MAGNOVALDO BEZERRA - EXCRESCÊNCIAS

Quão desesperador é alguém passar por um apuro gastrocólico fulminante?

Pois bem, imagine vossuncê o que se assucedeu com o jovem Duda, colega de meu filho Alexandre na Faculdade.

Em um belo e ensolarado domingo que se perdeu nas brumas do tempo Duda foi visitar um amigo, visita essa que lhe proporcionou um lauto almoço junto à sua família. Acontece que pouco tempo depois do generoso repasto as suas tripas deram um nó arrochado, mais arrochadamente dolorido que uma dor de dente nos bagos, e a necessidade de correr ao trono dominou inteiramente o pensamento do nosso jovem.

O único obstáculo para a solução de tão hedionda e urgente situação era o fato de que os dois banheiros do apartamento estavam ocupados.

Duda correu de um para o outro na esperança de que os ocupantes fossem advertidos pelo anjo da guarda de seu desespero intestinal, mas parece que seu anjo protetor também estava ocupado em alguma retrete no paraíso e um eventual apelo lá de cima não chegou ao apartamento aqui embaixo.

E haja desespero. Algo assim como o terrível sentimento experimentado pelo Capitão Vicente Iañez Pinzon com “a convulsão das tripas, quando traques e ventosidades estrepitosas denunciavam o momento extremo”, conforme magistralmente descrito no imperdível livro “Memorial do Mundo Novo” do brilhante e genial escritor Luiz Berto!

Quando a situação se aproximava rápida e perigosamente do desenlace aterrador um dos banheiros ficou desocupado. Duda, já no limite do desespero, se precipitou porta adentro, mal conseguiu fechá-la, arrancou a calça sem desabotoar o cinto, arrebentou o zíper da braguilha, sacou de um só golpe a cueca e, finalmente, seus intestinos expeliram todas aquelas joão-dórias e assim alcançaram o nirvana.

Foi aí que sentiu algo quente nas coxas e um cheiro nauseabundo de mercaptanas inundou todo aquele sacrossanto ambiente filosofal.

Olhando em volta, a explicação veio imediata: a tampa do vaso não havia sido levantada.

Meu filho não me contou qual foi o desfecho da visita do Duda, mas imagino cá com os meus botões que sua imagem ficou ligeiramente desgastada junto à família de seu amigo.

8 pensou em “O APURO DE UMA CÓLICA ARRETADA

  1. Meu caro amigo e colunista fubânico, fiquei ancho que só a peste com a citação que você fez do meu livro na sua coluna de hoje.

    Ganhei o dia!!!

    Vou ficar me amostrando o tempo todo.

    Gratíssimo do fundo do coração!.

    Um excelente final de semana pra você e pra todos os seus!!!!

    • Ilustre Berto: apenas expresso minha honesta opinião sobre seu livro. Quando fiquei sabendo da história do Duda a lembrança da situação do capitão Iañez Pinzon me inspirou a escrever sobre o acidente com o jovem em questão.
      Tenha um excelente final de semana.

  2. Mal começo a ler e já começo rindo com a cena. Taquipariu…..que danado estava fazendo o anjo da guarda? conversando o da família kennedy?

  3. Magnivaldo, meu caro Magnovaldo.

    Essa sua lembrança fez-me refletir sobre um ditado que minha mãe sempre dizia: só é macho nesta terra quem nunca teve dor de barriga!

    História deliciosa. apesar de escatológica.

  4. Que desgraceira em, mestre Magnovaldo?

    Conheço uma outra história em que o sujeito foi ao W.C do apartamento da família da noiva. O boato é que o cidadão, aperreado, desembuchou uns três quilos ou mais (roda de aposta foi movimentada entre os “amigos”).

    Por conta de uma obra no edifício, havia faltado agua no prédio inteiro. A descarga estava totalmente vazia. Zero água nas torneiras.
    Dias após o evento, o apelido do coitado passara a ser m*rd* de gato.

    Na movimentada roda de aposta entre os “amigos”, nas onda médias da rádio boato, pesou o rompimento do noivado dele, pouco meses depois.

      • Caro Marcos:
        Comecei meu dia rindo “às bandeiras despregadas” (lembra-se dessa expressão?) de sua história. Pois então, seu cabra, as histórias de m*rd* de gato devem dar para encher um romance.
        Tenha um bom final de semana junto aos seus.

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