DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO!

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O velho trem da saudade
Resolveu me visitar
Na bagagem a lembrança
É tanta, chega a pesar
Abro a porta do vagão
E deixo a recordação
Pelos trilhos me guiar.

Êta saudade danada
Que bateu, mas foi de mim
Menina moça levada
Batom da cor de carmim
Faceira e desaforada
Pela vida apaixonada
Como eu gostava de mim.

Nas tertúlias da cidade
Era a primeira a chegar
Pra “tirar uma fornada”
Com quem soubesse dançar
Dançava bem um brecado
Um bolero apaixonado
E sem “macaco botar.”

Short curto, minissaia
Era assim que eu me vestia
Minha mãe era moderna
E para minha alegria
Gostava de costurar
E a gente podia usar
A roupa que bem queria.

Passear de bicicleta
Era outra diversão
Cidade do interior
Ipueiras, meu sertão
Banhos de açude e de rio
Quando recordo sorrio
Fui feliz em meu rincão.

Passei por cima de tudo
Pra viver em liberdade
Desdenhei até das leis
Da nossa sociedade
Liberta da hipocrisia
E sem precisar de guia
Vivi só minha verdade.

6 pensou em “NOS TRILHOS DA MOCIDADE

  1. Parabéns pela beleza dos versos, grande poetisa Dalinha Catunda! Adorei o tema! Vez por outra recebo a visita desse trem. E a saudade matade8ira me invade…Saudade dos tempos idos e vividos…

    Grande abraço!

    • Obrigada, minha querida Violante, o trem era a vida do interior. Em Ipueiras ainda passa o trem cargueiro. Eu não me canso de falar em trem e sou apaixonada peles antigas estações. Bjs.

  2. Airton, Não sei quem é Simon, Catunda. Quanto aos açudes, Tinha o açude das Barreiras, onde meu pai tinha terras, açude do Videl, Açude do Chico Novo, no meu sitio no Ceará, é o açude do Pai Mané. Devido as secas quase toda propriedade tinha uma açude. Os açudes levavam o nome da propriedade ou dos donos dela. Nessa lista só um leva o nome do dono é o açude do Chico Novo.

  3. Versos lindos, Dalinha.

    Esse trem da saudade vaga pelos trilhos de quem bem viveu.

    A liberdade conquistada… Eita!, mulé arretada. Desde antanho, já era empoderada, toda.

    Parabéns!

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