MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Vi aqui no JBF um exemplo do quanto a corrupção é danosa num sistema econômico. Trata-se da divulgação de um ticket de pedágio que informava a redução de 30% da tarifa devido ao Ministério Público Federal ter recuperado recursos da corrupção e investido no benefício do usuário. Deixe-me fazer um paralelo com a inflação.

Inflação é o aumento continuado do nível de preços e o efeito da inflação é a perda do poder aquisitivo da população. Se no dia primeiro de um mês você gasta R$ 100,00 para comprar uma cesta de produtos e no dia primeiro do mês subseqüente você gasta R$ 105,00 para comprar os mesmos produtos, significa que a inflação, medida pela variação dos preços, foi 5% nesse mês. Em 1967, Roberto Campos criou o mecanismo da “correção monetária” que nada mais era a devolução, à moeda, do seu poder aquisitivo. Correção monetária não é dinheiro e não é riqueza acumulada. A caderneta de poupança pagava juros de 0,5% ao mês mais a correção monetária. Então, quando a o saldo da poupança era atualizado por uma taxa de 20% ao mês, por exemplo, 19,40% era somente correção comentaria.

A inflação provoca um custo expressivo no sistema econômico e penaliza de forma mais intensa a população mais pobre porque a renda é limitada e os preços não fazem distinção entre pobres e ricos. A corrupção é igual, mas não afeta a classe rica com a mesma intensidade, pelo contrário, na maioria das vezes é essa turma o protagonista das cenas decadentes desse enredo.

A redução de uma tarifa num serviço ofertado por uma concessionária mostra a determinação de preços está além do uso da matriz de custos, ou melhor, mostra que nos custos inerentes a atividade existe uma taxa imposta para cobrir o quanto será desviado para bolsos específicos. O que mais choca é ver pessoas com discernimento, pessoas influentes nas artes, na cultura, na academia, etc. se posicionarem a favor de políticos envolvidos com corrupção. Estranho como estas pessoas não ventilam uma palavra sequer sobre isso. Enxergamos a corrupção dos outros, o defeito dos outros, e tudo mais.

O interessante é que se, hoje, você falar sobre corrupção nos governos anteriores, alguém se levanta para dizer “Bolsonaro também é corrupto”. Eu vi uma série de de fotos de Bolsonaro, no Facebook, com a legenda de que ele estava ao lado de milicianos e dizendo que Lula estava ao lado de Obama, do Papa e de não sei quem mais. Daí eu me pergunto: o que fizeram com as fotos de Lula ao lado de Sérgio Cabral, Delúbio Soares, Palocci, Vaccari, Pedro Correia, Leo Pinheiro, etc… esses caras não são bandidos também?

Que tal essa foto? Só tem gente honesta, não? Só tem gente digna de consideração e respeito, não? Renan, Temer, Eunício, Sarney, Jader, Jucá, Henrique Alves … tudo gente que merece crédito e respeito. Nenhum deles ficou rico de forma desonesta. Todos chegaram a casa dos bilhões, degrau por degrau, trabalhando arduamente em função da população.

Se a gente não criar vergonha na cara e deixar de votar em corruptos; se continuar idolatrando bandidos, a gente está fadado a ser exatamente isso: um país ilhado cercado por tubarões. Só para alertar, nem sempre os canalhas prosperam.

Por exemplo, o prefeito Jorge Luis Escandón Hernández de Las Margaritas, no estado de Chiapas, México, foi retirado à força de seu gabinete, amarrado em uma caminhonete e arrastado pelas ruas da cidade por não ter cumprido uma promessa.

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