você indicasse os erros ou dados falsos deste ou de outros pitacos, até mesmo para que a acusação não fique parecendo argumentum ad hominem.

    Quanto aos pontos que vc citou:

    – Fraudes certamente prejudicam o consumidor, mas não vejo como possam influenciar o preço como um todo; no máximo poderiam pressionar o preço da região para baixo, trazendo prejuízos aos concorrentes honestos. Mas observe que no artigo eu comento que donos de postos geralmente são muito amigos de políticos e funcionários do governo, e isso certamente influencia no rigor da fiscalização.

    – Sobre os impostos diferentes, me parece que a questão aí é de guerra fiscal entre os estados. Mostra que nosso sistema tributário é horroroso, mas também foge à proposta do artigo.

    – Sobre a equivalência, a APROBIO informa que o poder calorífico do biodiesel é 37,27 MJ/l, 9% inferior ao diesel derivado de petróleo. As queixas sobre danos aos motores, assunto recorrente na imprensa especializada, parecem ter relação com a falta de controle de qualidade no processamento do biodiesel, o que a própria Petrobrás reconhece, mas diz não ter poderes para resolver. Do ponto de vista da ciência econômica, é bem óbvio: se o comprador é obrigado pelo governo a comprar, porque o vendedor vai se esforçar em fazer um produto bom?

    – No caso do álcool, a diferença fica na faixa de 20%, como qualquer pessoa que tenha um carro flex pode constatar. Então, em ambos os casos, reitero: pagamos mais caro para ter um combustível pior.

    – Com certeza a ciência pode fornecer muitas alternativas ao antigo chumbo tetraetila, mas deixo o assunto para os colegas mais credenciados que eu. Noto apenas que nos anos 80 o P)roalcool substituiu o chumbo por 10% de etanol, e que hoje países como Suécia, Dinamarca, Finlândia e EUA vendem gasolina com apenas 5% de etanol, com octanagem superior à da Petrobras.

    – Já aqui, o teor de álcool foi sendo aumentado, de canetada em canetada, até chegar aos atuais 27%, sempre atendendo aos interesses dos usineiros. Ou seja: o governo obriga todos os brasileiros a comprar etanol misturado com a gasolina, proíbe qualquer alternativa, e vc diz que “não há intromissão do estado nestas empresas”. Claro, os 212 deputados da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético se reunem apenas para bater papo e comentar a novela das oito.

    – Se você ler com atenção a introdução do artigo, verá que ele não se propõe a dar soluções, nem para o preço da gasolina e muito menos para o equacionamento do setor energético como um todo. A expressão “soluções simplistas”, que vc tomou como mote, é apenas isso: uma expressão.

    – Se “dá para ir longe no demonstrativo das vantagens da energia renovável sobre a fóssil”, essas vantagens não parecem incluir o preço, e é exatamente preço o tema do artigo.

    – Vc diz “A cadeia produtiva dos biocombustíveis gera 500 mil empregos diretos e movimenta a economia de mais de 100 cidades, todas no interior, onde o agro tem sustentado a NOSSA economia” (grifo meu). Na conclusão do artigo, eu falo justamente desse hábito brasileiro de criar privilégios para alguns em prejuízo de todos.

    – Ao setor da cana e ao setor do biodiesel cabe o mesmo aforismo que costuma ser dito para a Petrobrás: Se eles são eficientes, não precisam de monopólio. Se não não são, não merecem o monopólio. Em outras palavras: se o etanol é tão bom e se os usineiros de cana são eficientes e produtivos, porque precisam de reserva de mercado garantida pelo governo e de 212 deputados para “apoiá-los”?

    – Por último, sobre seu link da EPE: se estou justamente falando que o governo obriga o uso de derivados de cana no combustível, qual a novidade em dizer que a cana representa 18% da matriz energética do Brasil? Isso seria significativo se fosse obtido no livre mercado, não com mercado obrigatório. Aliás, o brasileiro só pode torcer para que o governo não resolva aumentar os 18% para 20 ou 22%: basta uma canetada da ANP, e vamos todos pagar ainda mais caro por um combustível que faz ainda menos quilômetros por litro.

    • Só para complementar: outro site concorda com o valor de 37,2 MJ/kg para o biodiesel, mas atribui ao diesel derivado do petróleo o poder calorífico de 43,0 MJ/kg, e aí a diferença seria de 15%.

      Mesmo dentro do que deveria ser tecnicamente exato, existem margens e recursos para torcer um pouquinho os números dependendo dos interesses, inclusive ideológicos.

    • Marcelo, desculpe eu desinflar um pouco seu ego, porém eu sou fiel ao JBF eu leio quase tudo que é publicado.

      Quanto à sua coluna, às vezes eu comento, porém se v. observar das últimas 10 acho que eu comentei duas, nunca ofendi e sempre apresento o que eu acredito ser verdadeiro, não sei qual o seu conceito de fidelidade, mas não se encaixa no meu.

      Tá certo que às vezes te chamo de “isentão” (socialista ma non troppo – pero no mucho), mas v. já indicou que gosta.

      V. pode se sentir incomodado com o que eu escrevo, mas não vai me pautar.

      • João, incomodado eu só fico quando escrevo e ninguém comenta, porque aí fica a sensação de não ter feito direito aquilo que me propus a fazer, que é trocar idéias. “Da discussão nasce a luz”, já disse alguém, e jamais me incomodei com comentário nenhum, seja seu ou de qualquer outra pessoa.

        Eu realmente acredito que ser isento é uma virtude, e tomo como elogio. Por exemplo, fiquei enormemente feliz com este comentário do nosso amigo em comum Sancho Pança, na minha coluna de 13/01: “Marcelo não veste as coloridas camisas ideológicas à esquerda ou à direita – Ah, se todos fossem. Iguais a você”.

        Por outro lado, se vc me chama de isentão querendo dizer “socialista ma non troppo”, aí eu acho realmente curioso. Depois de tantos pitacos sobre economia, vários deles falando explicitamente que socialismo não funciona; depois de praticamente todos meus pitacos reclamando de governos grandes demais, enquanto socialismo é basicamente o governo mandando em tudo, alguém achar que eu sou socialista, ou um pouco socialista, não faz muito sentido para mim. É como chamar a Princesa Isabel de republicana, ou acusar Martinho Lutero de ser pró-catolicismo, sei lá.

        Mas fique tranquilo, que eu não pretendo pautar ninguém, seja lá o que isso signifique, e continue lendo minha coluna por fidelidade ao JBF, dentro do seu conceito de fidelidade. Boa semana.

        • Marcelo, Sancho é um grande parceiro de JBF, que eu tenho muita estima, mas nem sempre concordamos.

          Acho que a situação política atual nos coloca diante de um tabuleiro de xadrez que no fim nos faz decidir entre dois jogadores. É o que ocorre no segundo turno das eleições. Não gosto da isenção ao decidir qual rumo tomar.

          Há alguém que diz que quando temos que nos definir o pior caminho é a indecisão.

          Você fala que todo governo é ruim, que ele quer explorar o cidadão, que busca sempre mais impostos. Porém nunca mostra a alternativa, o caminho, principalmente aqui no Brasil, qual é o político mais dentro da sua linha de pensamento.

          Neste caso eu sou mais o Goiano, que já fez uma escolha.

          Eu não estou de passagem nesta estrada e quero ajudar a construir o caminho que eu acredito.

          Bolsonaro é o cara? Já disse aqui várias vezes, não é o ideal, porém o ideal não existe. É o que temos para hoje. As alternativas todas não se mostram viáveis, pois flertam com o socialismo ou o globalismo, que buscam escravizar e acabar com a liberdade de pensamento.

          • Bolsonaro é o cara? Já disse aqui várias vezes, não é o ideal, porém o ideal não existe. É o que temos para hoje, escreve JOÃO.

            As demais opções são aquelas de 2018, acrescidas de um molusco, um apresentador de tv, um ex-juiz e o Adônis (que disse que tentará se candidatar).

            Para hoje e para 2022 também, BOLSONARO, para desespero do “B”ascaíno Goiano.

          • Marcelo, eu mesmo vim, vi e saí, porque o assunto é um pouco demais para mim. Minha colocação a respeito do petróleo é que como mercadoria está sujeito aos preços de mercado, mas, em se tratando de energia, é preferível que fique nas mãos do Estado. São as questões estratégicas que orientam isso e por um banco central, encarregado de regular o volume de dinheiro circulante e as funções de crédito na economia sob a administração do governo, idem as comunicações.
            No caso dos combustíveis e da energia em geral, sua influência negativa ou positiva na generalidade dos preços pode recomendar, eventualmente, alguma intervenção do Estado, que se pode fazer por vários meios, de modo, especialmente, a controlar a inflação.
            Como disseste, estamos presentemente com o fator da moeda fraca complicando as coisas: um litro de gasolina na França equivaleria ao preço de quase dez reais aqui, mas sabemos que a conversão pode ser ilusória, porque dez reais aqui é um absurdo para o preço do litro, ao passo que o equivalente lá, de um euro e quarenta centavos não é caro na economia deles. Pois, pagamos a metade dos dez reais pelo litro aqui e é muito caro! Mas se a Petrobras diminuir o preço na marra leva prejuízo, estaria subsidiando o combustível, pois o preço internacional aí dita a quase totalidade das regras, e esse subsídio sai de forma direta do bolso dos acionistas e de forma indireta de todos nós.
            O que quero dizer é que não chego a ver, neste momento, culpa direta do governo, inclusive sob a pressão da epidemia, no alto preço do combustível, mas possivelmente há culpa no valor do nosso dinheiro em relação ao dólar (o resto vem de enfiada).
            Vemos que a instabilidade emocional de Jair Messias Bolsonaro brinca com a estabilidade dos ativos, da bolsa, do Real.
            Conclusão:
            1) o governo é culpado por tudo. #ForaBolsonaro!
            2) muito cuidado com o que dizes, Marcelo, o patrulhamento não perdoa.

            Mas, na verdade, eu vim mesmo comentar o que disse o João Francisco: que eu já fiz a minha escolha.
            Sim, é verdade: Escolhi um candidato/presidente capitalista, que governou o País estabelecendo os chamados tempos de bonança, com todas as liberdades preservadas, nada desse papo idiota de transformar o Brasil em uma Cuba ou nova Venezuela, espantalho que a cúpula direitista criou para ganhar eleições às custas do seguimento de suas bobagens por uma legião que… desculpem… não posso chamar de outra coisa: – é gado.

            • “mas possivelmente há culpa no valor do nosso dinheiro em relação ao dólar”

              Concordo plenamente.

              “Conclusão:
              1) o governo é culpado por tudo.”

              Dado que aqui em Pindorama o governo manda em tudo, controla tudo e regula tudo, obviamente ele é responsável por tudo, a não ser para quem se esforça por não ver.

              “2) muito cuidado com o que dizes, Marcelo, o patrulhamento não perdoa.”

              O que eu tenho a dizer é bem simples. Dos quase duzentos países do mundo, há exemplos de ditadura e de democracia, há os que se dizem esquerda e os que se dizem direita, há os que são mais livres e os que são menos livres, há um pouco de tudo. Pode-se chegar a várias conclusões.

              Há uma conclusão que é difícil de negar, envolve duas características:

              – TODOS os países ricos e bem desenvolvidos têm MOEDA FORTE e praticam LIVRE COMÉRCIO com outros países.

              – TODOS os países pobres e sub-desenvolvidos têm MOEDA FRACA e o comércio com outros países é pequeno, porque é restringido pelo governo.

              Dirão que é o contrário, que a moeda forte é consequência do país ser rico. Eu reafirmo o que eu disse. O que enfraquece a moeda é a fabricação de dinheiro pelo governo, via banco central ou outro nome qualquer. Há inúmeros países que eram pobres e enriqueceram quando pararam de inflacionar a moeda; a China é um grande exemplo. Até a Argentina, quando teve moeda forte no tempo do Menem, enriqueceu, até o governo foder com tudo. Por outro lado, ninguém até hoje me mostrou um país que enriqueceu fabricando dinheiro.

              Nosso real, em 2020, foi uma das moedas que mais desvalorizou no mundo. Na América do Sul, só não foi pior que Argentina e Venezuela, que já quase nem têm moeda. Equador e Bolívia, que são mais pobres que nós, têm moeda forte e estão progredindo, enquanto nós regredimos.

              Em liberdade de comércio, já falei em um pitaco que no ranking do World Bank, entre 178 países estamos em 176º. Antepenúltimo.

              Aplicando a análise acima: se temos moeda fraca e pouco comércio, somos pobres e vamos ficar mais pobres.

              O resto é blá-blá-blá de torcida organizada de político.

          • João, vc está falando em termos político-eleitorais, e eu estou falando em termos econômicos.

            Você diz que eu não mostro alternativa. A minha alternativa é bem clara, mas eu não tenho poder para implantá-la. Resta subir num caixotinho virtual aqui no JBF e mostrar minhas idéias.

            Para usar uma metáfora: um cara chega na sua frente e diz: “Eu vou te dar uma surra todo dia. Você pode escolher entre apanhar de relho, de cinta, ou de vara de bambu”. Eu me recuso a escolher um deles. Eu pergunto “quem te deu o direito de me bater?”

            Agora sem metáfora: vc acha que o caminho é escolher o candidato melhor, ou menos pior. Eu acho que todos os candidatos existentes são iguais, e tem sido iguais ano após ano, mandato após mandato, e acho que apoiar um ou outro não vai mudar nada.

            A minha alternativa para ser menos explorado pelo governo foi fechar minha empresa e tentar viver com o que sobrou. Se pudesse, iria embora, como o Adônis. Me recuso a aceitar que a única escolha que posso fazer na vida é escolher qual político vai me explorar.

            Provavelmente muito da sua simpatia por Bolsonaro vem da chamada “pauta de costumes”. Perfeito, é um direito seu.

            Já eu, que não estou nem aí para pautas de costumes, quero um governo que não destrua a moeda. Isso para mim é o mais importante, e nisso Bolsonaro tem sido igualzinho aos outros.

            Se houvesse algum potencial candidato que se comprometesse com essa idéia, eu o apoiaria, mas não há nem vai haver tão cedo. Eu não pretendo abrir mão das minhas convicções e ficar com o menos pior, muito menos dar apoio incondicional apenas porque “o outro é pior”.

            Por último, não concordo com a falta de opções. A Suíça “flerta com o socialismo”? Se me perguntarem, é o meu modelo de país “ideal”. Quem fala “quem não concorda comigo flerta com o socialismo e o globalismo” no fundo também quer escravizar e acabar com a liberdade de pensamento. Teoria da Ferradura.

            • Marcelo, chegamos a um denominado comum.

              Quando me vejo em uma encruzilhada, faço uma escolha, se acerto ou não, assumo, se é ferradura ou tabuleiro de xadrez, o tempo dirá.

              A Suíça é um país modelo para muitos, tem impostos baixíssimos, um estado muito pouco atuante na economia, todo cidadão tem uma arma e está pronto para defender sua vida e seu país.

              Dá para comparar a Suíça com o Brasil? Tem área (41 mil km2) menos que a do RN equivalente a 0,5% da área do BR, população de 8,5 mi equivalente a do PA. É vizinha da Alemanha, Itália e França, tem 4 línguas nativas, além do inglês. É, a comparação é difícil.

              Para v., já que não há um único partido ou político que possa representar suas ideias no BR, o negócio é subir no caixote virtual do JBF e bater bumbo.

              Somos diferentes e ambos respeitamos isso.

              O que eu sinto por Bolsonaro? Não é simpatia nem admiração. Tá mais para pena, pois o cara tinha a vida ganha como um político de baixo clero, uma mulher bonita, uma filha nova para criar, salário garantido, casa na praia, os filhos homens criados e encaminhados; mas foi tentar salvar e colocar nos trilhos o país, salvando do sistema podre que sempre nos destinou ao atraso, a despeito da nossa vocação para sermos grandes.

  5. Caro Bertoluci,
    Quando você chega ao fim de uma pagina do JBF vê que tem dezenas de pessoas conectadas. De vez em quando o Berto comemora também as milhares de visitas. Mas percebo que os comentários em geral são pífios. Portanto não espere muitos.
    Parece a historia do papagaio que estava à venda em uma loja. A cliente interessada pergunta: Ele fala? e o vendedor responde: Não fala, mas presta uma atenção danada.
    Assim são os leitores do JBF.
    Gosto muito de seus pitacos.

  6. Caríssimo Marcelo,
    Diferente de João (de quem pouco discordo), concordo 99,9% com suas pesquisas numéricas a mostrar, equacionar, solucionar e dar pitacos que o governo bem poderia aproveitar.
    Assim como tu (sem interpretações maliciosas) Sancho também diz: incomodado eu só fico quando escrevo e ninguém comenta, porque aí fica a sensação de não ter feito direito aquilo que me propus a fazer, que é trocar idéias.

    Não há nada mais prazeroso do que ser COMENTARISTA neste JBF onde tantos luminares de várias áreas da atuação humana batem ponto em diferentes dias da semana.

    Sobre o Sérgio, que escreveu: Ele fala? e o vendedor responde: Não fala, mas presta uma atenção danada, INSISTO:
    São zilhões os que circulam pelos textos fubânicos e faz um bem danado ao ego, á alma, ao coração quando alguém comenta. Lembro inclusive do señor JOEL que entrou na coluna sextaferiana de Sancho (não lembro a data) para me esculhambar.

    Falem bem ou mal de nós, mas ensinem os papagaios a FALAR sem que deixem de prestar a máxima atenção.

    Concordar ou discordar do nosso cronista da terra das araucárias é um DIREITO, mas (comentante mas), deixar de comentar é um pecado.

    Isso sem dizer que temos comentaristas altamente qualificados a enriquecer os textos aqui apresentados.

    Um grande abraço sanchiano a toda essa gente fubânica. E não esqueçam que um de nossos grandes comentaristas, o Arthur Tavares (através de Caio Coppolla) deixou hoje no JBF uma grande ferramenta (utilizá-la ou não é um direito todo seu, leitor fubânico).

  7. O filme indicado pelo Goiano, ” Nas Mãos do Estado “, pode parecer atraente para alguns, porém, tem um final lamentável , triste e doloroso para todos ! Parabéns Marcelo pelo brilhantismo do seu pitaco .

  8. Paulo, só para esclarecer: “Nas Mãos do Estado” a que me refiro não se trata de regime comunista, no qual tudo está nas mãos do Estado, como talvez pretendesses sugerir que eu queria dizer, mas não queria, nem disse.
    Proponho regime capitalista com justiça social.
    E que as atividades estratégicas sejam desenvolvidas pelo Estado, seja porque o particular não dispõe de capacidade de investimento para o vulto do empreendimento, seja porque a segurança nacional o recomende, seja porque se trate de serviços que o objetivo de lucro possa afetar em prejuízo da população (será que o particular vai mesmo querer fazer esgoto para quem não pode pagar?).
    Há um campo gigantesco para a exploração pela atividade privada, da qual o Estado não deve mesmo participar, mas um BNDES público, por exemplo, é muito importante para o desenvolvimento de certas atividades com planejamento e a juros de pai para filho, sem prejudicar as atividades dos bancos privados.
    Vocês são muito assustados com a palavra Estado, como se sempre que se fala em interferência estatal se está se referindo a comunismo.
    Isso porque Jair O Messias Bolsonaro está conseguindo manter vivo o fantasma que lhes serve de espantalho para os pensamentos fantasiosos que permitem que a extrema direita prospere.

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